O vídeo de Keyhoe e Wallace: Lições do Passado

 

 

Recentemente, assisti à entrevista de 1958, com Mike Wallace, do major Donald Keyhoe, então diretor do Comitê Nacional de Investigações Sobre Fenômenos Aéreos (NICAP). Eu inicialmente pensei que iria assistir apenas alguns minutos do vídeo, mas acabei vendo o programa inteiro de meia hora.

 

Vários pontos se destacam para mim. Para apreciar esses pontos, deve-se entender algumas coisas sobre o cenário dos OVNIs de 1958 e o major Keyhoe. Ele era ex-piloto do Corpo de Fuzileiros Navais e autor. Ele escrevia sobre aviação e discos voadores, e administrava viagens publicitárias para pioneiros da aviação como Charles Lindbergh. Em 1958, Keyhoe estava em seu segundo ano dos treze que passou representando o NICAP. Ele estava convencido de que os OVNIs eram espaçonaves alienígenas, cuja prova ele estava otimista de que logo obteria da Força Aérea dos Estados Unidos.

 

O NICAP era uma organização civil de pesquisa de OVNIs que chegou a ter 7.500 membros, com representantes em todos os estados americanos e vários países. Sua liderança era focada (preocupada, alguns argumentaram) em provar que o governo dos EUA encobria uma presença extraterrestre.

 

                                                           Major Donald Keyhoe

Keyhoe não parecia compreender que os milhares de avistamentos de OVNIs que o NICAP estava compilando poderiam envolver pessoas sinceras e críveis, e essas pessoas poderiam simplesmente estar enganadas. Na maioria dos casos, não é contestado que um cidadão, piloto, policial, oficial militar, etc., tenha se deparado com algum tipo de evento fora de sua faixa normal de experiência. A questão é se eles interpretaram corretamente. Essa foi a principal barreira durante a discussão entre Keyhoe e Wallace, que adotou uma abordagem investigativa e cética. O mesmo desafio fundamental continuaria a se inserir no âmago da questão OVNI e, sem dúvida, vir a defini-la.

 

 

Embora tivesse dúvidas sobre discos voadores, Wallace apoiou as declarações e relatórios emitidos pelos militares, os quais contradiziam Keyhoe. Deve-se considerar que confiar no Tio Sam era uma posição bastante popular em 1958. O apresentador pressionou Keyhoe para explicar por que ele pensava que a Força Aérea mentiria para o povo americano.

 

Keyhoe tinha respostas para Wallace, consistindo no que se tornou o ponto comum de discussão do pânico público sobre alienígenas e coisas assim. Acho que um aspecto mais interessante da discussão foi como nenhum dos homens abordou as questões de segurança nacional como um possível motivo para um encobrimento. Eu acrescentaria que a cultura em geral também tendia a ignorar a situação.

 

Minha pesquisa sobre o NICAP sugere que uma consideração mínima foi dada à probabilidade de as agências militares e de inteligência evitarem a transparência relativa aos OVNIs, o que, em 2020, parece ser a possibilidade mais óbvia: alguns avistamentos envolvem implicações sensíveis à segurança nacional por razões que não têm absolutamente nada a ver fazer com alegadas naves extraterrestres.

 

Simplesmente não parece ser algo que a maioria dos ufólogos deem muita atenção, por certamente uma variedade de razões. Ainda hoje, as questões mais práticas da segurança nacional parecem não ser compreendidas nem bem recebidas pelo público em geral. Tendemos a preferir suspeitas de discos voadores e programas de intercâmbio interplanetário. Para ser justo, essas mesmas agências de inteligência podem muito bem ter conduzido o público nessa direção. A mídia certamente fez isso.

 

Achei um dos momentos mais marcantes da entrevista aos 24 minutos do vídeo. Enquanto Keyhoe oferece cada vez mais informações de relatos de OVNIs, Wallace interpõe, "Major Keyhoe, o que você gostaria de ver feito sobre os discos voadores que não está sendo feito atualmente?"

 

Acho que é uma linha de raciocínio importante e prática. Também acho que muitas vezes ainda se aplica hoje, talvez às vezes mais retoricamente do que literalmente.

 

 

                                                                     Mike Wallace

 

 

Por último, mas não menos importante, o vídeo contém três segmentos comerciais para o patrocinador do programa, os cigarros Parliament. As alegações duvidosas apresentadas, combinadas com afirmações de que a pesquisa profissional prova as alegações, é uma visão e tanto. Algumas delas poderiam ser consideradas engraçadas se não fosse pelo risco à saúde associado.

 

Talvez o mais notável dos intervalos comerciais seja Mike Wallace fazendo seu discurso sobre os cigarros Parliament, no qual ele descreve repetidamente como o "melhor" fumo. Ele explica e supostamente demonstra como os filtros são projetados para máxima eficácia e sabor do tabaco. Então, depois de cumprir sua obrigação de elogiar o cigarro do patrocinador, ele abaixa o dardo pulmonar, vira-se para Keyhoe e, ironicamente, coloca seu boné de jornalista investigativo e passa a questionar criticamente Keyhoe e a história dos discos.

 

O vídeo serve como uma cápsula do tempo de 1958. É também um exemplo tão eficaz quanto se poderia encontrar da cultura americana, com implicações em sua evolução. As histórias dos discos, sistemas de crenças e contradições são uma "torta de maçã" sem a integridade. O vídeo é um vislumbre revelador, mas podemos não gostar de parte do que ele tem a dizer.

Veja a entrevista histórica legendada:

 

 

 

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Tradução: Tunguska Legendas

 

Fonte: ufotrail