sábado, 15 de agosto de 2020

O Grande Mistério do Artefato Alienígena de Bob White Foi Solucionado!

 


(Às vezes, tudo o que se precisa é encontrar o especialista certo.)



 


 

Um médium estava atendendo ligações em um programa de rádio noturno. A ligação seguinte foi de alguém claramente perturbado - você podia ouvir o medo em sua voz. “Acho que posso estar possuído”, confessou. “Quando dirijo à noite, as luzes da rua geralmente se apagam quando eu me aproximo. Receio que possa ser um aviso de que algo terrível está para acontecer". O médium tentou tranquilizá-lo: "Você definitivamente tem algum tipo de poder extraordinário, mas não é necessariamente negativo. As luzes que se apagam podem significar que uma fase da sua vida acabou e você está prestes a entrar em uma nova..."

 

Enquanto o médium falava monotonamente sobre se concentrar no positivo e buscar novas oportunidades, as linhas telefônicas ficaram inundadas na estação de rádio. Dezenas de pessoas estavam tentando ser atendidas para oferecer uma explicação para o comportamento ameaçador das luzes da rua. Todas eram de uma profissão específica, mas não eram cientistas ou psicólogos.

 

A explicação do médium para o homem assustado foi repentinamente interrompida e uma nova voz surgiu no ar. “Gostaríamos de informar aos nossos ouvintes que nossas linhas telefônicas ficaram congestionadas por pessoas que têm uma explicação muito direta para o problema da pessoa que ligou. Eles são mecânicos de automóveis e estão todos sugerindo que quem ligou ajuste seus faróis. Se os faróis estiverem apontados para muito alto, eles acionam o sensor de luz do dia nos postes de luz e os desligam. É um problema comum."

Para a sorte de quem ligou, os especialistas certos estavam prestando atenção para fornecer uma solução. Aqueles familiarizados com a literatura cética estão cientes do esforço incansável de James Randi para apontar que muitos supostos mistérios paranormais que confundiram os cientistas podem ser resolvidos pela perícia de mágicos.

 

Agora, outro mistério foi solucionado com informações fornecidas pelo especialista certo. A solução lembra a advertência frequente de Michael Shermer: "Antes de dizer que algo é de fora deste mundo, certifique-se de que não é deste mundo".

 

 

O artefato alienígena de Bob White

 

O objeto misterioso do falecido Bob White (veja a foto acima) é apresentado na internet como uma prova concreta da existência de OVNIs: "Esta é a prova definitiva!" E foi incluído no topo ou próximo ao topo das listas de "melhores evidências" de OVNIs. Em 1985, de acordo com o depoimento juramentado de White, ele cochilava enquanto ele e um companheiro dirigiam em sentido oeste através dos campos desolados entre Grand Junction, no Colorado, e a fronteira de Utah. Depois das duas ou três da manhã, o amigo de White o acordou pela segunda vez - a luz estranha que eles haviam notado antes no céu parecia estar ficando maior. White lembrou:

 

[A luz] era mais ou menos do tamanho de uma lua cheia... Conforme nos aproximávamos, ela crescia... Quando estávamos a algumas centenas de metros dela, desliguei a ignição e paramos perto dela... Era enorme, do tamanho de um celeiro muito grande. Saí do carro... para ver melhor. Por alguma razão desconhecida, Jan acendeu os faróis, e essa luz subiu no céu tão rápido quanto meus olhos podiam segui-la... Então eu vi outra luz pequena, laranja brilhante, com um tom de amarelo, branco e azul, caindo dela… Subi o barranco e fui até onde imaginei que poderia ter caído. Encontrei um afundamento no solo com cerca de 45 cm de profundidade e 23 cm de largura. Eu segui o afundamento e lá estava ele... ainda brilhando.

 

 

White escondeu o objeto no porta-malas e, temendo que a história prejudicasse sua carreira no entretenimento, não disse nada sobre ele até se aposentar.

 

De 1996 até sua morte em 2009, o agora aposentado Bob White se dedicou a promover seu artefato como uma prova concreta da existência de engenharia extraterrestre. Sua busca teve suas frustrações - seu artefato, se genuíno, deveria ter sido uma das maiores descobertas de todos os tempos - mas ele conseguiu atrair alguma atenção da mídia. Ele deu entrevistas, falou em convenções de ufologia, escreveu um livro intitulado UFO Hard Evidence (Galde Press 2004), montou um pequeno museu para abrigar seu artefato (onde dizem que ele ofereceu o objeto para venda por dez milhões de dólares), e apareceu em vários programas de TV.

 

Os orçamentos de produção de programas como UFO Hunters, do History Channel, Unsolved Mysteries e Jane Goldman Investigates (uma série produzida no Reino Unido) permitiram que ele apresentasse o objeto a cientistas para que realizassem testes, obtendo resultados mistos. Embora fosse facilmente comprovado como sendo feito de alumínio, não parecia apresentar partes funcionais. Entusiastas de OVNIs focaram em provar sua origem extraterrestre, sugerindo que a composição do metal não combinava com nada na Terra. Eles compararam as razões de isótopos no objeto com as dos meteoros, tentaram estabelecer que ele emitia radioatividade incomum ou focaram em inclusões e oligoelementos no metal. Ninguém parecia se perguntar por que uma peça supostamente sofisticada de tecnologia alienígena parecia ter sido cortada sem cerimônia em uma extremidade.



Uma retífica de fundição. (A) é o rebolo composto de abrasivo e adesivo. (B) é onde o molde fica. As estalagmites se formam dentro da proteção do rebolo (C), logo atrás das duas grandes cabeças dos parafusos.

 

Não existem mais muitas estalagmites grandes, como souvenirs, porque o metal agora é tão valioso que é coletado e vendido para sucata. Há também um esforço conjunto para manter os protetores de abrasão limpos e remover as estalagmites antes que cresçam tanto que se quebrem e destruam o abrasador, ficando presos entre os espaços da proteção do rebolo. É possível que o artefato de Bob White não tenha sido identificado antes porque poucas fundições antigas ainda usam o equipamento de abrasão antiquado que os produz. O trabalho de fundição nos EUA tem sido continuamente terceirizado para países em desenvolvimento, como México, China e Índia.

Experiência ao resgate

 

Nosso especialista Ean Harrison é um supervisor de controle de qualidade de fundição de aço aposentado que trabalhou na região de Seattle. Ele não só pode explicar a origem do estranho objeto de Bob White, como já teve vários deles e os usou como enfeites de jardim. Harrison escreve:

 

O objeto em questão é feito de resíduo de abrasão agregado. Ele se forma de maneira semelhante a uma estalagmite comum quando peças fundidas de metal são “limpas” em grandes retíficas estacionárias. As peças fundidas brutas precisam ter as aletas e reentrâncias suavizadas para facilitar a usinagem e reduzir a quebra de ferramentas. Uma típica retífica estacionária em uma sala de limpeza de fundição, usada para desbastar manualmente peças fundidas de até 18 kg, pode ter uma roda composta de 90 cm de diâmetro e 10 cm ou mais de largura. A peça fundida é colocada em um suporte de trabalho exatamente como o pequeno esmeril encontrado em oficinas domésticas, e a peça é forçada contra a superfície da roda, retificando as aletas, reparos de solda e reentrâncias. O pó da abrasão é expelido para baixo, na proteção do disco, a uma temperatura próxima ao ponto de fusão do metal original. Quando a poeira de metal e o abrasivo do rebolo atingem a parte inferior da proteção, o epóxi derretido do rebolo cola a mistura. Com o tempo, uma estalagmite é criada lentamente de baixo para cima, que funde os metais originais na forma característica. Dependendo do tamanho da máquina, uma estalagmite pode facilmente atingir um comprimento de 60 cm ou mais. Além disso, dependendo das peças fundidas sendo desbastadas, a composição da estalagmite pode ser uma mistura exótica de aço inoxidável, manganês, aço macio e alumínio - em outras palavras, uma mistura metalúrgica muito enigmática combinada em um composto aparentemente impossível. Mas, na realidade, é apenas um produto do aglutinante do rebolo derretido. Eventualmente, a estalagmite cresce o suficiente para bloquear a abertura na base da proteção de abrasão. A caixa deve ser aberta, a estalagmite quebrada, jogada fora, reciclada, usada como enfeite de jardim ou relatada como algo expelido de um OVNI.

 

É uma pena que muitas pessoas tenham sido enganadas pensando que um resíduo industrial é uma evidência concreta de um OVNI. Mas suponho que ainda existe a possibilidade de que um alienígena, viajando em um OVNI, estivesse processando peças fundidas em uma retífica estacionária e jogou a estalagmite no sr. White - mas alguém poderia se perguntar por que eles ainda estão usando essa tecnologia primitiva.



 

 


Estalagmites de aço com um chifre e dois chifres, cada uma com cerca de 10 cm de altura. As estalagmites de fundição vêm em muitas formas e texturas - desde bolhas suaves e escorridas até elegantes agulhas emplumadas. (A) e (B) (acima) são estalagmites de aço bastante típicas, com escamas curtas e uma textura granulada e áspera.




 

 


Nossa estalagmite de aço carboneto de dois chifres, feita sob medida, exibe longas escamas em camadas e uma textura fina. Um experiente operador de usinagem deu uma olhada em uma foto do artefato Bob White e produziu este objeto sobrenatural (C) para a revista Skeptic usando um aço carboneto de alta temperatura para manter a mistura de metal e adesivo perto do ponto de fusão do metal.

 

Agradecimentos

 

Nossos agradecimentos a: B.J. Mayclin, da Fundição de Aço Roemer Electric, Longview, no estado de Washington, pelo fornecimento das estalagmites (A) e (B); e a Michael Gilmore e Pat Mason por pesquisarem a produção de estalagmites nas metalúrgicas da região de Los Angeles; e a Francisco Rosales pela criação da estalagmite (C) para este artigo.

 

Exceto pela foto superior deste artigo (o artefato de Bob White), todas as fotos foram tiradas por Michael Gilmore, David Patton e Ean Harrison.

 

 

 

Referências

 

http://www.greatdreams.com/ufos/ufo_metal.htm

http://ufoevidence.conforums.com

http://www.abovetopsecret.com/forum/thread461414/pg1

http://www.hardevidence.info/sworn-statement.php

 

 

 

Sobre os autores

 

PAT LINSE é uma ilustradora premiada que se especializou em arte da indústria cinematográfica antes de se tornar uma das fundadoras da Skeptics Society, revista Skeptic e criador da revista Junior Skeptic. Como diretora de arte da revista Skeptic, ela criou muitas ilustrações para as revistas Skeptic e Junior Skeptic. Ela é co-editora, junto com Michael Shermer, da The Skeptic Encyclopedia of Pseudoscience.

 

EAN HARRISON está atualmente aposentado e dedica seu tempo ao serviço público, organizando programas para a seção de Cowlitz do Instituto Nacional de Doenças Mentais. Membro do Conselho Consultivo da Rede de Apoio Regional do Condado de Cowlitz, Harrison está atualmente ajudando a estabelecer um Programa de Prevenção do Suicídio Juvenil do Condado de Cowlitz, e projetando exercícios experienciais de terapia de arte para intervenções psicoterápicas para dependentes químicos. Possui graduação em Design Ambiental pela Universidade de Washington. Harrison publicou pesquisas revisadas por pares na revista Environment and Behavior com Phillip Thiel e Richard Alden. A especialização e certificação de fundição incluem: Supervisor de Controle de Qualidade, Análise Espectrográfica de Massa e Escória, Análise Ultrassônica de Fundidos de Aço, Metalurgia, Inspeção de Soldagem e Garantia de Qualidade, Operações de Sala de Limpeza e Análise e Redução de Defeitos de Fundição.

 

 

 

 

 

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Tradução: Tunguska Legendas

 

Artigo original:

https://www.skeptic.com

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