A postagem a seguir é um trecho do Capítulo 1 do livro de
2021, Wayward Sons: NICAP and the IC. Parece atualmente relevante - senão sempre
pertinente - para o tópico dos OVNIs. Você pode encontrar este livro na Amazon.
Acompanhe as atividades do autor Jack Brewer na Expanding Frontiers Research,
uma organização sem fins lucrativos que ele cofundou com Erica Lukes, onde os
mesmos e uma equipe crescente de excelentes voluntários realizam pesquisas
relacionadas à FOIA, mantêm um blog, produzem um programa no YouTube e planejam
instigantes projetos para o futuro.
OH, REVELAÇÃO, OUÇO O SEU CHAMADO
A década de 1940 marcou a era moderna dos OVNIs. Muitos
pesquisadores passaram a acreditar que possuíam chances verdadeiras de
desvendar os seus segredos.
O falecido Leonard Stringfield
“A maior história envolvendo a Terra e o Espaço poderá ser
contada em breve”, proclamou um boletim
informativo de 1º de outubro de 1954 distribuído pela CRIFO. Essa
organização era a “Civilian
Research, Interplanetary Flying Objects”, dirigida por Leonard
Stringfield.
A afirmação foi baseada em uma entrevista conduzida por
Stringfield com o tenente-coronel John O'Mara, descrito como um “vice-comandante
da inteligência” da Força Aérea dos Estados Unidos. O coronel aparentemente
“confirmou a existência de 'discos voadores'”, levando Stringfield a declarar
que “a verdade pode ser revelada em breve”.
Spoiler: não.
Stringfield relatou posteriormente que a Força Aérea
planejava cooperar com a população sobre os discos voadores e que a questão
seria revelada ao público. Acreditava-se que isso estaria sendo “estimulado por
eventos recentes”. Não é sempre assim?
Stringfield continuou: “Os discos voadores 'existem',
disse-me o coronel, e acrescentou, com efeito, que as contradições do passado
foram despropositadas”.
Stringfield descreveu o coronel O'Mara como
“maravilhosamente cooperativo”, e o oficial até deu um sinal de positivo para o
boletim do CRIFO. Questionado sobre a publicação, o coronel indicou que ela
estava na direção certa.
O boletim informativo CRIFO foi compartilhado comigo em um
e-mail do escritor e pesquisador James Carrion. Ele achou as comparações
interessantes com os ruídos muito mais recentes da Revelação, emitidos por
veículos como o New York Times. De fato, compartilho da mesma perspectiva, pois
podemos notar muitas semelhanças com a história em andamento do Programa
Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais (AATIP) e aqueles que
promovem tal narrativa. As comparações incluem: eventos recentes que seriam
supostamente pontos críticos; informantes membros da inteligência que auxiliariam
todo o processo; o fato do governo reconhecer a existência dos OVNIs; dar
reconhecimento ao jornalista que abraçou a narrativa; e, claro, que a
confirmação final viria a qualquer momento.
Membros do National
Investigations Committee on Aerial Phenomena, ou NICAP, já acreditaram anteriormente
que também estavam à beira de algo grande. Aproximadamente em 1958, a
literatura da jovem organização foi distribuída com uma mensagem de seu
diretor, major Donald E. Keyhoe.
“Devido aos novos desenvolvimentos, esperamos uma quebra oficial
do segredo dos OVNIs em 1959”, foi declarado (ver
pág. 4). O enredo geral tornou-se um tema recorrente para o NICAP e seus
investigadores, muitos dos quais trabalharam diligentemente em suas tentativas
de facilitar a Revelação. Acreditava-se que uma grande quantidade de pressão
pública estrategicamente aplicada à determinadas agências e escritórios chegaria
a um ponto insustentável. A luta, o progresso e os contratempos da Revelação
eram frequentemente relatados publicamente pelo grupo. Na verdade, um cabo de
guerra contra o Tio Sam definiu bem o que era o NICAP.
“Estamos próximos disso”, declarou o major
Keyhoe em 1966 em relação a descobrir o que eram os discos voadores. Ele
fez a declaração no final de sua aparição no então popular e nacional programa
televisivo To Tell the Truth.
Em 1978, o otimismo entre os investigadores de OVNIs
persistia. O diretor da Ground Saucer Watch (GSW) de Phoenix, William H.
Spaulding, sugeriu durante um pedido de arrecadamento publicado no boletim de
abril da organização que as respostas sobre os OVNIs poderiam ser obtidas.
Ele escreveu: “Agora é a hora de todos nós nos perguntarmos
se realmente queremos resolver o mistério dos OVNI. Se sua resposta for
afirmativa, então devemos pedir a todos os membros que doem cinco, dez, vinte
dólares para ajudar a protelar os altos honorários advocatícios.”
Spaulding aludia às ações legais dirigidas a alvos como a
CIA para obter o que se acreditava serem documentos reveladores de OVNIs. Nesse
mesmo boletim, o diretor de pesquisa da GSW, W. Todd Zechel, expressou sua
confiança em desvendar a questão.
Zechel disse aos leitores: “Para continuar esta luta e
colocar pressão suficiente sobre as agências governamentais, forçando-as a
começar a dizer a verdade sobre os OVNIs, precisamos de doações substanciais de
todos os membros. Além disso, precisamos da ajuda do público em geral. Afinal,
esses esforços beneficiarão toda a humanidade, pois as evidências que
obtivermos nos permitirão de uma vez por todas determinar a origem e a natureza
dos OVNIs. Eu conseguirei a verdade para vocês: deem-me os recursos financeiros.”
Falando em favor de Spaulding e de Zechel, eles e seus
colegas realmente obtiveram, com sucesso, uma quantidade substancial de
documentos governamentais pertencentes a OVNIs. Contudo o material nunca
estabeleceu conclusivamente suas suspeitas e crenças em relação ao Tio Sam e aos
discos voadores.
Pena que a Ground Saucer Watch não pensou em levantar fundos
a fim de competir com o governo sobre a questão. Foi o que aconteceu em 2017 com
o To The Stars Academy of Arts and Science (TTSA).
Coincidindo com o lançamento da empresa, bem como com a
chamada de investidores, o líder da TTSA, Tom DeLonge, assumiu a bandeira de
“descobertas iminentes” afirmando: “Acreditamos que há descobertas ao nosso
alcance que revolucionarão a experiência humana, mas elas só podem ser
realizadas por meio de apoio irrestrito de pesquisa e inovação
revolucionárias.”
“Imagine ter a tecnologia do século 25 neste século”, acrescentou
o ufólogo de longa data e co-fundador da TTSA, Dr. Hal Puthoff. Ele
explicou que uma apaixonada equipe de mentes curiosas foi reunida para revelar
e decodificar “informações que podem desafiar os limites da teoria tradicional”
referentes ao estudo de Fenômenos Aéreos não Identificados. Puthoff afirmou
ainda que eles estavam tirando das sombras a transformadora ciência e engenharia.
Essas observações de 2017 de DeLonge e Puthoff não parecem
estar envelhecendo muito melhor do que aquelas de seus predecessores
excessivamente otimistas e, por vezes, presunçosas do século 20, mas talvez eu não
tenha conhecimento sobre experiências revolucionárias humanas e nem consiga
visualizar as ciências transformadoras. Eu, no entanto, ainda tenho meu
dinheiro no bolso. No momento em que escrevo, parece que grande parte dessa
equipe de mentes apaixonadas e curiosas busca por uma situação mais favorável e
o futuro da TTSA está muito em xeque.
Antes da criativa arrecadação de fundos da TTSA, a Mutual
UFO Network (MUFON) foi
direto ao ponto e parecia aceitar recursos fornecidos a Robert Bigelow pelo
Defense Intelligence Agency (DIA). O polêmico filantropo e personagem principal
do mundo ufológico facilitou o arranjo como parte dos supostos programas de
OVNIs do Pentágono. Digo “supostos” porque grande parte dos projetos permanecem
sem confirmação por enquanto. O personagem-chave da MUFON regularmente afirma
não ter conhecimento da fonte dos recursos ou do envolvimento com o que agora
sabemos ter sido a agência que originalmente gerenciava os projetos de OVNIs
relatados, o DIA. Também não está claro se o DIA endossou totalmente os
registros da MUFON, especialmente no caso de os agentes já possuírem tantas
informações prontas para divulgação. Mas continuemos.
Jornalistas como Leslie Kean e George Knapp conseguiram se
posicionar no meio do redemoinho da Revelação em várias ocasiões, mesmo que suas
coberturas pudessem ser dissimuladas, equivocadas ou responsáveis por perpetuar
o próprio redemoinho. Os dois, junto com vários repórteres da Revelação que
seguiram o exemplo, tendem a promover histórias bastante crédulas e linhas de
raciocínio falhas na forma do que alguns passaram a considerar jornalismo acessível.
Tais exemplos incluem a devoção de Knapp à história de Bob Lazar, o retrato
inquestionável do Rancho Skinwalker e a aceitação acrítica das declarações e
narrativas da TTSA, ao mesmo tempo em que mostra consistentemente as
personalidades envolvidas.
A defesa que Knapp faz do duvidoso caso Lazar é
particularmente vulnerável a críticas, considerando a alegação da dupla de que
cada um deles estava ciente do local onde Lazar escondeu parcelas do Elemento
115, supostamente projetado por alienígenas, entretanto eles se recusaram
firmemente a produzi-lo. Os
pesquisadores apropriadamente notaram a ironia dos supostos ativistas da Revelação
que, devemos acreditar, optam por não agraciar o mundo com a próprio conteúdo que
exigem dos poderes constituídos.
A objetividade de Kean e o aparente viés de confirmação foi
questionado quando ela perpetuou as alegações de um acobertamento governamental
no caso JAL 1628 UFO. As alegações foram diretamente contrariadas pelos
depoimentos de duas testemunhas de primeira mão do suposto encobrimento. Elas
participaram de uma reunião na qual a alegada diretriz de encobrimento foi
supostamente emitida, mas disseram que tais declarações não foram feitas. Além
disso, as duas informações indicadas foram realmente abertas para análise. Kean
omitiu as circunstâncias de seu relato do caso - mesmo depois dos pesquisadores
terem chamado a sua atenção - ao mesmo tempo em que supostamente obstruía a
comunicação entre os pesquisadores e seu contato, alegando que o encobrimento
estava em vigor.
Kean também fez afirmações ainda
não verificadas sobre o AATIP, bem como alegações fantásticas sobre
supostos OVNIs chilenos que se mostraram infundadas. O trabalho de jornalistas
como Kean e Knapp é tido em alta conta por muitos entusiastas de OVNIs,
enquanto outras pessoas questionam seriamente suas matérias cronicamente
acríticas e incompletas que muitas vezes omitem discrepâncias bastante óbvias.
A crítica pode ser mais justificada na forma como os dois se apresentam como
jornalistas, enquanto títulos como promotores de OVNIs parecem muito mais adequados.
Ainda outro notável ativista da Revelação OVNI, ou talvez
ele goste de acreditar que seja um, é o Dr. Steven Greer. O ex-médico
empreendeu um teatro bastante complexo e linhas de pesquisa questionáveis,
ostensivamente projetadas para facilitar o conhecimento mais amplo dos OVNIs e de
seus ocupantes. As atividades de Greer incluem
trazer uma comitiva de guarda-costas armados para uma palestra agendada no
evento Contact in the Desert de 2013 em Joshua Tree, Califórnia. Ele também é
conhecido por exagerar em relação ao conteúdo de suas interações com agentes
governamentais e cobrar taxas substanciais por workshops destinados a facilitar
o contato com seres extraterrestres, entre outras atividades de arrepiar os
cabelos.
O truque geral de Greer é dizer que os visitantes
extraterrestres são amigáveis, mas o Tio Sam quer pintá-los como hostis e
manter um controle sobre isso, pois os ETs têm uma fonte de energia livre. Abrir
a informação da energia livre afrouxaria o domínio do governo sobre muitas
indústrias, sugere Greer. Ele quer nos levar a acreditar que seu ativismo
franco sobre a verdade dos OVNIs resultou em várias tentativas frustradas
contra sua vida pelos poderes constituídos, daí a cena dramática em Joshua
Tree.
Conteúdo de um e-mail
promocional da MUFON de maio de 2013
Talvez Greer tenha passado mais vergonha por suas afirmações
extraordinárias que se mostraram incorretas em torno do esqueleto de Atacama e
pelas questões
éticas que surgiram com o manuseio do espécime por ele e pelo Dr. Garry
Nolan. Nolan, um honrado professor e pesquisador de Stanford que se formou em
genética, teve uma breve afiliação com o To The Stars. Ele também era altamente
suspeito de ser um personagem de olhos brilhantes não tão anônimo retratado em
um livro de não-ficção (mais ou menos) da Dra. Diana Walsh Pasulka, American
Cosmic.
A situação foi questionada
por mim, assim como a falta de vontade de Nolan e Walsh Pasulka de abordar
diretamente seus supostos envolvimentos em relatórios de “agentes de segurança”
monitorando e editando suas declarações feitas em podcasts. Basta dizer que
nenhum dos dois tinha muito a dizer sobre o assunto, mas acho que isso faz
parte da Revelação para você. Muitas vezes, a transparência só parece ser uma
coisa boa se for aplicada às ações dos outros. A aparente falta de esforço de
Walsh Pasulka para esconder as identidades dos personagens principais em
American Cosmic foi questionada em meios ufológicos, assim como seus motivos
subjacentes.
De volta a Greer. Ele colocou bastante fogo na história do
esqueleto de Atacama, vendido como pertencente a extraterrestres. Isso foi
retratado em seu filme de financiamento coletivo de 2013, Sirius, que foi
anunciado como revelador do mistério dos OVNIs. Os contribuintes em dinheiro
expressaram desapontamento quando tiveram que pagar para ver o filme, indicando
que se sentiram cobrados em dobro. Alguns então acharam que faltava conteúdo ao
filme e que ficou muito aquém de seu significado sensacionalista anunciado. A
decepção não ficou menos amarga quando Greer anunciou mais um filme que
precisava de financiamento e que, de uma vez por todas, revelaria a chocante
verdade. Obviamente que não aconteceu, então ele repetiu o feito. Alguns podem
pensar que os impostos mostram o propósito de sua persistência diante da
futilidade crônica.
Em 2014, revisei as informações fiscais enviadas ao Internal
Revenue Service pela corporação sem fins lucrativos operada por Greer, Center
for the Study of Extraterrestrial Intelligence (CSETI), que parecia servir como
o centro de seus empreendimentos. Descobri que Greer relatou não receber
salário da CSETI, mas durante o ano fiscal de 2012, a CSETI informou ter pago
cerca de US$ 177.000 por honorários de consultoria para a Crossing Point Inc.,
de propriedade de Greer.
A quantia que a CSETI pagou no ano anterior, 2011, a
Crossing Point foi de $ 180.360. Em 2010, mais de US$ 214.000 foram pagos do
CSETI ao Crossing Point. Durante o período de três anos analisado, Greer's
Crossing Point recebeu quase 70% dos US$ 833.083 combinados da renda total
declarada pela CSETI, de acordo com 990 formulários arquivados no IRS.
O Formulário 990EZ da CSETI de 2012 indicou que a
organização renunciou ao seu status de organização sem fins lucrativos a partir
de 1º de janeiro de 2013. A mudança pode ser relacionada com o fato de ter
obtido muito mais rendimentos empresariais não relacionados do que apoio
público, o que fez com que o seu estatuto de instituição de caridade sem fins
lucrativos fosse possivelmente comprometido, tal como definido pelo IRS.
Renunciar ao estatuto de organização sem fins lucrativos seria então uma medida
aconselhável por parte do Dr. Greer, e não seria uma má jogada.
Stephen Bassett invadiu o movimento da Revelação e formou o
Paradigm Research Group, uma iniciativa de interesse, ou algo nesse sentido,
para acabar com o “embargo da verdade”. Tanto quanto sei, o Grupo consiste
oficialmente e funcionalmente de ninguém além dele mesmo. Seus esforços incluem
projetos como o 2008 Million Fax em Washington, no qual ele tentou inspirar
seguidores a inundar o novo governo Obama com faxes, e-mails e telefonemas
exigindo a liberação de arquivos de OVNIs.
Bassett provavelmente fez seu ruído mais alto com a Citizen Hearing de 2013 sobre a
Revelação. Seis ex-membros do Congresso receberam $ 20.000 cada para
participar de uma audiência simulada na qual passaram alguns dias ouvindo
dezenas de pessoas de vários níveis de credibilidade, notoriedade e fama
fornecerem testemunhos sobre OVNIs. O mencionado Steven Greer estava entre os
apresentadores, e as atividades noturnas incluíram a exibição de seu filme,
Sirius.
Richard Dolan também estava entre os apresentadores do
Citizen Hearing, sendo conhecido pelo que seus seguidores parecem acreditar ser
sua luta para arrancar a verdade dos OVNIs do governo. Na audiência, ele exibiu
descaradamente uma entrevista filmada de um homem idoso, conhecido como
“Anônimo”. O homem supostamente trabalhava para a CIA e observou muitas visões
surpreendentes relacionadas a ETs durante seu emprego na Área 51. As
declarações, apelidadas de testemunho no leito de morte, foram fortemente
sugeridas como motivadas pelo desejo do homem de contar ao mundo o que ele
sabia e evitar de levar as histórias para seu túmulo iminente.
O problema era que, conforme cobri
em 2013, Linda Moulton Howe havia entrevistado “Anônimo” há muito tempo.
Sua história, que não foi checada em absoluto, possuía nada menos que 15 anos
na época e foi considerada urgente, sendo apresentada por Dolan e Bassett na Citizen
Hearing sobre a Revelação. Em preparação para meu artigo de 2013 mencionado acima
sobre a situação, ofereci a Dolan e Bassett a oportunidade de comentar e
explicar o que diriam às pessoas que poderiam questionar a estratégia. Nenhum
dos dois respondeu.
Múmia de um menino de
dois anos promovido como ET
A dúvida foi lançada sobre o julgamento e os motivos de
Dolan quando ele participou do fiasco do Roswell Slides, uma cadeia de eventos
envolvendo slides que mostrava o que na verdade era uma criança nativa
americana mumificada, mas promovidos como imagens de um ET. Dolan falou no
duvidoso evento beWITNESS, um lançamento público dos slides patrocinado por
Jaime Maussan, momento em que Dolan chamou os slides de “convincentes”. Ele
também atestou as habilidades de pesquisa da questionável equipe que promoveu a
história, que, na melhor das hipóteses, falhou totalmente em buscar as
explicações mais profundamente óbvias. Muitos se perguntaram como Dolan, que
afirma ser qualificado para penetrar e analisar questões complexas relacionadas
a OVNIs e segurança nacional, poderia ser tão inepto.
Logo após a suposta beWITNESS grande revelação dos slides, a
verdade veio à tona e a história foi completamente desmantelada devido ao
trabalho de qualidade do Roswell Slides
Research Group. Poucas horas depois do evento, uma equipe de pesquisadores
voluntários estava a caminho de analisar com competência os slides, imagens de
alta resolução que os promotores haviam retido anteriormente e que supostamente
foram incapazes de interpretar com precisão por anos. Conforme declarado, os
slides foram mostrados de forma conclusiva para retratar uma criança nativa
americana falecida. As ações de Dolan continuaram a declinar com outras histórias
fantásticas supostamente inquestionáveis que deveriam testar a paciência até do
mais crédulo fã de OVNIs.
Mais recentemente, ele acenou vigorosamente com um conto mal
concebido de conexões extremamente frouxas, tudo projetado para provar o que, nos
círculos ufológicos, é conhecido como a História Central (quedas de discos,
corpos alienígenas e tudo mais). Uma palavra para o sábio: se um argumento
depende fortemente de especulação, ele não prova nada.
Esta versão da História Central envolve boatos e supostas
declarações atribuídas ao alegado almirante Thomas R. Wilson, e foi referida
por Dolan como o “vazamento ufológico do século”. A história foi obviamente ampliada
por George Knapp, uma vez que incluía referências a Eric Davis e a outros relacionados
ao Rancho Skinwalker e ao TTSA. Para aqueles particularmente interessados, o
escritor Billy
Cox relatou como Wilson negou repetidamente qualquer validade a esses
rumores, entre outros aspectos problemáticos dessa história cabeluda.
É bastante fascinante como o conceito de revelação ufológica
permanece sustentado de forma tão robusta. Em 8 de janeiro de 1999, Art Bell
apresentou o “UFO
Disclosure '99” no Coast to Coast AM. Stephen Bassett teve participação
integral no show, outros convidados incluíam Steven Greer, Richard Hoagland e
Joe Firmage.
Deve-se notar que muitos desses ativistas de OVNIs de alguma
forma sempre conseguem promover a urgência da questão. Muitos pessoalmente têm
tocado o alarme da Revelação iminente por décadas.
O maior obstáculo para Bassett superar, de fato, tornou-se o
fato de que os prazos de suas insinuações e previsões recorrentes iam e vinham,
contudo não eram cumpridos. E ele fez muitas insinuações e previsões.
O mesmo pode ser dito das muitas personalidades ufológicas da
história que vestiram a carapuça da Revelação, prometendo revelações do governo
ao mundo ufológico que, ansiosamente, permanecia aguardando. Pode ser difícil
invocar perpetuamente a urgência da Revelação, mas obviamente é bem possível. Os
seguidores e as novas gerações continuam a considerá-la uma atração
irresistível, ao mesmo tempo em que assumem o papel de líderes e apoiadores do
movimento. Para alguns, pode haver uma falta de consciência da futilidade da
história, enquanto a dedicação de outros pode ser baseada em teimosia,
pensamento positivo, motivos questionáveis ou qualquer número de tais
circunstâncias. As massas intoxicadas por OVNIs continuam chegando, e sempre há
um fornecedor para atender a demanda, se não criá-la.
Vamos marcar o relógio para trás do atual ritmo alucinante e
retornar aos primeiros dias da moderna corrida ufológica de obstáculos. Embora
ausentes da internet e dos podcasts, não faltavam aos pioneiros urgência e
drama. Longe disso.
O grupo que focamos foi formado em Washington, D.C. na
década de 1950. Mistério e curiosidade cercaram o National
Investigations Committee on Aerial Phenomena desde o início. Muitos
desafios atormentariam a organização, mas o interesse público em seus assuntos
geralmente não estava entre eles. Aparentemente, isso se deveu em parte ao
fascínio do público por discos voadores, uma ocorrência que foi impulsionada
por vários fatores, certamente incluindo a atenção da mídia.
Depois de uma investigação considerável, fiquei
completamente convencido de que muitos membros do NICAP eram pesquisadores
sinceros e eficazes, mesmo que às vezes não tivessem consciência de suas
preconcepções. Quaisquer que fossem os jogos, havia de fato pessoas no NICAP
genuinamente interessadas nos mistérios dos OVNIs, para o bem ou para o mal.
Eles acreditavam que seu trabalho era importante e se consideravam uma espécie
de pioneiros. De certa forma, talvez fossem. Em outros casos, os motivos são
mais questionáveis, assim como a precisão da pesquisa, por vezes.
O NICAP experimentou altos e baixos, sucesso e fracasso, alegadamente
acumulando cerca
de 14.000 membros em determinado ponto. Para contextualizar, a Mutual UFO
Network afirma atualmente em seu site possuir cerca de 4.000 membros em todo o
mundo.
Entre os aspectos mais notáveis do legado do NICAP está o The
UFO Evidence, trazido à vida pelo editor Richard Hall. O relatório de 1964
consiste em cerca de 200.000 verbetes de investigações ufológicas. Ele
incorpora o que o NICAP considerou seus 750 casos mais convincentes dos mais de
5.000 contidos em seus arquivos. O The UFO Evidence foi fornecido ao Congresso
e mais de 10.000 cópias foram distribuídas para organizações de pesquisa
científica, agências governamentais, universidades, instalações militares e
bibliotecas (ver
pág. 46). Embora a relevância do material certamente pudesse ser debatida,
o relatório ofereceu um ponto de partida tangível para discussões e uma
conquista para os investigadores de sua época.
Então, o que aconteceu entre o início do NICAP, o auge do
interesse público nos anos 1960, o número crescente de membros, os relatos
sobre envolvimento da CIA, o declínio da organização e seu eventual fim nos
anos 1980? Para entender melhor a ascensão e queda do NICAP, assim como eventos
de relevância cultural e social ao longo do caminho, vamos começar explorando o
início. Isso nos leva à capital dos Estados Unidos. O ano era 1956.
Jack Brewer
Fonte: ufotrail
Tradução: Leonardo Vaz