Congresso dos EUA: Sua Fonte de Referência para o Teatro dos OVNIs
Como alguns ufólogos afobados, sancionados pelo Congresso, acabaram com os padrões mínimos de supervisão séria do governo.
Fatos não importam na busca por “fatos” se você faz parte da Força-Tarefa do Congresso para a Desclassificação de Segredos Federais.
O vídeo do “orbe” misterioso
Em 09 de setembro, o Deputado Eric Burlison apresentou ao Comitê de Supervisão da Câmara um vídeo impressionante. O clipe de 50 segundos, supostamente registrado por um drone MQ-9 Reaper operando na costa do Iêmen em 30 de outubro de 2024, mostrava um misterioso “orbe” voador sendo atingido por um míssil Hellfire. O objeto é atingido e, inexplicavelmente, continua seu trajeto como se nada tivesse acontecido.
Mas tudo se esvaziou bem rápido. Uma análise mais detalhada mostrou que o projétil seguiu sem detonação visível. Analistas independentes do Metabunk e outros sites concluíram que o alvo era provavelmente um balão, e que a “borda preta” era apenas um artefato de imagem. O Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios (AARO) do Pentágono já havia mostrado como paralaxe e sensores enganam observadores. Em outro caso de 2024, o órgão confirmou com alto grau de confiança que o objeto era um balão metálico refletivo.
O comitê e o espetáculo
A força-tarefa de Luna focou em conspirações que empolgam a base eleitoral de Trump — de Epstein a Antifa — e, claro, os UAPs. No caso do “orbe”, Burlison publicou imagens não verificadas e anônimas no Registro do Congresso, sem qualquer checagem básica.
Entre os depoentes estava George Knapp, jornalista de Las Vegas, conhecido por cobrir OVNIs desde 1989, quando entrevistou Bob Lazar. Knapp reforçou alegações antigas sem evidências novas, baseando-se em fontes não nomeadas e histórias não corroboradas. O comitê o tratou como autoridade não por suas provas, mas por sua reputação.
De supervisão a marketing
Isso não é governança — é marketing viral disfarçado de supervisão. O Congresso promove manchetes em vez de confirmar fatos. Ou os responsáveis não sabem mais como supervisionar, ou simplesmente não se importam.
O caso David Grusch
David Grusch, veterano da Força Aérea, afirmou sob juramento que o governo americano mantinha programas de engenharia reversa e possuía restos “não humanos”. Porém, não apresentou nenhuma evidência física — apenas boatos. Mesmo assim, suas declarações viralizaram no mundo todo.
Grusch recusou compartilhar informações em sessões sigilosas com o AARO, levantando dúvidas sobre sua credibilidade. Ainda assim, construiu uma carreira midiática com entrevistas e especiais sobre OVNIs, transformando alegações não verificadas em conteúdo viral.
A desinformação institucionalizada
Em vez de tratar as alegações como informação sigilosa a ser verificada, o Congresso criou palco para boatos. O resultado foi uma onda de desinformação amplificada por canais oficiais. Quando a verificação tardia mostrou que Grusch não possuía as autorizações que dizia ter, o estrago já estava feito.
Histórico de manipulação
Desde 1979, o governo americano já usou a mitologia dos OVNIs como distração. O caso Paul Bennewitz é emblemático: a Força Aérea alimentou falsas narrativas sobre alienígenas para mascarar operações secretas. Décadas depois, a tática continua — agora com ajuda do Congresso.
Teatro em vez de transparência
Na economia da atenção, é mais fácil gerar influência com espetáculo do que com política real. O NewsNation, por exemplo, viu sua audiência crescer 332% com cobertura de UAPs. Cada hora gasta nesse “teatro” é uma hora sem governança.
Enquanto o balão continua à deriva, o Congresso segue disparando mísseis que nunca detonam.
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