Húlvio iniciou
suas pesquisas em 1952 e criou o CICOANI (Centro de Investigação Civil de
Objetos Aéreos Não Identificados) em 1954. Percorreu 96.000 Km em suas
pesquisas e entrevistou centenas de pessoas em dezenas de cidades.
Bernardo,
como você descobriu que o ufólogo Húlvio Aleixo era seu tio-avô?
Eu lembro
vagamente de meus pais há muito tempo, na infância comentar sobre um parente que
investigava seriamente a questão, evitando o sensacionalismo. Mais tarde eu já na
faculdade em conversa com um tio meu, o assunto ufologia veio à tona. E então ele
revelou que o meu tio avô, chamado Húlvio, passou muitos anos investigando
casos de Minas Gerais e tinha uma teoria toda diferente sobre o fenômeno.
Naquela ocasião mencionei que um documentário sobre ele seria
interessante.
A partir
desta descoberta é que teve a ideia de produzir o documentário: Investigações
de Húlvio B. Aleixo: Alto Rio das Velhas?
Sim, a partir
daí veio a ideia mas não foi algo definitivo. Até porque fazer um documentário
demanda tempo e energia, ainda mais por se tratar de outra cidade, outro estado.
Como você sabe, moro no Rio. Tempos depois em uma visita a minha avó em Belo
Horizonte resolvi ligar para o Húlvio, explicando a minha intenção de conhece-lo
melhor para um possível documentário. Fui então a casa dele e quando ele me apresentou
seu arquivo, vi que tinha algo forte. E ali decidi fazer o documentário.
Como a
Universidade Federal Fluminense recebeu o projeto do documentário?
O Departamento
de Cinema e Video da minha faculdade, responsável por receber os projetos dos
alunos, tem uma postura bastante livre. Basta apresentar o projeto e agendar a
saída de equipamentos. Pelo menos era assim na época em que estudei lá. Já quando
apresentei o projeto à minha professora de documentário lembro de seu entusiasmo.
Talvez porque fosse um tema incomum.
Conte-nos
a experiência de levar Húlvio Aleixo a São Vicente para locações da
produção?
Essa
experiência foi fundamental para a construção do filme. Hulvio tem uma ligação muito forte
com o interior. A maioria dos casos que ele investigou aconteceu ali na região. Ele
passou muitos anos viajando e conhecendo personagens. A cidade de São Vicente foi
ideia do próprio Hulvio pois era foco importante de casos e também não era uma cidade
muito distante de Belo Horizonte. Ele já estava adoentado naquela época, muito
debilitado. Mesmo assim fez questão de ir. Rever um pouco o caminho que costumava
fazer. Foi bonito da parte dele. E sem dúvida nenhuma enriquecedor para gente e
para o filme.
Qual a sua
impressão ouvindo o relato das testemunhas?
Alguns relatos
são bem convincentes como a da Maria Lucia. Sua voz embargava quando ela
relatava e seu coração acelerava. Alguma coisa realmente ela viu. Nós, da cidade grande
temos a tendência a fazer pouco das falas dos interioranos, chamados de ingênuos
muitas vezes. Mas posso dizer que são pessoas inteligentes e que não são facilmente
enganáveis. Alguns relatos impressionam também pelo detalhes.
O que achou
do caso de Santo Antonio do Pequenininho em que um contato de 3º grau ensejou uma
interpretação religiosa?
Eu achei
curioso aquela fala pois um mesmo fenômeno adquiriu diferentes
interpretações.
Mas confesso que não conheço o caso a fundo para opinar melhor.
Para você o
árduo trabalho de pesquisa feito por Húlvio Aleixo durante 5 décadas teve o devido
reconhecimento?
Não creio que
teve. Ele acumulou um acervo realmente impressionante de casos. Fitas
gravadas, e também desenhos dos objetos avistados pelas pessoas. Creio que representa um
acervo de casos ufológicos, da oralidade também, muito rico de Minas Gerais. E
desconheço se há algo similar em outro lugar do mundo. Merecia no mínimo fazer parte de
um museu e ter o nome de Hulvio registrado, sem dúvida.
Sabemos que
Húlvio era professor da PUC Minas. Como o meio acadêmico encarava suas pesquisas
ufológicas?
Não posso
opinar especificamente sobre isso pois foi uma questão que não
abordamos.
Acho até que teria sido uma boa. Mas Húlvio relatou que durante sua trajetória
muitos não o levaram a sério. Há um depoimento dele que está no extra do DVD que fala
um pouco disso. Há preconceito na sociedade e creio que a academia não devia
fugir disso.
No seu
documentário Húlvio Aleixo afirma que os pilotos dos ufos não são da terra, mas
não provém de
outros planetas. A maioria dos ufólogos discorda dessa posição. Qual sua
opinião?
Acho que é uma
teoria bastante incomum, do que conheço da ufologia. Pelo menos nunca tinha
ouvido falar antes. Eu lembro de Hulvio relatar que uma revista de ufologia
publicou sua teoria mas editou esse item que para ele era o mais importante. Coloquei na
integra esse item para fazer jus ao seu pensamento. Ele era uma pessoa muito culta.
Lia muita filosofia, teologia, como também astronomia, ciência em geral. E creio que
ele tem uma fundamentação forte disso. Para ele eram seres incorpóreos que viajavam
pelo cosmos. O mais comum é pensarmos que vem de outros planetas, já que nós
habitamos um. E também naquelas figuras clássicas dos filmes, humanoides
verdes. Mas dá o que pensar sua teoria. Infelizmente não possuo
conhecimento
para opinar mais.
Húlvio diz
no documentário que os ETs tem um exército de seres incorpóreos e
infiltrados em
nossa sociedade, se organizando para um ataque em massa. Para ele os seres seriam
hostis e a maioria dos ufólogos pensa o contrário. O que você acha?
Nesse ponto eu
tendo a concordar com Hulvio. Se pegarmos a história da humanidade que é o que a gente
tem como parâmetro, um povo quando “descobre” o outro tem a tendência a entrar
conflito, entrar em disputa querendo dominar o outro. Muito sangue foi
derramado até que
entrássemos em uma espécie de acordo. Mesmo assim até hoje isso é problemático.
Vamos imaginar
que nós chegássemos em um planeta. Veríamos seres estranhos. Não saberíamos
como lidar. Se eles vão nos atacar. Se são perigosos. Se transmitem doenças. A tendência é
primeiro observa-los. Estudá-los. E em seguida, havendo brecha, domina-los por uma questão de
segurança. No futuro esse mesmo seres se não fizermos nada podem chegar ao nosso
planeta e ser catastrófico. Então ataca-se preventivamente. Além disso naquele ambiente devem
tem recursos naturais que podem ser benéficos a terra. Acho extremamente provável que a
humanidade, capitaneada por uma NASA da vida, pense exatamente dessa forma descrita
quando descobrir um planeta habitado. Se nós somos assim por que os extra-terrestres
seriam diferentes? Considerando que eles não são piores nem melhores que a gente acho que
eles são hostis sim.
Como foi
a recepção a sua produção? Você é mineiro e tem em mente outras
produções
abordando temáticas ufológicas, como o caso varginha?
Penso que de
modo geral as pessoas que assistiram foram afetadas pela figura
singular que é
Hulvio B. Aleixo. Não é comum encontrar alguém que se dedique tão intensamente a
uma causa. Como diz Hulvio as pessoas procuram maneirar aquilo que pensa e
sente em razão da ocupação de suas vidas. E acho que isso toca sim as pessoas que
assistiram. Falando mais do alcance da produção, não foi um documentário
muito visto. Em parte pelas dificuldades naturais de um curta metragem. E
mesmo os festivais de cinema em que inscrevi o filme, em sua grande maioria, não o
selecionaram. Então a sua exibição ficou muito restrita. Sobre ser mineiro sim,
nasci em Minas. Moro no Rio desde muito cedo, mas as raízes ficam. E claro que elas
refletiram na minha escolha pelo documentário. Mas agora neste momento não
tenho em vista nenhum documentário sobre o tema. Talvez no futuro. Me interesso
por filmes de disco voadores, como os de ficção cientifica em geral. Então é
possível.
Quem quiser adquirir o DVD da produção como
deve proceder?
Podem entrar em contato mandando um email para: ber.sim@gmail.com
Agradecimentos a Bernardo Simbalista Antunes
Agradecimentos a Bernardo Simbalista Antunes
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