quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Jacques Vallée entra para o Projeto Galileo

 


Um feliz ano novo atrasado a todos os nossos leitores. Não tem acontecido muita coisa nova, apenas muita discussão sobre a política de investigação de OVNIs do governo, que falaremos em outra oportunidade. Em novembro, escrevi (mais uma vez) sobre como o "Projeto Galileo", do Dr. Avi Loeb de Harvard, havia adicionado Luis Elizondo e Christopher Mellon, antigo membro de destaque da To The Stars Academy, de Tom DeLonge, como "afiliados de pesquisa" ao seu Projeto Galileo. Logo depois, Loeb anunciou que Nick Pope, Michael Shermer, Ohad Raveh e Nathan Goldstein também estavam se tornando "afiliados de pesquisa" de seu projeto. Os dois últimos não são ufólogos e eu não os conheço. Michael Shermer é, claro, um famoso cético e editor da revista Skeptic. (Shermer me disse que não recebe nada pela posição de "afiliado"). A escolha de Pope é problemática, assim como foi a de Mellon e Elizondo. Nick Pope é bem conhecido na ufologia, tendo há muito afirmado ter comandado o projeto de pesquisas ufológicas do Ministério da Defesa do Reino Unido. Ele também fez uma série de alegações à mídia que são simplesmente bizarras, incluindo alertas sobre invasões alienígenas. Infelizmente para Nick, a verdade foi aos poucos vazando de que não havia tal projeto de pesquisas ufológicas no MOD, e sua posição era a de um mesário. (Não é incrível como isso se assemelha à história do colega "afiliado" de Nick, Elizondo?)



 

                                              

Em 1977, a Newsweek proclamou o Dr. Hynek "O Galileu da Ufologia"

 

 

 

Mas façamos uma pausa para considerar o próprio nome do "Projeto Galileo". O estudo de objetos não identificados e, possivelmente, alienígenas já teve seu 'Galileu', especificamente o astrônomo e ex-consultor do Projeto Blue Book, Dr. J. Allen Hynek. Hynek foi proclamado o "Galileu da Ufologia" pela revista Newsweek em 1977. Ele parecia gostar do título, imaginando-se como aquele que conduziria a Ciência a novas e nunca antes sonhadas descobertas através do estudo dos OVNIs. Então, talvez fosse melhor para o Dr. Loeb dar outro nome ao seu projeto, para aliviar a confusão sobre qual Galileu é qual. Os seguintes nomes ainda estão disponíveis para tal projeto:

 

·      Projeto Newton

·      Projeto Einstein

·      Projeto Wilhelm Reich

·      Projeto L. Ron Hubbard

 

E assim por diante.

 

Bem, o Dr. Loeb acaba de fazer outra: "Temos o prazer de anunciar que o Dr. Jacques Vallée se juntou ao Projeto Galileo! Vamos nos beneficiar muito de sua sabedoria e perspectivas!" De fato, Jacques Vallée é uma das figuras mais conhecidas da ufologia, tendo sido o autor de muitos livros influentes sobre OVNIs desde 1965. Ele também tem sido bastante místico, o que muitos de seus fãs não percebem, intrometendo-se no rosacrucianismo, "realidades alternativas" e afins. É difícil ver como a promoção de ideias místicas de Vallée pode ser conciliada com as "Regras Fundamentais" professadas pelo Projeto Galileo, especialmente "A análise dos dados será baseada apenas em física conhecida e não aplicará ideias marginais sobre extensões ao modelo padrão da Física." Parece-me que Vallée é a própria personificação daqueles que promovem "ideias marginais":

 

Em discussões recentes com Hynek, apontei que a questão dos discos pode muito bem fazer parte de uma série complexa de realidades científicas, mas também mergulha profundamente em teorias místicas e psíquicas. Achei-o muito receptivo a essa ideia. (Vallée, Forbidden Science, Vol. I, p. 88)

 

O momento da escolha de Vallée é especialmente desconcertante porque o livro mais recente de Vallée, Trinity (de coautoria com Paola Harris), sobre a suposta queda de um OVNI em 1945 no Novo México, está sendo muito criticado, mesmo por muitos daqueles que o admiravam muito. Jason Colavito explica:

Paola Harris e Jacques Vallée

 

A história da queda em San Antonio é bastante inacreditável, mesmo para os padrões da ufologia. De acordo com a versão mais comum da história, José Padilla e Reme Baca, então com 9 e 7 anos, testemunharam a queda de uma espaçonave de quase 12 metros de comprimento no deserto. Eles correram para o local da queda e viram dois homenzinhos surgirem e começarem a correr em pânico. Um dos meninos pegou um pedaço dos destroços do local da queda. Então, o Exército dos EUA chegou, construiu uma estrada com acesso ao local da queda e recuperou a espaçonave. Os meninos nunca souberam o que aconteceu com os homenzinhos de dentro da nave.

 

A história se baseia nas lembranças, seis décadas após o fato, de crianças pequenas repetindo um conto saído diretamente de uma história em quadrinhos de Flash Gordon ou Buck Rogers.

 

                                        

Paola Harris e Jacques Vallée

 

 

Bryan Sentes escreve no Skunkworks Blog:

 

Ao terminar Trinity, de Vallée e Harris, o leitor seria perdoado se se perguntasse se o "Jacques Vallé", que é coautor deste livro, era o mesmo "Jacques Vallée" que escreveu Revelações ou o recém-reeditado Passaporte a Magonia. Onde o último volume é, pelo menos em certos círculos, altamente valorizado por ser inventivo e inovador e Revelações é um exame focado e crítico das histórias sobre abdução alienígena, discos voadores caídos e alienígenas mortos, bases alienígenas secretas e mutilação de gado, Trinity é uma bagunça de livro crédulo, desfocado, irregular e de arregalar os olhos.

 

Seria um exercício tedioso catalogar suas várias falhas. Enquanto Vallée fala de si mesmo como um cientista e até imagina cientistas lendo o livro (286), Trinity não é uma obra de ciência, tese ou mesmo jornalismo investigativo. Na verdade, parece um primeiro rascunho, precisando urgentemente de uma edição completa de conteúdo e estrutura, sem falar de uma revisão.

 

Ao contrário dos outros livros de Vallée, Trinity é de publicação própria e, portanto, escapou da edição adequada.

 

Avi Loeb escreveu um artigo de "opinião e análise" na Scientific American, "Astrônomos Devem Estar Dispostos a Analisar com Mais Atenção Objetos Estranhos no Céu" (29 de setembro de 2021). Eu nunca conheci nenhum astrônomo que não estivesse disposto a analisar objetos estranhos, assumindo que tais objetos podem realmente ser encontrados. Loeb escreve:

 

Sob condições climáticas típicas, a atmosfera da Terra é opaca à luz infravermelha além de uma distância de cerca de 10 quilômetros ou menos. Determinar um detalhe do tamanho de um telefone celular na superfície de um UAP a essa distância requer um diâmetro de telescópio da ordem de 10 centímetros. Ter alguns desses telescópios em um determinado local nos permitirá monitorar o movimento de um objeto em três dimensões. Esses telescópios poderiam ser complementados por um sistema de radar que distinguiria um objeto físico no céu de um padrão climático ou uma miragem.

 

Se os UAPs são objetos sólidos, eles devem aquecer enquanto se atritam com o ar em alta velocidade. As superfícies de objetos que se movem no ar mais rápido que o som, como aviões supersônicos ou foguetes espaciais, são aquecidas em centenas de graus. Calculei que o brilho infravermelho de objetos rápidos com mais de 1 metro, suplementado pelo calor das ondas de choque no ar ao redor deles ou de um motor que possuam, deveria ser detectável com sensores infravermelhos em telescópios à distância desejada.

 

O Projeto Galileo faz muito alarde sobre a procura de objetos alienígenas hipotéticos em órbita ao redor da Terra. Mas se um objeto estiver em órbita, ele não "irá atritar com o ar em alta velocidade". Então ele está falando sobre objetos cruzando a atmosfera em alta velocidade, como os OVNIs deveriam estar fazendo. Isso é extremamente implausível, já que tal objeto cairia rapidamente na Terra se não tivesse energia, então ele está assumindo que os alienígenas podem alimentá-lo e controlá-lo a anos-luz de distância. Loeb parece achar que alguns telescópios de 10 centímetros bem posicionados dentro de 10 km da sonda alienígena em alta velocidade captarão o inseto sorrateiro. Isso é tão provável quanto ser atingido por um raio assim que você se abaixa para pegar uma nota de 1.000 dólares descartada na calçada, ao mesmo tempo em que seu celular recebe uma ligação da Publishers Clearinghouse para informá-lo de que você ganhou o Grande Prêmio. Muito, muito improvável

 

Em 19 de janeiro, fiz um podcast de duas horas com Kal Korff e Melissa Martel sobre The Wicked Truth. Conversamos sobre Betty Hill e suas histórias malucas, como um prédio que saiu andando e desapareceu, ou um caminhão que sobrevoou a rodovia. Kal contou como Friedman continuou fazendo alegações que sabia serem falsas. Também falamos sobre os papéis de Robert Bigelow, Joe Firmage e outros na promoção de alegações duvidosas.

[https://www.youtube.com/watch?v=bczQ_hytHOw]

 

 

 

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Tradução: Tunguska

 

Fonte: badufos


 

 

 

 

 

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