segunda-feira, 15 de março de 2021

Adam Gorightly fala sobre “Discos Voadores, Aparições e Malucos”

 




 

Adam Gorightly acaba de lançar um novo livro, “Saucers, Spooks and Kooks: UFO Disinformation in the Age of Aquarius” [Discos Voadores, Aparições e Malucos: Desinformação sobre OVNIs na Era de Aquários]. Ele é um escritor e pesquisador de longa data de artimanhas relacionadas a OVNIs, e eu recomendo a leitura do seu último trabalho com a editora Daily Graal Publishing. O livro mergulha nos contos frequentemente duvidosos que compõem o fenômeno OVNI, tendo como objetivo particular as circunstâncias que cercam a suposta base alienígena subterrânea de Dulce, Novo México. Adam rastreia as histórias até suas origens e compartilha visões sobre suas interações pessoais com personagens que habitam e cultivam essas histórias. Perguntei a Adam se ele responderia a algumas perguntas para uma postagem no blog. Minhas perguntas são seguidas por suas respostas abaixo. Ele também forneceu as imagens que as acompanham.

 

O que fez você decidir escrever o livro “Saucers, Spooks and Kooks”, e o que foi mais importante sobre ele?

Foi um projeto que evoluiu com o tempo, começando com um artigo que eu estava escrevendo há mais de dez anos intitulado “Meu Café da Manhã com Tal”, que detalhava meu relato sobre como partir o pão com o único Tal Levesque. Um personagem enigmático e um tanto sombrio, ele foi um personagem central na promoção da história/mitos sobre a Base de Dulce desde o final dos anos 80.

À medida que as coisas progrediam, comecei a me aprofundar nas muitas afirmações associadas à Base de Dulce, muitas das quais Tal, e um punhado de outros, aparentemente semearam e, em alguns casos, ao que parecia, criadas do nada. Com o tempo, o projeto evoluiu para um artigo mais longo com o título provisório de “Desconstruindo Dulce”. Decidi separar toda a história da Base de Dulce, em essência desconstruindo todos os elementos, em uma tentativa de separar fato de ficção, e desembaraçar as muitas histórias aparentemente espúrias associadas a Dulce. Muitos na ufologia, infelizmente, consideraram essas histórias um evangelho nos anos seguintes. Assim, o artigo foi crescendo até o ponto em que acabou se tornando um livro para cobrir todos os aspectos da história e dos muitos personagens, na ufologia e na comunidade de inteligência, que ajudaram a formar a narrativa da Base de Dulce.

Uma das principais afirmações na história da Base de Dulce diz respeito a um tratado secreto entre os alienígenas reptilianos e o governo dos Estados Unidos, no qual a tecnologia extraterrestre foi trocada por cobaias para serem usadas em um programa de reprodução de híbridos humano-alienígenas. Há muito circulam rumores de que mutilações de gado também estavam de alguma forma envolvidas nesses experimentos, cujo objetivo final era, supostamente, criar híbridos humano-alienígenas para preservar e reviver uma raça extraterrestre moribunda.

Segundo a história, um heroico oficial de segurança chamado Thomas Castello liderou uma revolta contra os perversos alienígenas da Base de Dulce e o resultado foi um tiroteio que acabou matando sessenta e seis operários da Base de Dulce. Castello tinha à sua disposição uma “pistola de raios” que lhe permitiu acabar com alguns desses alienígenas covardes e fugir de Dulce, tornando-se depois disso um denunciante em fuga. Essa batalha lendária, saída de um roteiro de filme B de ficção científica, ficou conhecida como “A Batalha de Dulce”.

 

No livro “Saucers, Spooks and Kooks”, rastreia-se as origens de várias crenças de mitos urbanos até Paul Bennewitz e Myrna Hansen, e suas interações fatídicas nos anos 80. Quanto do que veio a ser popularmente aceito sobre supostos alienígenas você diria que está diretamente relacionado a Hansen e sua influência em Bennewitz?

Myrna Hansen foi uma das primeiras chamadas abduzidas alienígenas, muito antes do termo virar moda. Seu encontro, ou como você quiser chamá-lo, ocorreu no início de maio de 1980, quando ela e seu filho Shawn, enquanto dirigiam em Eagle Nest, Novo México, supostamente testemunharam uma vaca sendo sugada por um raio para uma nave espacial. Pouco depois, eles também foram sugados para a nave onde todo tipo de insanidade se seguiu, primeiro com os ETs dissecando a novilha indefesa na frente de seus olhos horrorizados, e então Hansen foi colocada em transe e passou por algum tipo de procedimento médico.

Após seu encontro, uma Hansen aterrorizada entrou em contatou com o escritório da polícia estadual na cidade de Cimarron para informá-los de seu encontro bizarro de alienígenas empunhando facas e cortando vacas, e por sua vez o escritório de Cimarron a encaminhou para o policial estadual do Novo México Gabe Valdez. Ele trabalhava nos arredores de Dulce e, nessa época, tinha adquirido a reputação de ser o cara certo para se falar sobre vacas mutiladas e luzes inexplicáveis ​​no céu. Foi Valdez quem colocou Hansen em contato com Paul Bennewitz, um empreiteiro privado do governo especializado em aviônica que, entre outras coisas, era membro da APRO. Por meio dos contatos de Bennewitz na APRO, ele conseguiu recrutar os serviços de Leo Sprinkle, um professor da Universidade de Wyoming que estava investigando casos de OVNIs usando regressão hipnótica por mais de dez anos. Sprinkle conduziria uma série de regressões hipnóticas com Hansen na casa de Bennewitz, e mais especificamente dentro do Lincoln Town Car de Bennewitz, que ele cobriu as janelas com papel alumínio como um meio de interromper um feixe alienígena que ele acreditava estar tentando interferir com a regressão hipnótica de Sprinkle em Hansen.

Curiosamente, Sprinkle conduziu regressões hipnóticas em 1973 com outra senhora chamada Judy Doraty, que contou uma história semelhante à de Hansen sobre ETs e vacas sendo sugados para dentro de uma nave espacial, então quanto disso era polinização cruzada ou contaminação (ou seja, investigadores/terapeutas de regressão levando supostas testemunhas a uma determinada conclusão) ainda é uma questão em aberto. Deve-se notar que Bennewitz, além de seu fascínio por OVNIs, também tinha um interesse permanente no fenômeno da mutilação de gado, e assim os dois - OVNIs e gado mutilado, pode-se presumir - se entrelaçaram em sua mente e esta visão de mundo vazou para aqueles com quem ele interagiu.

As regressões de Hansen incluíram uma miscelânea de abdução alienígena padrão, como uma vítima sendo sugada para dentro de uma nave em um raio trator no estilo Star Trek, depois colocada em transe e submetida a procedimentos médicos relacionados à reprodução e à criação de um híbrido humano-alienígena em tubo de ensaio. Hansen, alega-se, tinha sido implantada com um dispositivo de monitoramento, o chamado "implante alienígena", como ficaram conhecidos na tradição, e ela experimentou “lapso temporal”.

À medida que as regressões conduzidas por Sprinkle em Hansen sondavam cada vez mais fundo nos recessos de seu cérebro sitiado, foi revelado, ou ela se lembrou ou confabulou (você escolhe), que ela foi transportada para uma instalação subterrânea secreta. Durante um exame médico, um objeto metálico foi supostamente implantado na base de seu crânio, aparentemente como um meio para os alienígenas posteriormente rastreá-la e enviá-la mensagens malévolas, razão pela qual Bennewitz se deu ao trabalho de construir uma coberta de papel alumínio que ele colocava sobre as janelas de seu carro durante as sessões de regressão hipnótica.

Em um ponto durante sua desventura na base subterrânea, Hansen lembrou-se de ter escapado das garras de seus captores e de encontrar vários tanques com líquido contendo partes de corpos humanos e animais. Bennewitz, de alguma forma, deduziu que a instalação subterrânea onde Hansen viu tudo isso estava localizada perto de Dulce. Todos esses elementos da história acabaram sendo incorporados à tradição ufológica como a conhecemos agora. O termo alienígena “cinzas”, pelo que pude perceber, foi outro que veio direto do Caso Bennewitz.

 

Como você explicou no livro, o Caso Bennewitz envolveu Richard Doty e William Moore. Apreciei particularmente sua documentação sobre as origens dos documentos não confiáveis ​​do Majestic 12 e sua relação com Moore e seu associado, Jaime Shandera. O que você acha que é mais importante que as pessoas entendam sobre essa cadeia de eventos?

Um fator crítico que é importante considerar ao tentar desvendar as origens dos documentos do MJ-12 foi que em 1981, três anos antes dos documentos do MJ-12 aparecerem, Bill Moore trabalhava em um projeto de livro com Bob Pratt, um repórter do National Enquirer que cobria as histórias de discos voadores para a revista. O projeto do livro, originalmente intitulado MAJIK-12, era um relato ficcional baseado em informações supostamente verdadeiras relacionadas a OVNIs transmitidas a eles por ninguém menos que o agente especial do AFOSI Richard Doty, que foi identificado por Moore em uma versão preliminar do livro como “Ronald L . Davis”. MAJIK-12, ou MJ-12, era a abreviação de Majestic 12, que como a maioria dos seus leitores provavelmente sabe, era supostamente um grupo supersecreto do governo envolvido na investigação de avistamentos de OVNIs e na recuperação de discos voadores caídos e alienígenas, mortos e vivos.

Embora o projeto do livro de Moore e Pratt finalmente tenha caído no esquecimento, o título proposto MAJIK-12 sugeria que Bill Moore estava ciente de algo chamado MAJIK-12 ou Majestic-12 pelo menos três anos antes de um misterioso envelope aparecer na porta de seu parceiro de pesquisa Jaime Shandera, enviado anonimamente sem endereço do remetente, com carimbo de Albuquerque, Novo México. O carimbo parecia uma grande dica para alguns de que Richard Doty estava por trás dessa manobra, já que, durante esse período, Doty operava na Base Aérea de Kirtland em Albuquerque. O envelope continha um rolo de filme de 35 mm que, quando revelado, revelou fotos do que ficou conhecido como os documentos MJ-12.

Antes do surgimento dos documentos MJ-12, Moore e outro parceiro de pesquisa, Stan Friedman, especularam sobre a existência de um grupo como o MJ-12, e até mesmo compilaram uma lista de seus candidatos mais prováveis. Moore compartilhou mais tarde esses nomes com Doty na esperança de que ele pudesse ter informações que confirmariam sua lista de candidatos ao MJ-12. Quando os documentos MJ-12 apareceram, eles de fato incluíam em sua lista alguns desses mesmos candidatos ao MJ-12 que Moore e Friedman haviam especulado anteriormente como sendo membros do grupo, como Roscoe Hillenkoetter, primeiro diretor da CIA (1947- 1950), e James Forrestal, que foi Secretário de Defesa durante o mesmo período, aparentemente confirmando a Moore e Friedman que eles estavam no caminho certo. Outros sugeririam que Doty preparou toda a manobra e, por meio de um ciclo de feedback, forneceu a Moore, Shandera e Friedman o que exatamente eles estavam procurando em relação às informações que pareciam confirmar a queda do OVNI em Roswell, que por acaso era o assunto do livro que Bill Moore e Charles Berlitz publicaram em 1979, “The Roswell Incident” [O Incidente em Roswell]. Conjeturou-se que Moore participou da falsificação dos documentos, com ou sem a ajuda de Doty. No entanto, nunca foi provado de forma conclusiva quem fraudou os documentos, embora o FBI tenha determinado que eles não eram autênticos ou, em suas palavras, "falsos".




Conclusão do FBI sobre os documentos do MJ-12: "BOGUS" [falso]

 

Da mesma maneira que os documentos MJ-12 apareceram misteriosamente na porta de Shandera, um evento semelhante ocorreu em 1994 quando o ufólogo Don Berliner recebeu um envelope enviado anonimamente que continha um rolo de filme 35 mm não revelado. Depois de reveladas, as fotos mostraram um documento de 29 páginas chamado SOM 1-01, Manual de Operações Especiais do Grupo Majestic-12, um suposto manual militar relacionado à recuperação de discos voadores caídos.

O documento SOM-01-1 também incluía uma referência à “Base Aérea de Kirtland, Novo México”, que alguns suspeitaram ser outra pista de que pode ter sido outro trabalho de Richard Doty. No entanto, o SOM-01-1 continuou a ser abraçado por algumas das vozes mais proeminentes na ufologia, como Linda Howe, que na Audiência Pública para a Revelação (uma audiência que se fingiu ter sido feita no Congresso, mas que ocorreu no Clube Nacional de Impressa em 2013), afirmou que o SOM-01-1 havia “resistido ao teste do tempo” - que, é claro, não fez nada disso, mas apenas ser acrescentado à pilha de outros supostos documentos relacionados ao MJ-12 que poluíram a ufologia ao longo dos anos.

 

Você escreveu sobre vários casos em que membros do exército fornecem aos ufólogos informações duvidosas, acompanhadas por promessas de revelações futuras. No final, a grande revelação não se concretiza e o tapete do pesquisador é puxado. Conte-nos um pouco sobre um desses eventos.

No início dos anos 70, o produtor cinematográfico Robert Emenegger recebera a promessa de uma "grande revelação" (que acabou se revelando um fracasso) quando ele e seu coprodutor/parceiro, Allan Sandler, foram abordados por oficiais da Força Aérea dos EUA com uma oferta para cooperar e compartilhar informações para um proposto documentário sobre OVNIs. De acordo com seus contatos na Força Aérea, este seria um esforço conjunto, com o apoio de cada ramo das forças armadas que forneceria a Emenegger e Sandler acesso aos arquivos de OVNIs, além da joia da coroa prometida: filmagem de 16 mm de um pouso de OVNI com ETs, supostamente filmado na Base Aérea de Holloman em 1971.

Depois de despender tempo e recursos consideráveis ​​no desenvolvimento do projeto, com repetidas promessas de filmagens de pouso do disco para seu documentário, Emenegger e Sandler finalmente tiveram o tapete puxado e foram deixados de mãos vazias porque a Força Aérea falhou em cumprir o prometido, e essa versão inicial da chamada “Revelação Ufológica” foi destruída. O documentário sobre OVNIs de Emenegger e Sandler foi finalmente lançado anos depois, sob o título de “UFOs: It Has Begun” [OVNIs: Já Começou], mas seu impacto foi, obviamente, muito menor do ponto de vista da credibilidade depois que a Força Aérea se retirou do projeto. Isso presumindo, é claro, que a Força Aérea realmente possuísse o material prometido para o filme.

Uma semelhante falsa “Revelação Ufológica” aconteceu com Linda Moulton Howe uma década depois, quando em 1983 ela foi escolhida para produzir um especial da HBO com o título proposto de “UFOs: The E.T. Fator” [OVNIs: O Fator Extraterrestre]. Na época, Howe estava investigando as alegações de Paul Bennewitz para possível inclusão em seu documentário, e ao longo do caminho ela chamou a atenção de Richard Doty, que operava na Base Aérea de Kirtland. Doty colocou Howe sob sua asa duvidosa e deu a ela um vislumbre de alguns documentos supostamente confidenciais relacionados a recuperações de discos voadores caídos e a surpreendente revelação de que havia, na verdade, um pequeno ET em cativeiro em uma base militar em algum lugar. Doty informou a Howe que, se jogasse suas cartas direito, ela poderia até mesmo ter a oportunidade de entrevistar o sujeito. Além disso, Doty disse a Howe que oficiais de inteligência do governo tinham em sua posse imagens de um OVNI pousando em uma base militar, bem como outras fotos e materiais sigilosos que ela poderia usar. Depois de vários meses tentando Howe, Doty a informou que ele havia sido retirado do caso, e a passou para outros contatos na inteligência que também tentaram Howe por vários meses, mas nunca apresentara a prometida filmagem do OVNI. Esse atraso acabou fazendo com que a HBO desistisse do projeto, deixando Howe abanando ao vento.

Quanto à motivação principal por trás dessas artimanhas, pode-se especular muitas delas, uma das quais era que Doty estava tentando desacreditar e desviar a pesquisa ufológica de Howe e, por fim, minar seu documentário da HBO, bem como descobrir quais informações ela tinha sobre Bennewitz e o programa de contra-espionagem dirigido a ele, do qual Doty era um agente.

 

Você explicou muito sobre os mitos de Dulce e as pessoas que os espalharam. Em sua pesquisa e experiência, o que você achou mais interessante sobre tudo isso?

A evolução dos mitos, e como surgiram em primeiro lugar, é o que considero mais intrigante. Existem diferentes elementos na história, incluindo o que ficou conhecido na tradição ufológica como “A Batalha de Dulce”, que mencionei antes, em que, supostamente, um segurança da base chamado Tom Castello ajudou a formar um movimento de resistência. Alguns de seus colegas de trabalho humanos se envolveram em uma briga com os alienígenas e acabaram perdendo a batalha. Quando a poeira baixou, como diz a lenda, sessenta e seis operários da base de Dulce morreram, embora Castello tenha conseguido escapar por causa de sua confiável “arma de raios”.

Então, de onde veio essa história? Pelo que eu posso dizer, ela se originou em uma carta de 2 de dezembro de 1981 que Paul Bennewitz enviou ao senador americano, representante do Novo México, Pete Domenici, declarando que “em algum momento do final de 1979 ou no início de 1980, iniciou-se uma discussão sobre certas armas e os militares abandonaram [a Base de Dulce]; o paradeiro dos homens é desconhecido...”. Em uma entrevista de 11 de setembro de 1984, Bennewitz disse ao ufólogo Jim McCampbell: “Em 1979, algo aconteceu e a base foi fechada. Houve uma discussão sobre armas e nosso povo foi expulso, mais de 100 pessoas envolvidas...”. Embora Bennewitz não tenha declarado implicitamente que houve uma batalha real entre humanos e alienígenas em Dulce, seus comentários sobre algum tipo de conflito, ou de os humanos abandonando a base parece ter sido o suficiente para plantar a semente que mais tarde floresceu em "A Batalha de Dulce".

 



Carta de 1981 de Bennewitz ao Senador Domenici

 

Quase uma década depois, a história de “A Batalha de Dulce” ganhou mais forma com o relato mais detalhado sobre Tom Castello e seus companheiros de resistência que apareceu nos “Documentos de Dulce”. Variações dessa história também surgiram em relação a uma batalha/confronto semelhante que ocorreu na Área 51.

Em meados dos anos 90, a história da Batalha de Dulce ressurgiu ou foi reaproveitada por um sujeito mentalmente instável chamado Phil Schneider que, por um tempo, se tornou uma estrela no circuito patriota de palestras de ufologia, basicamente repetindo a história de Tom Castello com ele mesmo inserido no papel heróico de Castello, incluindo a parte de atirar nos alienígenas covardes.

 

Parece haver muitos temas comuns entre cada uma dessas histórias, como Dulce, Área 51, SERPO e eventos em torno de Paul Bennewitz. Por favor, compartilhe o que pensa sobre isso.

Eu também acrescentaria Roswell e os documentos MJ-12 a essa mistura, e o mesmo elenco recorrente de personagens que promoveram essas histórias que são apresentadas em meu livro, entre eles John Lear, Tal Levesque, Richard Doty, Bill Moore e um punhado de outros que formaram esse nexo de "influenciadores". Bill Moore mais tarde negaria muitas dessas afirmações e, ostensivamente, se retiraria desse nexo de personagens, que ele disse estar promovendo histórias falsas que acabaram deixando Paul Bennewitz maluco.

John Lear, que reconhecidamente tinha ligações com a comunidade de inteligência, era um ávido promotor dos documentos MJ-12, enquanto, ao mesmo tempo, em meados dos anos 80, vazava informações para a mídia sobre um programa secreto de testes de aeronaves furtivas na Área 51. O espectro da tecnologia furtiva estava para sempre à espreita nas bordas dessas grandes histórias relacionadas à Base de Dulce, Kirtland e à Área 51, parte do que parecia ser um esforço para moldar a narrativa geral e turvar as águas sobre o que realmente estava acontecendo nessas áreas de teste militar.

Quanto a SERPO, Richard Doty teve um grande papel na disseminação dessa história, desde quando ele apareceu como “Falcon” em rede nacional, em 1988, no especial chamado “UFO Cover-up Live!”. De acordo com Doty (Falcon), o governo dos EUA havia participado de um programa de intercâmbio, com os alienígenas basicamente dando aos nossos astronautas as chaves de um de seus discos e fazendo-os viajar para seu planeta, enquanto, em troca, os alienígenas ficariam na Terra por vários anos, compartilhando sua vasta sabedoria intergaláctica com os terráqueos, que era fundamentalmente a mesma história de SERPO.

 

O que você diria aos ufólogos de primeira viagem que tentam navegar nesses mares tempestuosos?

Bem, acho que as pessoas que mais precisam ouvir provavelmente se importariam menos com o que eu tenho a dizer, mas se assim fizerem, sugiro rever os anais da ufologia e examinar seu passado. Faça isso antes de subir a bordo para caçar algum tubarão da ufologia, porque parece não haver nada de novo sob o sol quando se trata de muitos desses temas recorrentes que, continuamente, surgem na tradição ufológica.




A ufologia tem a tendência de recapitular e reaproveitar muitas das mesmas histórias, ou elementos das mesmas histórias, repetidamente. Um exemplo perfeito disso é a chamada foto de Silverman, que apareceu pela primeira vez no jornal alemão Neue Illustrierte em 1º de abril de 1950, com o título "Der Mars-Mensch", que mostrava um sujeito de aparência estranha de um metro de altura, aparentemente de Marte. Poucos dias depois, o Neue Illustrierte admitiu que a história do marciano foi uma farsa do Dia da Mentira, mas isso não impediu que a foto se espalhasse pela subcultura da ufologia nos anos que viriam.

O historiador de discos voadores Isaac Koi compilou uma linha do tempo da foto de Silverman e das publicações nas quais ela apareceu. O primeiro livro a apresentar essa foto foi “Flying Saucers from Outer Space” [Discos Voadores do Espaço Sideral] (1953), do Major Donald Keyhoe, que não mencionou a farsa Neue Illustrierte, mas afirmou que a foto retratava agentes do governo americano escoltando um ET conhecido como "Homem de Alumínio", que estava coberto com um traje espacial de alumínio que o protegia dos raios cósmicos. Em “Space-Craft from Beyond Three Dimensions” [Espaçonaves de Além da Terceira Dimensão] (1959), W. Gordon Allen afirmou que a criatura na foto de Silverman rastejou para fora de um disco que caiu perto da Cidade do México.

Mais recentemente, Harold Povenmire, em “UFO's and Alien Abduction Phenomena: A Scientific Analysis” [OVNIs e o Fenômeno da Abdução Alienígena: Uma Análise Científica] (2016), publicou uma versão colorida da foto de Silverman promovendo-a como sendo real, embora a “análise científica” que ele conduziu não esteja clara. Graças a Povenmire, esta nova iteração da foto de Silverman logo começou a se espalhar pelas redes sociais, conforme uma nova geração de crédulos clicava e compartilhava o conteúdo com paixão.

 

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Tradução: Tunguska

Fonte:http://ufotrail.blogspot.com/2021/02/adam-gorightly-discusses-saucers-spooks.html

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