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quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Como Fazer um Agroglifo

 Há agroglifos feitos por humanos e há aqueles que simplesmente surgem. A diferença apenas a pesquisa séria e com bons parâmetros pode apontar. Nesse assunto não se pode acreditar, mas estudar a fundo as formações.

 


Por Gary King

 

Os desenhos nas plantações são tão belos e complexos, que parecem realmente não ter origem neste mundo, mas será que isso é sempre verdade? Quando começamos a pesquisar o assunto, fazer um círculo nunca passa por nossas cabeças, principalmente porque temos a concepção de que as pessoas não são capazes de fazer maravilhas tão geométricas. Isso era o que pensava este autor quando começou suas pesquisas e tenho certeza de que alguns de vocês ainda pensam assim, seja pela razão que for.

Há também muitas pessoas que por interesses próprios não querem que acreditemos que o ser humano tem a capacidade de criar um desenho geométrico perfeito em uma plantação, no meio da noite, sem que ninguém veja. Essas pessoas querem que acreditemos que existe magia, e que essa magia é criada por alienígenas ou por outras inteligências paranormais. “Magia para unir o mundo”, dizem. Mas o que você realmente tem que levar em consideração é que magia é um truque para enganar seus olhos, sua mente e sua carteira.

Porém, quando mergulhamos com seriedade na pesquisa de algum assunto, e realmente se quer conhecer os fatos e as agendas ocultas, então é necessário ser parte do assunto em todos os seus níveis. Assim, se queremos ser conhecidos como pesquisadores de agroglifos, precisamos explorar tudo o que está relacionado ao fenômeno. Emitir opiniões sem conhecer o assunto não faz de ninguém um pesquisador. Precisamos colocar a mão na massa antes de dizermos alguma coisa. 

 

Fazendo um agroglifo

Durante nossa própria investigação, começamos a entender, por assim dizer, que o homem poderia criar uma grande arte terrestre geométrica, especialmente após o incidente ocorrido em Eastfield, em 2010. [Na ocasião, várias pessoas viram vários homens criando uma enorme formação composta por nove grandes círculos, o que para muitos desacreditou o fenômeno]. Um dos membros da nossa equipe foi apresentado por Julian Gibsone, do site Crop Circle Connector, a alguns experientes circle makers [Fazedores de círculos] que possuíam grande experiência na criação das formações. Depois que um de nossos integrantes ajudou na criação da formação da Estrela de Chisbury, todos nós percebemos que havia muitos segredos escondidos dentro do fenômeno e que eles iam muito além daquilo que haviam nos contado.

Assim, munidos com algum conhecimento e aconselhamento prévios fornecidos por outros fabricantes de círculos, partimos procurando o campo e a localização apropriados. Havia muitos campos para escolher, e o único problema que encontramos foi o que fazer com o nosso carro. Deixá-lo fora do campo onde trabalharíamos não seria o ideal e nós rodamos por quatro horas até encontrarmos um bom lugar para estacionar. Antes de estacionarmos, havíamos deixado nosso equipamento escondido no campo escolhido.  Enquanto esperávamos a luz do dia desaparecer, repassamos nossos planos e discutimos quem iria fazer o quê. Depois tomamos um forte café preto, e começamos nossa caminhada rumo ao local escolhido, seguindo por uma trilha de trator.

Por volta das 22h30 nós chegamos ao local sem que ninguém nos visse. O céu estava muito nublado o que tornava a noite mais escura e ajudava a nos camuflar. Nós então pegamos o equipamento que havíamos escondido, composto por pranchas de madeira, estacas e bastões de ponta branca (marcadores), e seguimos em frente. Naquele momento eu realmente senti que o que estávamos fazendo era errado, mas que precisávamos fazê-lo, para nossos próprios registros de investigação. Nós também estávamos curiosos para ver se algo misterioso iria acontecer, pois nós já tínhamos visto e experimentado acontecimentos estranhos quando estivéramos com os outros fabricantes de círculos.

Nós caminhamos por bastante tempo, o que foi ótimo para ajustarmos nossos olhos à escuridão. Quando chegamos ao local escolhido, conseguíamos ver muito claramente à nossa volta. Colocamos um marcador na trilha do trator para sabermos onde deixaríamos nosso equipamento conforme o usássemos e estávamos prontos para começar. Antes, porém, nos demos as mãos e fizemos uma prece pedindo orientação, proteção e assistência. Eu realmente não sei por que fazemos aquilo, mas acho que foi algo psicológico para nos dar uma sensação de segurança, afinal nós estávamos cometendo uma infração legal e também estávamos cientes da possibilidade de algo paranormal vir a acontecer.

Um dos membros da equipe, segurando a fita delimitadora, começou a caminhar suavemente através do trigo vertical, sem quebrar nenhum tronco, o que se consegue ao deslizar lentamente o pé no solo, em vez de pisar normalmente. Caminhar normalmente pode fazê-lo perder o equilíbrio conforme você tenta encontrar um espaço para colocar o pé, mas ao deslizá-lo suavemente você consegue manobrar em torno da base das hastes das plantas. O objetivo é criar a ilusão de que não seria possível que seres humanos entrassem no trigal sem causar qualquer dano.

O outro extremo da fita estava com outro membro da equipe, que por sua vez caminhava para trás ao longo da linha do trator até alcançarmos a medida ou circunferência desejada para nosso círculo inicial. Nós havíamos feito uma marca na fita na marca de 30 m, com uma tinta fosforescente apenas visível à curta distância e isso nos garantiu certeza nas medições. E uma vez que o contorno de nosso desenho estava feito, começamos a achatar os pés de trigo. Aqui devo dizer que o trabalho é pesado, cansativo e doloroso, principalmente para quem não está acostumado a grandes exercícios físicos. 

 

Uma visita do paranormal

Uma vez que o círculo inicial foi achatado, nós o dividimos em quatro partes, usando os bastões marcadores, para sabermos exatamente onde tomar a próxima medição para continuar o projeto. Quando estávamos prestes a começar a próxima medição, o campo inteiro se iluminou com uma luz azul claro. O tom da luz lembrava a primeira luz do amanhecer e já acontecera quando estávamos acompanhando alguns circle makers. Naquela ocasião, a luminosidade fora atribuída à luz da Lua.

Imediatamente, todos nós abaixamos, imaginando que um fazendeiro estivesse ali, examinando a plantação com uma lanterna ou algo do tipo, porém logo descartamos a ideia. Então olhamos para cima, e o céu estava escuro e turvo e a luz da Lua não era visível. Não era o fazendeiro e não era a Lua, então, de onde vinha aquela luz? O que todos notamos é que ela não se espalhava para os campos circundantes, mas parecia contida no campo em que trabalhávamos. Era realmente muito estranho.

Como um de nossos membros ficou muito assustado com o que estava acontecendo, eu me afastei com ele para tentarmos ver a fonte da luz, mas embora nós pudéssemos vê-la, não conseguimos entender de onde vinha. E, incrivelmente, de fora da formação ela não era visível. Nós então retornamos e a equipe que havia permanecido no local fez o mesmo que nós havíamos feito, mas em outra direção e obtiveram um resultado igual ao nosso. Não sabíamos o que era, mas nos acalmamos, pois não seríamos presos.

Mais calmos, embora ainda alertas e prestando atenção em todos os sons que ouvíamos, terminamos nosso projeto por volta das 02h00. Depois disso, demos uma volta em torno do desenho de 75 m de extensão, fizemos os retoques que julgamos necessários, torcemos algumas partes com as mãos, recolhemos nosso equipamento e por volta das 03h00, saímos dali.

 

A reação

Por volta das 08h00 após algumas horas de sono, nós voltamos ao campo. Estávamos cansados e com as costas doloridas, mas ficamos muito impressionados com o resultado de nosso trabalho. Aquele se parecia com qualquer outro agroglifo, com o trigo bem amassado e assentado, e tudo parecia bem feito e proporcional. Nós todos tiramos cinco minutos para apreciar nosso trabalho. Quando o sol da manhã começou a subir, nós estávamos arrepiados e nos deitamos sobre o desenho para observar o céu. Às 08h30 passou o primeiro avião e nós vimos um flash de câmera. Nós sabíamos que logo a notícia sobre um novo círculo se espalharia pela região.

Saímos do campo às 09h00, sentamos no carro e esperamos. Uma hora depois, o primeiro veículo apareceu. Logo depois as imagens aéreas da formação foram exibidas pelo site Crop Circle Connector. Eu tive dificuldade de acreditar que nós realmente havíamos feito aquilo. No dia seguinte voltei ao local e me deparei com vários turistas sentados em círculos entoando mantras e vi uma senhora sentar-se, ajeitando vários cristais a sua volta, em posição de meditação. Do outro lado do círculo estava um sujeito barbudo com uma série de brincos em sua orelha esquerda, tocando um longo didjeridu.

Quando me aproximei de um casal de holandeses e disse a eles que nosso grupo havia feito aquele desenho, eu sinceramente achei que fosse apanhar. O homem ficou furioso e avançou em minha direção, dizendo que eu era louco e que nenhum humano jamais seria capaz de criar tal perfeição. A agitação chamou a atenção e outros espectadores vieram ouvir o que eu tinha a dizer. Eu, então, lhes mostrei como o círculo fora criado. Alguns se interessaram e me ouviram enquanto o holandês se afastava, ainda vociferando.

Todo o episódio foi absolutamente essencial para obtermos uma experiência de primeira mão em fazer um agroglifo e, também, para assistir como os outros respondem a algo que você criou e, claro, teorias estranhas e maravilhosas começam a jorrar como, por exemplo, os alienígenas estarem nos avisando sobre o dia do juízo final que jamais nunca. Portanto, se você quer ser um pesquisador honesto de agroglifos e procura sua conexão paranormal, essa é uma das experiências nas quais você precisa se envolver, para poder fazer relatórios honestos, e não relatar coisas com base em algum tipo de ficção, como muitos fazem até hoje. Se você é um dos muitos que pregam que os círculos são criados por forças paranormais, faça algo construtivo e coloque a mão na massa. A experiência, neste caso, vale por mil teorias.

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