O Departamento de Segurança Pública do Texas pôs fim em janeiro a 40 anos de uso da hipnose para investigar crimes, informou o The Dallas Morning News. O anúncio que a Divisão Texas Rangers vai interromper a prática chocante veio logo após uma série de duas partes, "The Memory Room" [A Sala das Memórias], delineando o programa de hipnose e publicado pelo jornal em abril passado. O jornal noticiou que os policiais usaram a técnica desmascarada para enviar dezenas de homens e mulheres para a prisão e alguns para a morte.
Os Rangers empregaram a hipnose na tentativa de obter evidências para investigações. Não ficou claro até que ponto ela foi usada como uma técnica de interrogatório. O programa levanta muitas preocupações devido à vulnerabilidade de alguém sob hipnose ser coagido e influenciado.
As circunstâncias lembram sombriamente a saga do Suboficial da Marinha Daniel King, conforme descrito no Relatório Hoffman. King foi detido pelo Serviço de Investigação Criminal da Marinha de 1999 a 2001 sob suspeita de espionagem. Sua detenção envolveu sessões de interrogatório brutais e o uso de hipnose. O jovem acabou sendo libertado e o caso foi foco de uma revisão de ética. Um representante da Associação Americana de Psicologia chamou as ações do hipnotizador de "eticamente muito marginais".
O uso infame da hipnose como um intensificador da memória é bem conhecido no mundo da ufologia. Apesar de a prática ter sido desacreditada de forma conclusiva por especialistas qualificados em memória, ela continua a encontrar apoio imprudente entre os defensores das abduções alienígenas.
Investigadores de OVNIs usando a hipnose como uma ferramenta de investigação podem ser rastreados até o caso de Betty e Barney Hill nos anos 60. Embora o Dr. Benjamin Simon tenha empregado a hipnose como um tratamento para o trauma com o casal, e não tenha interpretado as imagens mentais resultantes literalmente, as sessões foram mal interpretadas por outras pessoas como evidência convincente de interação com alienígenas.
Como um profissional de saúde mental nos explicou aqui no The UFO Trail: "Depois de falar diretamente com o Dr. Simon, me senti enganado pela comunidade ufológica e pela mídia. As conclusões do Dr. Simon sobre caso dos Hill foram deturpadas. Essas conclusões falsas foram amplamente propagadas em filmes, livros, etc. Fiquei muito desapontado e descartei o caso como resultado de ouvir a verdade do profissional".
O ufólogo Dr. Leo Sprinkle usou a hipnose como um meio de tentar extrair o que ele supôs serem memórias suprimidas de alienígenas. Conforme descrito por Adam Gorightly em seu novo livro, “Saucers, Spooks and Kooks”, Paul Bennewitz protegeria seu carro da influência alienígena revestindo as janelas com papel alumínio para que o veículo fosse usado como um espaço seguro para Sprinkle hipnotizar Myrna Hansen. Algumas das imagens mentais resultantes do caso de 1980 foram promovidas tão amplamente que ainda hoje são incorretamente consideradas como verdadeiras sobre abdução alienígena e as circunstâncias em torno disso. Basta dizer que as atividades de Sprinkle e Hansen não devem ser consideradas mentalmente saudáveis, muito menos eficazes ou úteis no tratamento de traumas.
As porteiras estavam abertas, e os chamados pesquisadores, como Budd Hopkins, David Jacobs e John Carpenter, confiaram quase que exclusivamente na regressão hipnótica como uma técnica investigativa. Eles faziam pouco mais do que elogios da boca para fora pelo bem-estar dos indivíduos hipnotizados. As sessões aleatórias ofereciam fontes de evidências abundantes e fáceis de fabricar que, de outra forma, seriam quase inexistentes. Muitas falhas éticas relacionadas a isso estão documentadas em meu livro “The Grays Have Been Framed” [Os Cinzas Foram Enganados]. O trabalho de Carol Rainey sobre esse assunto é notável, incluindo seu artigo, The Priests of High Strangeness [Os Sacerdotes da Alta Estranheza], bem como postagens com que ela contribuiu para The UFO Trail.
O The Dallas Morning News noticiou que a Divisão Texas Rangers realizou pelo menos 1.700 sessões de hipnose desde os anos 80. Registros públicos obtidos pelo jornal indicam que oito sessões foram conduzidas por policiais no ano passado, incluindo uma tentativa em outubro de investigar um sequestro. Três das oito sessões estavam associadas a investigações de assassinato.
Embora os Rangers tivessem o programa de hipnose mais prolífico do Texas, seu arquivamento não significa necessariamente o fim da prática problemática de aplicação da lei. Mais de 800 oficiais foram aprovados em todo o estado para implementar a hipnose desde os anos 80. A maioria dos estados proibiu ou restringiu significativamente o uso da hipnose por policiais e promotores. Texas é provavelmente o único estado com um programa de certificação ativo para oficiais aprenderem hipnose e hospeda provavelmente a única organização policial nos Estados Unidos com hipnotizadores investigativos.
Tradução: Tunguska
Fonte: http://ufotrail.blogspot.com/2021/03/police-use-hypnosis-in-texas.html
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