Um arquivo
obtido do FBI sobre Nicholas de Rochefort, um homem a quem se atribui como
sendo um organizador geral do Comitê Nacional de Investigações de Fenômenos
Aéreos (NICAP), contém um relatório o descrevendo como “um bom propagandista”. A
descrição foi atribuída ao antigo empregador de de Rochefort, Theodore
Repplier, presidente do Advertising Council. Na sinopse de 27 de novembro
de 1956 de um relatório do FBI, um agente explicou: “Emprego do sujeito com o Advertising
Council, Inc., em Washington, D.C., em 1954 e 1955, em um projeto para combater
propaganda comunista”.
O arquivo de
29 páginas do FBI contém uma série de relatórios e memorandos relativos às
investigações de de Rochefort. Seu emprego, que incluía várias agências como
ativista, consultor ou intérprete, é listado. Ele trabalhou em Georgetown e na
American University como professor de ciência política.
Russo de
nascimento, de Rochefort era um cidadão francês. Ele renunciou à sua cidadania
para se tornar um cidadão americano em 1954. De acordo com o New York Times,
ele era um especialista em guerra psicológica. Ele morreu de câncer em 1964,
com a idade de 62 anos.
Atividades empregatícias de de Rochefort, como documentado pelo FBI,
que coincidem com a formação do NICAP
O falecido ufólogo
e membro do NICAP, Richard Hall, descreveu de Rochefort como um organizador
original do NICAP, “com conexões prévias com a CIA”. Hall relatou que o NICAP
foi formalmente incorporado em 24 de outubro de 1956, que teria sido
aproximadamente um mês antes de 27 de novembro de 1956, quando o relatório do
FBI mencionado acima foi feito. Investigações do FBI e relatórios contidos no
arquivo de 29 páginas, obviamente, coincidem com a formação e a incorporação do
NICAP.
Um pedido foi
submetido ao FBI para liberação da página 9 do arquivo, que contém uma seção censurada
do que parece ser informação obtida de um informante confidencial. O pedido
continua pendente até a data de escrita desse artigo.
Uma edição de 1954 do The
Brown Bulletin fornece algumas perspectivas sobre o ativismo político de de
Rochefort. Ele e o doutor Charles W. Lowry foram tidos como os líderes de um
movimento para declarar 17 de junho como Dia da Liberdade em Berlin, New
Hampshire, que incluía planos para erguer um monumento em apoio aos alemães orientais
em sua revolta contra o comunismo. O esforço culminou em uma cerimônia lotada,
que teve de Rochefort como orador e foi acompanhada pela mídia nacional, e até
pelo governador.
“A Voz da
América transmitiu o programa, em três línguas diferentes, para as pessoas
escravizadas ao redor do mundo, dando a elas o encorajamento e o apoio no seu
esforço constante de se libertar das ‘algemas' vermelhas”, o Bulletin
relatou.
Celebração do Dia da Liberdade mostrando o local de um proposto memorial
O
representante Charles J. Kersten, de Wisconsin, registrou o Dia da Liberdade de
de Rochefort nos Arquivos do Congresso de 1954. Kersten elogiou os esforços de
de Rochefort e Lowry, e trouxe as circunstâncias à atenção da Câmara. Ele
enfatizou o impacto benéfico do Dia da Liberdade no exterior. Kersten então
declarou para o Congresso em 29 de julho de 1954:
Uma lição pode ser tirada dessa experiência.
Dois homens de poucos recursos financeiros, mas
armados com imaginação, perseverança e conhecimento de métodos e técnicas de
guerra psicológica, são capazes de planejar e conduzir uma operação dessa
natureza e em encontrar assistência e apoio da parte dos cidadãos americanos.
Projetos como esses, organizados na América,
implementados por cidadãos e grupos de cidadãos americanos, podem funcionar
melhor se preparados e iniciados pela iniciativa privada que pelo governo.
Seria, portanto, desejável criar uma organização
privada para esse mesmo propósito; os membros poderiam devotar todo seu tempo e
habilidade para elaborar ações de guerra psicológica não convencional, inspirá-las
e coordená-las. Não iria exigir milhões de dólares; somas relativamente modestas
iriam bastar.
Coincidentemente
ou não, o NICAP foi incorporado por de Rochefort e outros, 27 meses depois.
Parece uma boa hora para lembrar aos leitores o que o Painel Robertson, de 1953,
promovido pela CIA, escreveu sobre o tópico de “Grupos Investigativos Não
Oficiais”:
O Painel tomou conhecimento da existência de tais
grupos como "Investigadores Civis de Discos Voadores" (Los Angeles) e
a "Organização de Pesquisa de Fenômenos Aéreos" (Wisconsin). Se
acreditava que tais organizações deveriam ser monitoradas por causa de sua possível
grande influência no pensamento de massa se avistamentos generalizados pudessem
ocorrer. A aparente irresponsabilidade e o possível uso de tais grupos para
propósitos subversivos deveriam ser mantidos em mente.
Joseph Bryan
III e Robert A. Winston
Os leitores
podem se lembrar que Joseph Bryan III estava entre os homens da CIA que
lideraram e pertenceram ao NICAP. Bryan dirigiu uma subdivisão de guerra
política e psicológica, durante os anos 1950, antes de seu envolvimento formal
com o NICAP. A história de Bryan também incluía uma briga com o aparente amigo
de longa data e colega da CIA, Robert A. Winston. A altercação fez uma
trajetória através do Congresso e do FBI, como indicado nas páginas finais de
um arquivo sobre Bryan obtido do Departamento. O conflito envolvia, pelo menos
em parte, circunstâncias em torno da “Sala de Obscenidades” do FBI, uma
referência a um arquivo, guardado de perto pelo Departamento, contendo ações
e/ou linguagem usada por objetos de interesse e tipicamente consideradas vulgares
e ofensivas. Tenha isso em mente. Voltaremos a isso e a Winston em breve.
Joseph
Bryan III
Athan G. Theoharis escreveu um artigo em 1983, A CIA e o New York Times: Uma Questão Não Respondida. O autor explorou algumas reuniões misteriosas conduzidas em 1951 por Bryan. A primeira aconteceu entre Bryan e o chefe do escritório europeu do Times, e a segunda foi uma reunião entre Bryan e o editor do Times. O editor, Arthur Hays Sulzburger, era o tio do chefe do escritório europeu, Cyrus Sulzburger.
Curiosamente, as reuniões de Bryan com os executivos do Times
coincidiram com seu pedido, iniciado naquele mesmo inverno de 1951, para obter
acesso ao arquivo de obscenidades do FBI. Theohatis, apropriadamente, questiona as relações
entre a CIA, o Times e o FBI.
Como
exploramos em uma postagem anterior sobre Bryan, sua unidade de guerra
psicológica, o Escritório de Coordenação Política, operou e distribuiu fundos
em uma escala “gigantesca” através da Europa. Seria razoável presumir que sua
relação com o chefe do escritório europeu do Times fosse pelo menos
indiretamente relacionada a seu monitoramento sobre essas atividades europeias.
Enquanto
discutia esses eventos por e-mail com James Carrion, eu salientei, como
mencionado acima, que o arquivo do FBI sobre Bryan contém referências ao
material de “obscenidades” e o membro da CIA Robert A. Winston. Carrion então, apropriadamente,
trouxe à tona que Winston era uma figura proeminente em seu livro Anacronismo,
uma exploração dos jogos de espionagem da Guerra Fria e enganos em torno redor
dos “foguetes-fantasmas”.
Enquanto eu
não me lembrava de Winston pelo nome, eu logo descobri que eu me lembrava de
seu papel no livro. Carrion documentou como foi que Winston escreveu alguns dos
relatórios mais sensíveis sobre os chamados foguetes-fantasmas. Em 1946, ele
era diplomata na Suíça e Carrion o citou muito em seus memorandos. Pode mesmo
ser considerado intrigante que Robert Winston, quem registrou e analisou os relatórios
sobre os foguetes-fantasmas, tenha entrado nessa saga relacionada à CIA e ao
FBI – e através de Joseph Bryan, ninguém menos.
Backrack contra
a CIA
Pesquisadores,
tanto de dentro quanto de fora do campo ufológico, chamaram a atenção para de
Rochefort ao longo dos anos por sua presumida afiliação com a CIA. A Agência,
aparentemente, permaneceu de boca fechada sobre o relacionamento, como
demonstrado no agora aberto Segredo versus Revelação: Um Estudo sobre Confidencialidade
de Segurança, redigido pelo Centro de Estudos de Inteligência da CIA.
Segredo versus
Revelação faz referência à Stanley D. Backrack contra a
CIA, William Colby, uma ação judicial de 1976, da Califórnia. Backrack abriu
um processo por todas as informações nas relações de Nicholas de Rochefort com
a CIA e suas organizações predecessoras.
O juiz William
P. Gray, presidindo sobre o caso, escreveu: “Enquanto há um forte interesse
público na abertura das funções das agências do governo, há também um forte
interesse público no funcionamento efetivo de um serviço de inteligência, o que
poderia ser enormemente prejudicado por revelação irresponsável”.
Em outras
palavras da CIA? “Através das decisões dessas cortes distritais, uma série de
precedentes está emergindo, o que já otimizou muito a estatura legal de
fontes e métodos como um meio independente de proteger informações de
inteligência - pelo menos no contexto de pedidos por informações pela Lei de
Liberdade da Informação”.
Um pedido foi apresentado
à Corte Distrital dos EUA para o Distrito Central da Califórnia pelos arquivos
do caso sobre Backrack versus a CIA. A Corte me dirigiu para fazer o pedido a
um setor específico do Arquivo Nacional. O Arquivo me encaminhou para uma corte
de Los Angeles para obter mais informações que vão, espero, ajudar a
localizar os arquivos. A procura estava em andamento até a data da
publicação deste artigo (05/03/2020).
Tradução: Pamylla Oliveira
Fonte: ufotrail
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