Por terem trabalhado em alguns dos programas
aeroespaciais mais secretos do mundo,
toda essa nova conversa sobre OVNIs soa
muito familiar para esses dois homens.
É
um mistério de 70 anos que, até recentemente, tem sido amplamente relegado aos
rebeldemente curiosos da sociedade. Agora, graças a três vídeos do Departamento
de Defesa mostrando alguma espécie de aeronave não identificada disparando
através de espaço aéreo restrito, esse tópico dos OVNIs de repente reemergiu
como um assunto digno da atenção geral. Primeiro atingindo o público quase dois
anos depois de originalmente filmado por instrumentos de rastreamento e ataque
de caças F/A-18/F Super Hornet da Marinha, em 2004 e 2014-2015, o interesse
nesses vídeos aumentou devido a uma recente declaração oficial da Marinha
dizendo que, de fato, esses objetos borrados são "Fenômenos Aéreos Não
Identificados" ou "FANIs". Em outras palavras, seu tipo e origem
permanecem desconhecidos, pelo menos oficialmente.
Apesar
de toda a atenção da mídia e do público em geral, para um homem que trabalhou
em alguns dos programas aeroespaciais mais secretos do mundo, toda essa nova
conversa sobre OVNIs não é tão impressionante. Na verdade, para T.D. Barnes, um
ex-engenheiro de Projetos Especiais da Área 51, toda essa história sobre OVNIs
soa bastante familiar.
A
jornada de T.D. Barnes no mundo dos projetos secretos começou em 1954, quando o
jovem oficial de sistemas de radar do Exército foi selecionado para trabalhar
com o primeiro sistema de mísseis operacionais terra-ar (SAM), o Nike Ajax e
Nike Hercules. Mais tarde, através da empreiteira de defesa Unitech, Barnes
trabalharia na enigmática Estação de Rastreamento de Longo Alcance Beatty da
NASA e na Comissão de Energia Atômica (AEC) na tentativa conjunta de
desenvolver um motor para foguete nuclear para um voo tripulado a Marte, um
projeto com o codinome NERVA.
Finalmente,
no começo dos anos 1960, Barnes seria levado pela Agência Central de
Inteligência (CIA) para trabalhar no "Projeto OXCART", o
desenvolvimento do avião espião A-12, na ultra-reclusa e então tranquila Área
51.
Ex-Engenheiro de Projetos Especiais da Área
51, T.D. Barnes, parado em frente a um
Lockheed A-12, um dos muitos programas em
que Barnes trabalhou na Área 51
Quando
o foco se voltou para o sucessor do A-12, o SR-71 Blackbird, Barnes acabaria na
seção de Projetos Especiais da Área 51, parte da Divisão de Tecnologia
Estrangeira da Força Aérea (FTD). Até a aposentadoria de Barnes no fim dos anos
1970, por quase duas décadas, ele trabalharia profundamente em um mundo de
segredos governamentais de que a maioria nem faz ideia.
Sobre
os relatos recentes de OVNIs pela Marinha, com décadas trabalhando nos projetos
aeroespaciais mais avançados, T. D. Barnes tem uma teoria:
"Isso
me leva de volta para cerca de 1960, quando a CIA projetou e estava construindo
o Blackbird A-12 Mach 3 para substituir o U-2'', diz Barnes. Na época, a CIA
estava gravemente preocupada que o novo sistema de radar da União Soviética
"Tall King" fosse capaz de detectar o A-12 voando sobre o espaço
aéreo deles. Para combater essas preocupações, a CIA lançou um programa
audacioso para desenvolver tecnologia que poderia eletronicamente gerar e
interferir com alvos falsos nos radares soviéticos, para fazê-los
"ver" e rastrear "aeronaves fantasmas" não existentes. O
codinome do projeto era PALLADIUM.
Um A-12 Oxcart
O
''The War Zone'' foi o primeiro a estabelecer uma possível relação histórica
entre o PALLADIUM e os avistamentos de OVNIs pela Marinha na última primavera.
A história do projeto é essa:
Em
1960, quando a União Soviética moveu o sistema de radar Tall King para Cuba, a
CIA começou a usar secretamente o PALLADIUM para enganar os radares de defesa
aérea da Rússia para pensarem que aeronaves não-identificadas estavam voando em
direção e até no espaço aéreo cubano. Como um dos poucos membros da equipe
PALLADIUM, Barnes serviu como um artilheiro de defesa aérea (ADA) e oficial de
contramedidas eletrônicas/eletromagnéticas (ECM/ECCM) para o programa secreto.
"Usando
um C-97 [EC-97G], nós podíamos fazer os radares soviéticos acreditarem que eles
estavam rastreando qualquer quantidade de objetos aéreos'', disse Barnes.
"Em certo momento, um piloto de MiG-15 russo até alegou que podia ver o
alvo e travar sua mira nele."
Por
fim, o PALLADIUM avisou aos Estados Unidos que as capacidades dos radares
russos estavam muito avançadas e que, em breve, eles conseguiriam rastrear e
derrubar os aviões de vigilância Blckbird. Como resultado, nenhum voo de
vigilância tripulado foi conduzido sobre a Rússia com o jato.
No
que diz respeito aos encontros com OVNIs mais recentes da Marinha, Barnes diz
"Eu não tenho as respostas para o que os aviadores da Marinha viram, mas
acredito que estamos fazendo isso de novo."
Os
comentários de Barnes são incríveis devido ao informe exclusivo do ''The War
Zone'' sobre a última revolução da Marinha em guerra eletrônica, a Emulação em
Rede de Leituras de Múltiplos Elementos Contra Sensores Integrados, ou NEMESIS.
Similar
ao Projeto Palladium, dos anos 60, em seu nível mais básico, mas quase
inconcebivelmente superior em escala e capacidades, NEMESIS dá à Marinha a
habilidade de simultaneamente enganar uma vasta gama de sensores inimigos
espalhados sobre uma grande área, dando a ilusão de frotas fantasmas abaixo da
superfície do oceano e formações de aeronaves no céu. O sistema obscuro alcança
isso via a junção de um vasto conjunto de plataformas diferentes de guerra
eletrônica e simulações, incluindo vários enxames de aeronaves não tripuladas,
para criar efeitos de alta fidelidade e unificados de guerra eletrônica em um
campo de batalha.
S. Eugene Poteat na sede da CIA
Sobre
a possível ligação entre o PALLADIUM com os recentes eventos com OVNIs,
aparentemente não há ninguém mais capaz de dar respostas que o discutível pai
da inteligência de guerra eletrônica, oficial executivo aposentado da CIA, S.
Eugene "Gene" Poteat. Descrito como um dos "Magos de
Langley", Poteat é o homem que fundou e por 15 anos dirigiu o PALLADIUM,
enquanto trabalhava no escritório do Diretório de Ciência e Tecnologia da CIA.
Hoje
aos seus 80 anos, em uma entrevista rara, Poteat disse que não conhecia os
encontros recentes com OVNIs pela Marinha, mas admitiu que estes soavam
"interessantes". Por fim, Poteat disse precisaria ver mais dados da
Marinha para poder dar sua opinião.
Uma
fonte de discórdia entre entusiastas por aviação e OVNIs é que, além dos
relatos de testemunhas da Marinha e os três breves vídeos ATFLIR liberados pela
companhia relacionada a OVNIs To The Stars Academy, do ex-líder do Blink-182,
Tom Delonge, nenhum outro dado sobre os alegados encontros com OVNIs foi
tornado público.
Poteat
foi, entretanto, capaz de oferecer alguns detalhes pouco conhecidos sobre o
PALLADIUM, que detêm uma possível importância em relação aos relatos recentes
de OVNIs. "Para determinar a habilidade da Rússia em detectar pequenos
alvos, nós usávamos esferas metálicas presas a balões lançadas de submarinos'',
disse Poteat. "A ideia era que o radar de aviso prévio rastreasse nossa
aeronave eletrônica. Então nosso submarino vinha à superfície e liberava as
esferas calibradas no caminho oposto ao da falsa aeronave."
Apesar
das descrições das "esferas metálicas presas a balões" parecerem
similares com os relatos de testemunhas de OVNIs, Poteat explicou que as esferas
de diferentes tamanhos eram usadas para detectar as capacidades de intersecção
dos radares russos e não para tentar enganar a União Soviética a pensar que
eles estavam vendo discos voadores.
Esse
fato foi previamente descoberto por Tyler Rogoway, do ''The War Zone'', que
também descobriu uma patente de radar refletor carregado por balão que se
encaixa na descrição de exatamente o que alguns pilotos de Super Hornet viram
na Costa Leste em 2015, descrito como "esferas com cubos dentro" que
flutuavam de forma bizarra.
Similar
à o que Rogoway supôs, a descrição de Poteat de balões-radar lançados de
submarinos serve como uma possível explicação para pelo menos alguns desses
estranhos encontros.
Imagem da CIA de 1955 de um balão de
vigilância lançado de um submarino
Sem
dúvida, há algumas semelhanças notáveis entre quando os grupos dos porta-aviões
USS Nimitz (em 2004) e o USS Roosevelt (em 2014-2015) começaram a encontrar
esses objetos aéreos desconhecidos. Isto é, esses encontros ocorreram apenas
depois dos grupos terem começado a usar um conjunto de tecnologias novas e
altamente sofisticadas, ambas as quais o ''The War Zone'' foi o primeiro a
destacar.
Nos
dois exemplos, 2004 e 2014-2015, os grupos dos porta-aviões estavam equipados
com novos sistemas revolucionários que forneceriam a eles grandes saltos nas
capacidades conjuntas de defesa aérea. No primeiro exemplo, pioneira na
Marinha, a Capacidade de Participação Cooperativa (CEC) estava se preparando
para sua primeira implantação. No segundo, uma evolução muito mais capaz que a
CEC estava pronta para uma implantação, junto com o novo e altamente capaz E-2D
Advanced Hawkeye, que é ligado ao ecossistema CEC. O ''The War Zone'' cobriu
com profundidade esse sistema de defesa aéreo integrado de ponta e como ele se
encaixa com a história mais ampla sobre os encontros dos pilotos da Marinha.
Também,
por volta de 2015, muitos caças Super Hornet ganharam um novo sistema de radar
significativamente evoluído, Conjunto de Escaneamento Eletronicamente Ativado
(AESA). Isso parece ter ajudado drasticamente com a detecção dos objetos
difíceis de rastrear em questão.
T.D.
Barnes acredita que a implantação dessas novas tecnologias são a chave e
acredita que os prováveis ''encontros com OVNIs'' da Marinha envolveram
simultaneamente o teste das capacidades de defesa aérea dos navios e a
habilidade das novas tecnologias em derrotá-los. "Testar e avaliar
tecnologia avançada, tanto a doméstica quanto a de nossos adversários, foi
muito do que fizemos enquanto eu estava nos Projetos Especiais na Área
51", disse Barnes.
Alguns
argumentam que se os encontros com OVNIs da Marinha tivessem relação como
testes secretos, os militares teriam sido informados e estariam cientes de que
eram parte de uma missão de treinamento. Ainda sob juramento de segurança, T.D.
Barnes tinha limites sobre o que poderia dizer, entretanto, o veterano da Área
51 não refutou diretamente a ideia de que os marinheiros estariam cientes de
planos operacionais se estes fossem eventos de treinamento.
"Quando
estávamos testando o MiG-21 contra nossos aviões, nós geralmente usávamos
pilotos da Guarda Nacional, aos quais apenas era dito que estavam em uma missão
secreta contra tecnologia estrangeira na Área de Testes de Nellis. Eles não
sabiam nada sobre ser um projeto da Divisão de Tecnologia Estrangeira da CIA,
DIA, Marinha e Força Aérea na Área 51'', disse Barnes.
Mesmo
com os relatos das testemunhas e as declarações recentes da Marinha de que
esses objetos são realmente "não-identificados", T.D. Barnes ainda
sente que certamente alguém no Pentágono sabe exatamente com o que os grupos
dos porta-aviões Nimitz e Roosevelt estavam lidando. Na opinião de Barnes, os
vídeos ATFLIR editados e reduzidos, e a conduta dos pilotos sugerem que os
aviadores estavam pelo menos vagamente cientes do que eles estavam perseguindo.
"Nos vídeos que vi, os pilotos estavam celebrando. Eu acho que eles
sabiam", disse Barnes, se referindo aos vídeos "Go Fast" e
"Gimbal". Com os pilotos que falaram sobre os incidentes, todos
negaram ter qualquer conhecimento do que eram os objetos misteriosos que eles
encontraram.
Captura do vídeo do Departamento de Defesa
"OVNI Nimitz"
Para
a Marinha, mostrar uma evidência de vídeo e dizer que é um "Fenômeno Aéreo
Não Identificado" representa um movimento raro de um ramo das Forças
Armadas dos EUA. Para muitas pessoas, essa declaração parece fechar a porta
para qualquer debate se os objetos em questão são tecnologia aeroespacial
altamente exótica ou secreta. Entretanto, fazendo referência à cobertura do
''The War Zone'' sobre os Programas de Acesso Especial (SAPs), se essas
aeronaves estão relacionadas a um SAP desconhecido ou SAP desconhecido e
revogado, a existência dessa tecnologia seria negada a todos de fora do
programa. Além disso, se essas são tecnologias altamente secretas emergindo de
um SAP sendo comandado por outro ramo do Departamento de Defesa, a Marinha
poderia realmente não ter conhecimento do que esses objetos realmente são.
Barnes
me disse saber que muitos avistamentos de OVNIs no passado, nas regiões de
Seattle e no Sul da Califórnia, eram, na verdade, testes aeroespaciais
avançados feitos pela Boeing ou Skunkworks da Lockheed Martins. De acordo com
Barnes, esses voos de "prova de conceito" frequentemente ocorrem
antes da companhia levar a plataforma para a Área 51 na esperança de vendê-las
para a Força Aérea, Marinha ou outros ramos do governo.
Quando
perguntados, ambos T.D. Barnes e Gene Poteat se abstiveram de comentar sobre se
sabiam da existência de qualquer plataforma aeroespacial de forma oblonga, com
capacidade hipersônica.
Sobre
o assunto dos OVNIs em geral, T.D. Barnes me deu essas palavras de despedida:
"Na
High Range da NASA e na Área 51, eu passei milhares de horas rastreando
aeronaves. Apesar de ter rastreado várias que não pude identificar, nunca
suspeitei que elas fossem extraterrestres. Nos mesmos projetos, trabalhei com
muitos pilotos operacionais e de testes. Nunca ouvi de algum suspeitando que
podia ter avistado um OVNI.
Eu
acredito que um avistamento extraterrestre verdadeiro empolgaria o mundo ao
ponto em que haveria bilhões de pessoas apagando as luzes para olhar para os
céus, esperando ver o que quer que fosse. A mídia só falaria sobre isso.
Fonte: the war zone
Nenhum comentário:
Postar um comentário