Artigo de João Marcelo Marques Rios
Foto: Ariane SchiochetComo resido a apenas 200 km de Varginha, e por conhecer o descobridor do caso o advogado e professor universitário Ubirajara Rodrigues, pude acompanhar de perto as investigações do Caso Varginha e os momentos históricos da ufologia brasileira naquela cidade.
Pouca gente sabe, mas uma das principais testemunhas do caso,
o médico nefrologista doutor Fernando Eugênio do Prado, já falecido, foi
localizado por mim. Ocorria um congresso de nefrologia em Belo Horizonte em
1997 e nele estava um outro nefrologista de São João Del Rei, que nos contou o
ocorrido:
Em uma mesa de restaurante durante uma confraternização dos
médicos surgiu o assunto do ET de Varginha e todos começaram a constranger o doutor
Fernando, que reagiu dizendo que o caso era verdadeiro e que ele vira a
criatura no Hospital Regional.
Eu passei a informação para Rodrigues, que conversou com o
médico, mas o profissional negou tudo. Recentemente, eu e Marco Leal
conversamos com um médico de Varginha que encontrou o doutor Fernando Eugênio
do Prado nos corredores do Hospital Humanitas alguns anos após o caso.
Prado teria, então, lhe confidenciado que mentira para os
ufólogos, e que realmente vira uma criatura estranha em uma maca no Hospital
Regional. Segundo Prado, ele foi barrado ao tentar se aproximar e notara que
havia médicos de fora da cidade no local. Ele disse que mentira por não querer
aborrecimentos e nem se envolver com a história.
A partir de 2016, resolvi retomar as investigações do caso
após conseguir localizar um general da reserva que estaria diretamente
envolvido, e fora citado em 1996 por dois militares da Escola de Sargentos das
Armas, que gravaram depoimentos em vídeo.
Segundo eles, o general havia sido deslocado de Brasília para
Três Corações, a fim de estancar as informações que estavam vazando. Ele
estaria a par da verdade sobre o caso. Tal militar era do círculo íntimo de
amizades, e um dos poucos a frequentar fins de semana, em Brasília, com o general
e ex-presidente Geisel, segundo apurou o pesquisador Giordano Mazutti.
Marco Leal, pesquisador do Caso Varginha
Em um evento na cidade de Lambari, em Minas Gerais, encontrei
o pesquisador Marco Leal, e como já tínhamos os dados do general, decidimos ir
atrás dele, e de todas as outras testemunhas civis e militares do caso que
jamais haviam conversado ou sido contatadas pelos ufólogos. A partir dali, e
nos últimos quatro anos, localizamos dezenas de testemunhas e iniciou-se um
árduo trabalho de filtrar e verificar as informações a fim de se obter os
contatos telefônicos e endereços corretos das testemunhas.
Em muitas ocasiões tínhamos mais de 10 números diferentes e
ligávamos um por um até chegar no número certo. Também muitas vezes uma
testemunha era localizada e nos dirigíamos a três ou 4 endereços diferentes na
mesma cidade, até se chegar ao endereço correto. Algumas vezes, a pessoa não
residia mais ali e vizinhos e o novo morador nos colocavam a par do novo
endereço.
Dessa forma fizemos centenas de ligações, visitamos dezenas
de endereços e conversamos com dezenas de testemunhas em várias cidades do sul
de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e outros estados.
Pesquisador Giordano Mazutti
Este artigo tem a intenção de enumerar as principais
informações novas obtidas, os pontos favoráveis e contrários ao envolvimento
militar nos alegados fatos, e deixar a decisão ao leitor, pois em minha visão o
caso será sempre inconclusivo, como bem disse seu descobridor Ubirajara
Rodrigues, em seu livro lançado em 2001.
No início de nossa investigação existia um mito na ufologia
brasileira de que jamais conseguiríamos conversar com as testemunhas militares,
já que a pressão para manter o segredo é enorme e que todas seriam impedidas de
falar. Mas, pelo contrário, salvo algumas raras exceções, todos nos atenderam
educada e pacientemente, e com muito respeito.
Algumas pessoas nos receberam em suas casas e cheguei até a
almoçar na casa de uma delas, o coronel da reserva do corpo de bombeiros de
Minas Gerais José Francisco Maciel, em Belo Horizonte. Assim como Maciel, a
maioria das testemunhas nega qualquer envolvimento nos fatos alegados pelos
ufólogos e diz não saber nada sobre as supostas capturas e o acobertamento de
fatos.
Considero, inclusive, o maior trunfo da investigação
conduzida por mim, Marco Leal e Giordano Mazutti, as entrevistas gravadas em
vídeo com o doutor Konradin Metze – cientista da Unicamp que teria autopsiado a
criatura juntamente com Badan Palhares – e com o soldado Ricardo de Melo,
motorista de um dos caminhões do comboio que teria retirado a criatura já morta
do Hospital Humanitas, no fim da tarde do dia 22 de janeiro de 1996. Ambos
negam veementemente os acontecimentos e consideram tudo uma grande fantasia.
Por outro lado, conversamos em duas oportunidades com um
militar da reserva do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais que nos confirmou pela
primeira vez, e de forma histórica, que realmente houve pelo menos uma ligação
para a central, por volta de 09h00 do dia 20 de janeiro de 1996, informando a
presença de algo estranho no bairro Jardim Andere.
O militar alega que estava podando árvores juntamente com o
soldado Santos, já falecido, e o soldado Nivaldo. Segundo seu testemunho, ele recebeu
uma mensagem via rádio para verificar a ocorrência e nos disse: “Procuramos...
encontramos” e, depois, ele se corrige e diz: “Procuramos, não achamos
nada e continuamos a podar das árvores”.
Com relação a suposta captura da manhã do dia 20, conseguimos,
de forma inédita com um oficial dos Bombeiros, a escala de serviço daquele dia
20, e podemos hoje afirmar que estavam de serviço naquele dia: sargento Bernardes,
os cabos Andrade, Rubens e Domingos, e os soldados Nivaldo, Lemes, Anderson,
Santos e Joaquim.
Como se percebe, o sargento Palhares – citado como um dos
militares envolvidos na captura da manhã – não estava de serviço naquele dia,
ele só entrou de serviço às 08h00 do dia 21 de janeiro, ou seja, no dia
seguinte. Nas duas ocasiões em que nos encontramos com ele em sua casa, em
Varginha, ele nos disse que seu nome fora indevidamente envolvido na história.
Palhares alega que nada aconteceu, que não ficou sabendo de coisa
alguma e que ninguém comentou sobre a suposta captura. Ele também negou que
tenha havido uma reunião na sede dos Bombeiros de Varginha, na qual os
militares teriam sido orientados a manter sigilo sobre os acontecimentos.
A única coisa que ele
confirma ter acontecido foi que, por volta das 08h00 do dia 21, domingo, quando
ele estava entrando no serviço, uma viatura da Polícia Militar de Minas Gerais
o abordou querendo mais detalhes sobre a captura de algo estranho no dia
anterior, ao que ele respondeu: “Não sei de nada, ontem não estava
trabalhando, estou entrando no serviço agora”.
Ainda falando sobre a suposta captura da manhã do dia 20, outra
questão a ser analisada é o depoimento de testemunhas dizendo que viram uma
caixa ser colocada na caçamba de um caminhão do Exército, conduzido por um
tenente. Esse seria um fato que não é usual, já que somente praças dirigem as
viaturas, e nunca oficiais.
Na verdade, não existe testemunha direta da captura da manhã,
somente testemunhas indiretas. Uma delas é o pedreiro Henrique José da Silva,
que trabalhava em uma obra próxima e alegou ter visto uma movimentação em um
barranco abaixo da rua Suécia, e que depois as pessoas lhe disseram que algo
estranho havia sido capturado pelos Bombeiros e entregue ao Exército.
Nós o localizamos e conversamos com Silva em 2019. Segundo nos
disse Silva, ele estava na obra e viu o caminhão do corpo de bombeiros descer e
algumas pessoas irem atrás dele, ele também disse ter visto o momento em que
algo, dentro de uma rede, foi colocado em cima da viatura dos Bombeiros.
O fato curioso é que um integrante do Corpo de Bombeiros nos
confirmou que realmente havia uma caixa de compensado naval no caminhão da
corporação de Varginha, onde eram guardadas as ferramentas. Será que essa foi a
tal caixa usada para colocar a criatura?
Silva, alegou, também, que carros da polícia começaram a
passar pela obra após seu relato aparecer no programa Fantástico, da
Rede Globo de Televisão, e que tudo foi uma intimidação que resultou em sua
demissão. Ele disse que se mudou para uma cidade próxima, ficou lá por alguns
meses e depois retornou à Varginha.
Sempre ficamos nessa gangorra entre a confirmação e a
negação.
Nós localizamos uma das principais testemunhas do Caso
Varginha, um informante militar sobre a captura da manhã do dia 20 de janeiro
de 1996, com quem conversamos em duas ocasiões, na porta de sua casa, em uma
cidade do sul de Minas Gerais.
Em 1996, ele chegou em sua casa comentando sobre a tal
captura, que confidenciou ao dono da casa por ele alugada, que morava no
segundo andar, e ao filho dele. Como o filho era amigo do pesquisador Vitório
Pacaccini, a notícia correu e Pacaccini foi atrás da testemunha que, mesmo com
muito temor, gravou um depoimento em áudio detalhando a captura da manhã. Esse
relato é uma das principais peças do quebra-cabeça do caso Varginha.
Para nossa surpresa, choque e espanto, a testemunha voltou
atrás e disse que inventou tudo, que fora convencida a isso por Pacaccini, e
que se arrepende de ter tomado parte da farsa. Entretanto, há outra nuance a
ser analisada. Esse, aliás, e um caso com muitas nuances.
A testemunha morava em uma casa alugada no térreo e o
proprietário morava na parte de cima e eram amigos de décadas. Quando comprou a
casa, a amizade foi desfeita porque houve uma disputa judicial pela propriedade
e pelo uso da garagem que ficava no térreo. Isso abre a possibilidade de a
testemunha ter voltado atrás para, de alguma forma, atingir o ex-amigo, que foi
quem intermediou o encontro com o Pacaccini. Ou realmente nada houve e ele se
arrepende do que fez?
O fato é que um militar que não estava de serviço é citado na
narrativa da captura da manhã e um oficial dirigindo um caminhão não é usual no
Exército, além do que não há testemunhas diretas da suposta captura ocorrida
por volta das 10h30min da manhã do dia 20 de janeiro de 1996. Até hoje não se
sabe a identidade do tenente e dos dois sargentos que estavam no caminhão que
teria levado a criatura – capturada pelos bombeiros e colocada na caixa, na
caçamba do caminhão –, para a Escola de Sargentos das Armas.
Ainda com relação a alegados fatos ocorridos naquela manhã, o
pesquisador Marco Leal, graças a uma dica fornecida pelo descobridor do caso, o doutor
Ubirajara Rodrigues, conversou com uma nova testemunha que coloca o Exército no
Jardim Andere naquele dia.
A pessoa tinha 14 anos à época, e viu o Exército isolando uma
área abaixo da rua Suécia, a aproximadamente 50 m de distância de uma linha
férrea desativada, naquela manhã. A testemunha notou quando algo foi
transportado dentro de um saco. E, aqui, verificamos um outro complicador:
muitas vezes, novas testemunhas narram fatos desconhecidos que não corroboram a
narrativa já estabelecida, o que fragmenta a história e abre novas linhas de
investigação e possibilidades.
Como já frisado, muitos ufólogos acreditavam que os
militares, especialmente do Exército, jamais conversariam conosco e muito menos
concordariam em gravar depoimentos. Quase todos conversaram e um deles, soldado
de Melo, nos recebeu em sua casa, aceitou gravar em vídeo e autorizou a
divulgação.
Se estivessem envolvidos em um grande processo de
acobertamento de algo dessa envergadura, como foram tão receptivos ao nosso
contato, nos atendendo com tanta atenção e paciência, conversando naturalmente
sobre o assunto, negando saber de alguma coisa e até, no caso do José Maciel,
me permitindo almoçar em sua casa com sua família, ocasião em que lhe fiz
diversos questionamentos?
Uma das primeiras pessoas procuradas por nós foi o general da
reserva Sérgio Lima, a quem contatamos por carta e telefone, uma vez que ele
não aceitou nos encontrar em sua cidade. Por telefone, ele nos garantiu que
nada houve, que foi tudo inventado, e autorizou a divulgação do telefonema.
Em contatos posteriores, ele se prontificou a responder
perguntas, que lhe foram enviadas por carta e e-mail. Porém, o general voltou
atrás e não quis responder, passando os questionamentos ao Centro de
Comunicação Social do Exército (CCOMSEX), a fim de nos atender. Como não
obtivemos resposta procuramos o CCOMSEX e o coronel Nador Brandão nos disse
que nada recebera do general Lima, e que somente o CCOMSEX estaria autorizado
a falar sobre Varginha e ninguém poderia fazê-lo, somente se autorizado por
eles. Nossas perguntas jamais foram respondidas e somente uma resposta padrão nos
foi enviada, dizendo que o tema fora encerrado com o IPM feito em 1997.
Em contraponto ao depoimento de Lima conversamos, em uma
cidade do sul de Minas Gerais, com uma importante autoridade, que ocupava
posição de destaque em 1996. A testemunha alega que era amigo de Lima e que
ficou sabendo sobre uma movimentação estranha e resolveu verificar o que estava
acontecendo. Ao se aproximar do Hospital Humanitas, teria visto tudo isolado
pelo Exército, e algo sendo transportado e colocado na caçamba de um caminhão.
Como era uma autoridade, conhecia Lima e tinha acesso à
Escola de Sargentos das Armas decidiu seguir o comboio, entrou na EsSA e foi
falar com o comandante da escola, que lhe disse ser o assunto de segurança
nacional e que nada poderia falar.
Essa importante testemunha teria uma foto da criatura e duas
pessoas que não se conhecem, que já a teriam visto, juram que não se trata de
desenho ou uma arte, mas de uma foto da criatura capturada. Infelizmente, e
como ocorreu muitas vezes durante nossa investigação, o depoente se afastou e
não atende mais às nossas ligações.
Muitas consideram a testemunha de um milhão de dólares o
tenente-coronel Olimpio Vanderlei Santos, militar da EsSA que teria comandado
toda a operação de retirada da criatura já morta do Hospital Humanitas e seu
posterior traslado até a Especex, em Campinas.
Santos era um militar muito conhecido e respeitado e tinha,
inclusive, em seu currículo, o curso de guerra bacteriológica, química e
nuclear. Curiosamente, em seu facebook ele compartilhou um vídeo que produzimos
sobre o caso intitulado Caso Varginha Minuto a Minuto, e durante nosso
contato se mostrou aberto e interessado pela questão dos UFOs.
Santos, entretanto, afirma que nada houve, que não teve
participação em nenhuma missão secreta envolvendo uma criatura estranha, e que
ficou surpreso ao ver seu nome veiculado em rede nacional pelo programa
Fantástico. Ele nos disse que assim que viu a reportagem da Rede Globo ligou
para o general Lima e disse: “olhe, general, estão dizendo que a EsSA
capturou um ET e que eu comandei tudo, estou avisando ao senhor antes”.
Olimpio disse, de forma surpreendente, acreditar que algo
tenha ocorrido, mas que não teve participação naquilo, e que se tivesse
envolvido em algo secreto ele, como bom militar, teria mantido o sigilo. Uma
das coisas, entretanto, que me disse chamou minha a atenção e eu nunca mais a esqueci:
“vocês querem tanto acreditar nessa história que não há nada que eu diga que
os fará mudar de ideia e convencê-los de que nada ocorreu”.
Outro militar procurado foi o tenente Márcio Tibério, hoje
coronel do Exército Brasileiro. De acordo com relatos da época, ele teria
filmado a retirada da criatura do Hospital Humanitas no dia 22 de janeiro de
1996. Ele nos disse que só falaria mediante autorização do Cecomsex, por ser
militar muito disciplinado, e quis saber quais eram os nomes dos militares que
vazaram informações para os ufólogos.
Já o capitão Ramirez, hoje general, riu de toda a história,
disse que não se lembrava de nada e que nada tinha a dizer sobre o caso do ET
de Varginha. Outro militar supostamente envolvido no caso que se negou a nos
receber ou atender a nossos telefonemas foi o sargento Pedrosa. O outro
motorista do comboio, que teria sido o soldado Cirilo, nos disse ser tudo
fantasia e que se ETs existissem isso estaria claro nos textos bíblicos. Também
Vassalo e Welber Rodrigues foram procurados e negaram veementemente qualquer
envolvimento e/ou operação secreta em Varginha para retirada de uma criatura
estranha do Hospital Humanitas.
O único motorista do comboio que aceitou gravar uma
entrevista em vídeo foi o soldado Ricardo de Melo, que também autorizou a
divulgação do vídeo para, segundo ele, dar fim a uma história fabricada. Ele
disse que todos os motoristas eram amigos e caso algo tivesse ocorrido saberiam
e que nada chegou aos seus ouvidos.
Também foram procurados os generais Délio de Assis Monteiro,
Alberto Mendes Cardoso, Gleuber Vieira e Paulo Neves de Aquino. Os quatro
teriam sido informados sobre o caso, à época, e teriam inclusive participado de
uma visita à Unicamp, em maio de 1996, para ver a criatura em instalações
daquela universidade. Todos eles negaram qualquer envolvimento.
Evento em Varginha em 2003: da esquerda para a direita: João Marcelo, Ubirajara Rodrigues, Wallacy Albino, Arthur Neto, Ademar Gevaerd, Marco Petit e Reginaldo de Ataíde.
Por outro lado, conversamos com militar de alta patente, já da reserva, que nos relatou a chegada do comboio vindo da EsSA, à Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em janeiro de 1996, e também a tal visita dos generais a EsPCEx em maio de 1996, com posterior visita a Unicamp para supostamente verem a criatura. Seriam todos os comandantes de área, e de acordo com nosso informante, os generais ficaram mais de 10 horas em destino incerto e desconhecido.
Da Polícia Militar de Varginha conversamos com o comandante
da época Maurício Antônio dos Santos e com o capitão Sebastião Siqueira. O
primeiro teria estado no local da captura da manhã, na Rua Suécia, e o segundo estaria
na retirada da criatura do Hospital Humanitas, inclusive muito nervoso e
filmando tudo. Ambos negaram e disseram que não têm nada a dizer sobre o caso,
que é tudo uma grande mentira.
Em relação aos Bombeiros, foram procurados o comandante da
época major Maciel, o sargento Palhares, o soldado Nivaldo, o sargento
Bernardes, o cabo Luiz Rubens. Todos negaram a história e o major Maciel, hoje
coronel da reserva, me disse: “se eu tivesse chegado no local da captura e
uma caixa já estivesse lá, tampada, com algo misterioso dentro, eu exigiria ver!
Que história mirabolante é essa em que meus subordinados veem tudo e eu, o
comandante não vejo?”.
Também colhemos o
depoimento do coronel Giuvaine de Moraes, que comandou a unidade dos Bombeiros,
em Varginha, alguns anos após o caso. Ele disse que por causa de uma ação da
Lei de Acesso a Informações (LAI), teve que procurar em todo o quartel por
qualquer documentação relativa ao caso, assim como também em Belo Horizonte.
Ele conta que nada foi achado, somente alguns recortes de
jornais, e que perguntou e investigou o caso, já que se interessa pelo tema,
mas que concluiu que nada houve e que ninguém soube informar nada acerca da
captura de uma criatura estranha por militares dos Bombeiros naquela cidade.
Sobre as testemunhas civis, nos encontramos com um
funcionário do Hospital Regional que nos confirmou que havia pelo menos um
caminhão do Exército ali, alas isoladas e pressão para todos ficarem calados.
Também localizamos o médico que teria atendido a criatura no
Hospital Humanitas. Pessoas próximas a ele nos garantiram que o médico
confidenciou ter atendido a criatura dentro daquele hospital, mas que sempre se
esquivava e não dava muitos detalhes.
Algo curioso ocorreu quando tocamos o interfone da casa desse
médico e a esposa dele, talvez em um ato falho, disse: “teve isso daí mesmo”,
quando dissemos qual era o propósito de nossa visita. Outro relato foi o do
ex-diretor do Hospital Regional e um dos donos do Hospital Humanitas em 1996,
Adilson Usier.
Ele ligou para o pesquisador Marco Leal em 1997, ano em que
ocorreria um evento de ufologia em Varginha. Usier queria se apresentar para
contar a verdade sobre o caso, e o que de fato teria ocorrido. Alegou que não
vira nada, mas que o caso tinha ocorrido, entretanto o que ele fez foi somente
replicar informações que são públicas desde 1996.
Em contatos posteriores ele disse que estava na cidade, mas
que quando chegou aos hospitais a criatura já fora retirada. Disse também que
foi usado o pretexto da chegada de equipamentos médicos no Humanitas para
justificar a movimentação incomum, e que um médico o havia informado sobre a
criatura no hospital. Em um dos últimos contatos, entretanto, Usier mudou o
discurso e disse que era tudo uma grande mentira e que iria reunir testemunhas
do caso, inclusive Badan, para expor tudo e denunciar a farsa. Após isso, em
outro contato, disse que não desejava se envolver mais com o assunto e queria
ser deixado em paz.
Para nós causou estranheza o diretor do Hospital Regional e
um dos donos do Humanitas não ter visto nada, ter sido informado por terceiros
e só ter chegado após tudo ter sido retirado. Em conversas com um parente de
Usier, nos foi confirmado que ele estava na cidade no fim de semana do caso e
também na segunda-feira, data da suposta retirada da criatura do Humanitas.
Tentei obter mais informações e argumentei: “mas ele
estava na cidade, ficou sabendo, mas não foi lá? Ele teve o domingo inteiro
para ir até lá e quase a segunda-feira toda!” O parente dele se esquivou e
não respondeu. Também uma enfermeira, hoje residente em Pouso Alegre, que
trabalhava no Humanitas disse que estava trabalhando na segunda-feira e que
nada viu de diferente, nem militares do Exercido, bombeiros, movimentação
estranha e muito menos alas isoladas. Para ela, foi um dia normal de trabalho a
segunda-feira, 22 de janeiro de 1996.
No curso de nossa investigação, conseguimos gravar uma
entrevista com um militar reformado da Inteligência do Exército. Ele narrou a
presença de uma barraca muito sofisticada na EsSA, ainda na primeira quinzena
de janeiro de 1996, e que teria feito a segurança do local.
Dentro da barraca haveria uma caixa de aço inoxidável, na
qual ninguém podia tocar, e muitos procedimentos de biossegurança como, por
exemplo, limpeza constante, uso de luvas, máscara, proteção nas botas. Os
militares tinham que pisar em algo parecido com cloro e se limpar com algo
parecido com álcool gel. Depois, a tal caixa foi colocada em um avião no
aeroporto de Varginha, e enviada para Campinas.
Devido a inúmeras contradições e informações que não procedem,
hoje descartamos por completo esse depoimento assim como o relato de Carlos de
Souza, que teria chegado ao local da queda de um objeto estranho na fazenda
Maiolini, no dia 13 de janeiro de 1996, devido a inúmeras contradições,
discrepâncias e pontos divergentes entre o relato de 1996 e o de 2018.
Como contraponto a isso, recebemos informações obtidas por um
ufólogo que prefere o anonimato. Ele conheceu parentes de um brigadeiro que
teria participado do transporte da criatura capturada em Varginha para os
Estados Unidos. Durante uma confraternização, ele contou que existia vida fora
da Terra, que o Caso Varginha fora real e, então falou do transporte da
criatura.
Seu filho tentou intermediar um encontro conosco a fim de
obtermos mais informações, porém ele disse que o assunto era secreto e dizia
respeito somente às Forças Armadas.
O ponto alto da investigação foi a entrevista com o professor
doutor Konradin Metze da Unicamp, um dos cientistas que teria autopsiado o ET
de Varginha.
Antes da gravação, conversei com a esposa dele e depois com
ele por telefone, e só então o pesquisador Marco Leal gravou com ele, perto do
Hospital das Clínicas da Unicamp. Metze negou tudo, e disse que seu nome fora
envolvido indevidamente na história.
Ele, inclusive, demonstrou interesse e conhecimento de
temáticas ligadas aos ufos, como os contatos de Elba Ramalho. Disse que, como
cientista, adoraria ter feito a autópsia, mas que infelizmente não teve essa
honra. O cientista confirmou uma informação que está no primeiro livro sobre o
caso, que foi escrito por Vitório Pacaccini. Metze disse que nunca se deu muito
bem com Badan Palhares, e está no livro que após um desentendimento, ele teria
rompido com Palhares e se retirado do grupo de pesquisas da criatura.
O que nos surpreendeu, na verdade, foi a total falta de
repercussão da entrevista com Metze em blogs, sites, canais e veículos
divulgadores de ufologia. O cientista que teria autopsiado o ET de Varginha
falou após 24 anos, mas ninguém se importou!
Este texto despretensioso é uma singela homenagem aos
investigadores Ubirajara Rodrigues, Vitório Pacaccini, Claudeir Covo, Marco Antonio Petit, Osvaldo Mondini, Eduardo
Mondini e Jamil Villa Nova.
Um dos mitos do caso seria de que o descobridor dele, o
advogado e professor universitário doutor Ubirajara Rodrigues, foi comprado e
pressionado, foi admoestado e por isso se afastou da ufologia. Tudo não passa de fantasia, já que o IPM da
EsSA foi encerrado em 1997, e quatro anos depois ele teve seu livro publicado,
contestando o que está no IPM.
Oito anos depois, participou do debate histórico com Badan
Palhares na CBN de Campinas, quando sustentou que o caso era real. Também
concedeu uma entrevista para a Revista UFO, em duas edições, e nunca disse que
o caso não ocorreu, mas que, obviamente, não podia prová-lo e evidentemente
testemunhos não são suficientes para se demonstrar visitação de seres de outros
mundos.
Rodrigues nos ajudou enormemente na investigação, muitas
vezes tomamos puxões de orelha merecidamente e inclusive nos indicou uma
testemunha nova que coloca o Exército no bairro Jardim Andere no dia dos fatos.
O afastamento dele se deve à “terra de ninguém” em que se transformou a
ufologia, dominada pelo fanatismo e pela credulidade exacerbadas, e pela
mistura místico-religiosa em nome de uma espiritualidade movida a cifrões.
Quanto a Vitório Pacaccini, nós o localizamos. Ele mora hoje
no interior de Minas Gerais. Ele não morreu nem foi substituído por um clone,
não fez cirurgia plástica, nada disso. Troquei 27 e-mails com ele, e checamos
todas as informações que ele nos passou. A maioria não procede.
Ele alega que fez um acordo de cavalheiros, e que não
divulgaria o que conseguiu de novo sobre o caso em troca de ser deixado em paz,
já que era seguido, grampeado, monitorado, ameaçado e até tentaram matá-lo.
Cabe a ele, se algum dia voltar a dar declarações públicas, provar suas incríveis
alegações que, pelo que apuramos, não procedem. Pacaccini não nos deu qualquer
informação nova sobre o caso. Acredito que ainda voltará a ativa, dará
palestras, escreverá um livro, etc. Quem sabe, em 2021, quando o caso completa
25 anos...
Enfim, aqui condensei as principais informações recolhidas em
cinco anos de investigações, os pontos favoráveis e contrários ao envolvimento
militar. Cabe a você, leitor, o julgamento.
Parabéns pela matéria João Marcelo! Bem honesta e equilibrada. Assim é que se faz Ufologia Científica e Investigativa,como Claudeir Covo, fazia, contestando e duvidando, mas sempre tendo esperança e sem forçar teses... Existe a versão de uma parte, a versão de outra e a Verdade Real, esta é a que devemos buscar.
ResponderExcluirobrigado humberto!
ExcluirParabéns pela matéria João Marcelo! Bem honesta e equilibrada. Assim é que se faz Ufologia Científica e Investigativa,como Claudeir Covo, fazia, contestando e duvidando, mas sempre tendo esperança e sem forçar teses... Existe a versão de uma parte, a versão de outra e a Verdade Real, esta é a que devemos buscar.
ResponderExcluirCaso fantástico e intrigante, parabéns pela pesquisa de campo e pelo esforço.. Tomara que o caso não morra com o tempo e que alguns dos envolvidos nos deixe um relato original.. Parabéns !
ResponderExcluirobrigado pela visita
ExcluirE as declarações que foram gravadas em vídeo? Mesmo eu seu leito de morte as testemunhas não vão liberar seu testemunho?
ResponderExcluiras informações constantes nos vídeos já são públicas desde 1996
ExcluirExcelente texto, honesto e claro nas evidências. O cabo Vassalo não alegou nada sobre o depoimento em vídeo?
ResponderExcluirOlá! Parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirOs depoimentos dos militares que foram mostradas para o Goulart de Andrade em sigilo pelo o Ubirajara e Pacacini, não são verídicas? E as testemunhas das 3 meninas? E o depoimento da mãe das mininas sobre o pagamento para negarem? Obrigado!
Tem que ser analisado o contexto de tudo e nele a maioria dos supostamente envolvidos nega veementemente as tais capturas. Será que não houve o exército no caso? Será que o caso se resumiu a um contato de 3o grau?
ExcluirA tentativa partiu de uma igreja ligada a um canal de tv, mas realmente houve? Tudo pode e deve ser questionado na ufologia. Há argumentos contrários e favoráveis e por isso é inconclusivo.
Sim João!Mas os acontecimentos, como avistamento do casal Eurico e Oralina que viram o objeto que depois se confirmou estar indo em direçao ao Jardim Andere? Então não existe o encaixe dos fatos propoto inicialmente pelos Ufologos? E a FAMILIA do Marco Eli Cherese assim como seu médico que confirmam a fala do mesmo sobre o contato com a criatura?
ExcluirO Marco Chereze morreu sem nada dizer, quem contou foi a irmã dele. Qto a morte dele não houve nada misterioso na minha opinião. Acho que em todo caso famoso da ufologia há exageros e associações indevidas.
ExcluirSaber q Paccacini hoje fala coisas sobre o caso que não procedem é no mínimo..muito ruim...
ResponderExcluiro que se sabe de concreto sobre os supostos vídeos e fotos da operação ? há muitos anos atrás eu vi na internet uma foto que diziam ser do comboio. Era uma Kombi branca e um caminhãozinho do exercito. A foto tinha um aspecto meio envelhecido e parecia ter sido escaneada. Infelizmente nunca mais a encontrei.Muito triste saber que Paccacini está falando coisas que provavelmente não aconteceram... Será que são coisas que ele apurou mal, ou ele estaria inventando detalhes..
ResponderExcluirNo famoso programa do Goulart de Andrade sobre o caso é possível ouvir o Pacccini cochichando algo com o Ubirajara no local do avistamento das meninas. Algumas pessoas interpretaram como "não tras mais ninguém aqui". Alguém ja analisou o que dizem em off? Depois das fotos do bicho preguiça sem pelos que circulou o mundo como um alienigena, como pareceria um macaco com os pelos raspados e bezuntado em oleo? Isso tudo acontecendo ao lado da casa de um dos pesquisadores.
ResponderExcluirFaltou falar do brigadeiro que disse pro Marcão que uma das coisas que garantem a vida do homem é ficar quieto
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