Alta estranheza latino-americana: Os OVNIs Parte III
Na última
parte desta série, mais uma vez consideramos os infames Nove em relação ao
fenômeno OVNI na América Latina. Embora pareça existir algum fenômeno
paranormal legítimo envolvido com os “Nove”, nosso próximo caso trata-se de
operações psicológicas (PSYOPs) puras. Na década de 1970, na Argentina, uma
filial de uma das mais notórias fraudes ufológicas apoiadas pelo governo se
estabeleceu. Refiro-me, naturalmente, ao famoso caso
UMMO. Grande parte da trama UMMO se desenrolou na Europa, iniciando na
Espanha em meados da década de 1960 por meio de uma série de documentos
atribuídos a uma civilização extraterrestre conhecida por Ummo. O Fortean Times
apontou
que:
"Por volta do final de 1965 e início de 1966, vários
entusiastas espanhóis de OVNIs receberam comunicações anônimas supostamente
provenientes de um "grupo expedicionário extraterrestre" da estrela
Wolf 424 em uma missão na Terra. As cartas foram enviadas de diversos países -
incluindo Espanha, Austrália, Canadá, Suíça e Alemanha. Cada correspondência
foi 'autenticada' com um estranho logotipo designado como o selo do 'governo
unificado do planeta Ummo'. (Aparentemente, o desenho foi untado na ponta de um
dedo e, posteriormente, usado para 'carimbar' as cartas...)
"Os documentos de Ummo... eram verdadeiramente
mistificantes; afiguravam-se hábeis exposições, exibindo um amplo conhecimento
de ciência e filosofia e eram bem distintos dos delírios lunáticos. Com o tempo
centenas de cartas foram recebidas, algumas delas eram volumosas e outras eram
manuscritas e ilustradas. Ocasionalmente, alguém recebia um telefonema; a voz
ummita, curiosamente, era mecânica, como se fosse deliberadamente distorcida.
Assuntos religiosos eram tratados de forma histórica - para os leitores
católicos, havia o interesse adicional de aprender a respeito de um antigo
paralelo ummita relativo a Cristo em 'Ummowoa', um profeta cujo corpo
desapareceu da mesa em que estava sendo vivissecado por ordem de uma imperatriz
maligna - contudo, por detrás dos inverificáveis e complexos tratados sobre a
filosofia alienígena e a ciência de Ummo, havia um sentimento que era
claramente anti-Franco na descrição de uma sociedade utópica, uma estranha
mistura de comunismo com o ‘estilo de vida americano’.
"Os primeiros receptadores das missões de Ummo eram
vagamente associados à Sociedad de Amigos de los Visitantes del Espacio, instituída
por Fernando Sesma para discutir OVNIs e extraterrestres. Em 1970, alguns
desses destinatários formaram sua própria organização, a ERIDANI, para estudar
o caso Ummo. Vários deles escreveram livros – incluindo Ummo: O Outro Planeta
Habitado (1967), de Fernando Sesma, e Olhando para o Fim do Universo (1968), do
padre Enrique Lopez Guerrero, sendo o mais conhecido fora da Espanha O Mistério
Ummo (1975), de Antonio Ribera. Os autores divergiam amplamente em suas
opiniões sobre a origem das cartas e o significado de seu conteúdo, porém
concordavam sobre sua procedência extraterrestre. A única alternativa concebida
era de que as cartas faziam parte de alguma espécie de experimento de
engenharia social perpetrado por uma desconhecida agência de inteligência – a
KGB, a Stasi da Alemanha Oriental, a CIA e a organização vaticana Opus Dei eram
todas trazidas à discussão, inclusive pelo autor da carta Ummita."
O lendário ufólogo Jacques Vallée
ponderou se o caso Ummo estava ou não ligado a uma unidade de inteligência do
bloco oriental durante a Guerra Fria.
"Uma possibilidade inquietante, sob investigação séria
de algumas autoridades francesas, é que a UMMO esteja ligada a uma agência de
inteligência do bloco oriental especializada em espionagem científica.
"'A ideia não é tão absurda quanto pode parecer à
primeira vista', disse-me um especialista francês. 'A criação de um grupo como
esse poderia ter o efeito de canalizar muitas informações sobre OVNIs, algumas
delas bem confidenciais para os líderes do grupo. No entanto, o mais importante
era que poderia ajudá-los a adquirir informações valiosas e sigilosas sobre as concepções
atuais da pesquisa científica em laboratórios ocidentais...'
"A ligação óbvia entre uma suposta seita extraterrestre
e algumas ideias avançadas da ciência moderna é preocupante. Se houver
confirmação de que as ramificações do grupo UMMO são redes projetadas para a
coleta de inteligências técnica e científicas, ou que é uma estrutura francesa
e alemã do movimento LaRouche , outro prego será colocado no caixão dos
amigáveis irmãos espaciais."
(Revelações, Jacques Vallée, págs. 115-116)
Organizações ufológicas ocidentais como meio de rastreio de recentes
desenvolvimentos científicos? Esta explicação parece bastante fraca para mim,
especialmente porque muitas organizações civis de OVNIs não são tão conhecidas
por sua abordagem estritamente científica. Manter o controle sobre essas
organizações como uma forma de rastrear indivíduos potencialmente instáveis
parece muito mais provável, especialmente se uma equipe de inteligência
ocidental estiver por trás do caso Ummo. Outra possibilidade é que o caso UMMO
fora concebido como um experimento sociológico, a qual Vallée também desdenha.
"... a UMMO foi criada como um exercício sociológico
patrocinado pelo governo que, de alguma forma, adquiriu vida própria e saiu do
controle com diversos indivíduos ou grupos agindo para gratificação ou vantagem
própria...
"Não estou convicto de que eles estão com a razão. Uma
seita genuína, daquelas frequentemente utilizadas como encobrimento por
agências de inteligência, poderia ter sido criada de forma mais eficaz por
meios convencionais, fornecendo financiamento a um grupo existente com um líder
carismático adequado, por exemplo. Mas obviamente não dispomos de todas as
informações. O fato notável na farsa de UMMO é que ela não possui líderes
visíveis. Trata-se simplesmente de uma estrutura dentro da qual vários autores
sucessivos podem de fato operar. Um fato perturbador descoberto por
investigadores franceses parece ligar alguns dos cientistas do grupo UMMO com o
movimento extremista LaRouche na Europa. Se essa ligação puder ser verificada,
o mistério de UMMO tomará um rumo sinistro.
“A UMMO é certamente um dos melhores exemplos da aplicação
sistemática de técnicas de confusão no campo do paranormal. O aspecto inovador
da farsa era criar avistamentos ostensivamente genuínos que resultariam em
testemunhas inocentes apresentando-se a fim de serem entrevistadas pela mídia e
por investigadores ufológicos bem-intencionados que só poderiam concluir que
elas eram sinceras no que diziam, enquanto os perpetradores permaneciam em
segundo plano, manipulando as provas fotográficas e físicas."
(ibid, pág. 110)
Alguns apontamentos: O movimento LaRouche, mencionado por
Vallée, refere-se aos seguidores de Lyndon LaRouche, um
'ativista' americano de extrema esquerda que sempre inspirou simpatizantes em
âmbito internacional, abrangendo tanto os radicais de esquerda e de direita. O
chamado movimento
LaRouche tornou-se bastante notório na Europa nos anos 80 e início dos anos
90. Outro ponto: Vallée descarta a ideia de que o caso UMMO fosse um experimento
sociológico com base no fato de que não possuía um líder central como outras
operações de inteligência. No entanto, esse pode ter sido o objetivo do
experimento: verificar se um movimento poderia ser criado de maneira tão
anônima e descentralizada, acompanhando a direção que tomaria a partir daí.
Várias agências de inteligência poderiam ter simplesmente vazado os documentos
iniciais da UMMO e depois recuado, observando os frutos que renderiam.
De qualquer modo, retornemos à América Latina. O caso UMMO
tem várias ligações interessantes desta região com o mundo. Por um lado, todo o
movimento parece ter sido inspirado por um conto do lendário escritor argentino
Jorge Luis Borges
intitulado "Tlon,
Uqbar, Orbis Tertius".
"Segundo a história de Borges, Tlon é um planeta
hipotético inventado por um grupo de homens perspicazes financiados nos Estados
Unidos por um excêntrico aristocrata sulista em Memphis. Eles utilizam-se de seus
próprios talentos e de empreiteiros para elaborar uma obra monumental, uma
enciclopédia completa de Tlon com os detalhes das línguas, filosofias e
matemática do planeta. Contudo, a revelação só se daria de modo gradual para o
público desavisado. Os fundadores, membros de uma sociedade secreta denominada
Orbis Tertius, juraram permanecer escondidos para sempre...
"Após o lançamento paulatino da coleção Memphis da
secreta Enciclopédia Tlon de quarenta volumes, mais e mais pessoas começarão a
acreditar em Tlon, uma crença reforçada pela descoberta de objetos tlonianos
feitos de materiais incomuns em todo o mundo. Borges aponta diabolicamente que
à medida que cresce a crença em Tlon, nossa própria sociedade, que desconhece a
inexistência de Tlon, começará a produzir suas próprias histórias espúrias,
pseudofatos e falsas memórias de Tlon que substituirão lentamente a velha
realidade. Borges até vislumbra um estado futuro onde a farsa iniciada pela
sociedade secreta, que ele chama de Orbis Tertius, terá desintegrado totalmente
o mundo racional...
"O fato assustador e até aterrorizante, diz Borges, é
que os mestres desconhecidos de Orbis Tertius estão substituindo, aos poucos,
sua própria realidade pela nossa. De fato, a terra em breve se tornará
Tlon!"
(ibid, págs. 111-113)
Vallée faz pouco caso da história de Borges, mas na
realidade ela é bastante adequada: o verdadeiro objetivo tanto das sociedades
ocultas quanto das agências de inteligência é a manipulação da realidade, como
já observei aqui.
A UMMO tem outras ligações curiosas com a Argentina, além de Borges. Trata-se
do chamado Centro Internacional de Pesquisas Médicas, localizado em Canuelas.
Vallée continua:
"O homem que me chamou a atenção para este notável
desenvolvimento em 1979 é um dinâmico pesquisador sul-americano que me enviou
duas fotografias de um chamado Centro Internacional de Pesquisas Médicas
localizado em Canuelas. A primeira fotografia mostrava um moderno prédio de um
andar protegido por uma cerca de arame de dois metros de altura. Próximo ao
prédio havia um grande disco voador aparentemente feito de metal e plástico,
com cerca de seis metros de diâmetro e seis metros de altura.
"A segunda fotografia era uma placa com o símbolo UMMO,
a inscrição HONO INTELLIGENCE SERVICE -1901 e uma lista de quinze nomes.
"A investigação desta nova reviravolta do caso UMMO foi
realizada energicamente. Logo se soube que o diretor da instalação, um homem de
nome Carlos Jerez, havia desaparecido sem deixar rastros. Iniciada por volta de
1973, a instalação esteve envolvida em inúmeras reivindicações de curas de
câncer. Em carta assinada por Jerez, afirmava-se que tais curas eram alcançadas
por meio de 'equipamentos eletrônicos altamente sofisticados'. O papel de carta
utilizado por Jerez traz o logotipo da UMMO e suas cores - roxo e verde - e um
selo com o brasão da Argentina encontra-se afixado sobre a assinatura de Jerez,
dando a impressão de que seu trabalho recebeu sanção oficial...
"Investigações posteriores revelaram que as misteriosas
curas de câncer faziam uso de raios gama e que vários pacientes supostamente
terminais haviam obtido melhoras ou até sido curados na instalação, cujos
proprietários alegaram provir do espaço sideral.
"A própria organização teria sido fundada na França pelo
avô do Sr. Jerez, que emigrou para a Argentina em 1927, estabelecendo-se em
Baradero. A instalação recebeu aprovação oficial para o trabalho médico com
pacientes terminais em 1935, 1948 e 1966, mas o sistema médico usado combinava
engenhocas impressionantes com as argumentações usuais dos charlatões modernos:
combinação de raios gama com energia cibernética, descrita por Jerez como
"o campo de calor que envolve os tecidos".
"Na época em que a instalação foi fechada pelas
autoridades, eles tratavam cerca de duzentos pacientes com câncer ou doenças
neurológicas."
(ibid, págs. 108-109)
Vallée conclui que Jerez não teve envolvimento na criação da
farsa de UMMO e que simplesmente tentou se unir ao movimento, porém nunca
especifica em qual momento o Centro Internacional de Pesquisas Médicas começou sua
filiação ao UMMO. Se a filiação remonta à década de 1930, então toda a farsa de
UMMO deve ser reconsiderada. Isso implicaria que foi uma operação de
inteligência de longo prazo que só gradualmente chegou à consciência do público.
Só agora, no século XXI, começam a emergir aspectos especialmente sinistros.
Isso é mais chamativo na Bolívia entre o denominado culto 'Filhas de Ummo'.
O Fortean Times relata:
"Em essência, as Filhas sofrem lavagem cerebral para
acreditar que os Ummites, que vieram para a Terra, representam uma raça de
seres superiores, sendo de alguma forma, simultaneamente, entidades
extraterrestres e seus próprios 'pais' e 'mães'. As Filhas realizam rituais de
adoração aos Ummites, acreditando que foram incumbidas para fazer suas vontades,
preparando o planeta para uma nova e maior invasão de Ummites no ano de 2033...
"Em março de 1999, recebi um novo e totalmente
inesperado documento Ummite; desta vez era de Florencia Dinovi Gutiérrez, a
aparentemente temível presidente da organização. Devo ir à Bolívia
imediatamente, ela exigiu, porque fui aceita para entrar na organização como
uma 'colaboradora externa'. Minha pesquisa sobre a história de Florencia Dinovi
Gutiérrez levou a um hospital psiquiátrico no Peru do qual, alguns anos atrás,
uma mulher que correspondia à sua descrição havia fugido enquanto estava sendo
tratada de obsessões milenaristas e de alucinações sobre alienígenas. A fim de
checar a possibilidade de que essa famosa paciente fosse a própria Gutiérrez,
falei com o Dr. Horacio Torna no hospital. Ele me ouvia pacientemente enquanto
eu descrevia as crenças das Filhas de Ummo e de seu líder. — É ela — disse-me
com voz rouca. — É Juana Pordiavel!' A identidade foi confirmada depois que o
médico me enviou, cuidadosamente, algumas páginas do arquivo pessoal de
Pordiavel, com a condição de que eu não as publicasse.
"Juana Pordiavel... nasceu em Cuzco, Peru, em 1912, em
uma família humilde de camponeses. Aos 12 anos, saiu de casa alegando que seu
pai a havia abusado. Viveu na rua, mendigando, até que um padre espanhol –
Hermenegildo Abustín – se compadeceu de sua condição e a convidou para morar na
igreja. Esse ato de bondade foi um grande ponto de virada em sua vida,
Hermenegildo acreditou que Juana tinha potencial para se tornar freira e fez-se
o seu tutor. Em contrapartida por faxinar a igreja, o padre comprou seus livros
e incentivou seu desenvolvimento intelectual. Ele se recorda dela lendo textos bíblicos
apaixonadamente e, com o passar do tempo, tornando-se mais confiante em sua
cultura e linguagem. Quando ela deixou a igreja, aos 19 anos, sua crença na
teologia fundamentalista foi evidenciada por sua insatisfação geral com a vida,
fornecendo os ingredientes ideais para um futuro líder de seita.
"Pordiavel permaneceu um tempo em um hospital
psiquiátrico em 1941 e acabou conhecendo Carlos Opanova, que, apesar de padecer
de alguns problemas mentais, era líder de uma organização espírita fanática
chamada de 'O Cervo do Sexto Cristo'. Em 1963, os Cervos se mudaram para Oruro,
na Bolívia, onde tomaram (ou ocuparam) um prédio, chamando-o de 'A Nova
Jerusalém Celestial'. As cerimônias noturnas do grupo começaram a incomodar os
vizinhos, que se queixavam de vozes estranhas à noite e de crianças
desaparecidas. Em algum momento desse período, Pordiavel foi novamente internada
em um hospital psiquiátrico.
"Quando a curiosidade da polícia se tornou muito
intrusiva em 1967, os Cervos fugiram de sua 'Jerusalém Celestial' em grupos
dispersos. Pegando uma grande parte do dinheiro da organização, Juana e Carlos
compraram um pequeno apartamento em La Paz e começaram a se reinventarem.
Carlos correspondia-se com o ufólogo espanhol Jiménez del Oso, que lhes enviou
cópias de muitos dos escritos originais de Ummita - o que provou ser uma
revelação para Opanova. Deslumbrado com a
ideia Ummita de um mundo melhor, um mundo que poderia ser deles, Opanova
decidiu adotar a filosofia e os ensinamentos de Ummo. A partir de agora os
discípulos de Opanova se dedicariam à emulação de todas as coisas de Ummita.
"E assim, em 1969, o Cervo finalmente se tornou as
Filhas de Ummo. Juana batizou a si mesma de Florencia Dinovi Gutiérrez enquanto
seu marido assumiu a personalidade de 'Yiewaka', um 'pai' Ummita na Terra. A
seita cresceu muito além do que se poderia imaginar, aproveitando-se de cruéis
circunstâncias sociais; 90 por cento de seus membros são pobres e incultos,
muitos deles recrutados diretamente das ruas. Aparentemente, as Filhas não se
incomodam com a contradição de Opanova ser marido de Juana e um encarnado Ummita
nomeado como presidente e 'pai' da Terra; para elas é parte do mistério
inquestionável."
Florencia Dinovi Gutiérrez, a líder do culto as Filhas de
Ummo
Você apenas deve adorar cultos latino-americanos vinculados
com a Europa e/ou Estados Unidos e exibições de espectros de operações
psicológicas. Escrevi mais sobre este assunto aqui,
aqui
e aqui.
De qualquer forma, regressaremos ao Brasil para um grupo
final de contatos imediatos antes de encerrar as coisas. Eles dizem respeito a naves
misteriosas chamadas de chupas pela população local. Esses avistamentos
começaram a ocorrer em meados da década de 1970 e aparentemente continuaram até
meados da década de 1980 no interior rural extremo do Brasil. Os chupas são
mais notáveis pelas mortes que os cercam.
"Nos últimos anos, os casos mais notáveis de lesões e
mortes relacionadas a OVNIs ocorreram no nordeste do Brasil, em uma vasta
região que se estende desde a foz do Amazonas (Belém e a ilha de Marajó,
localizada na linha do equador cerca de 500 km da Guiana Francesa) até São Luís
e a cidade de Teresina...
"Com base nas informações coletadas até o momento,
parece haver três grandes grupos de casos: ao redor da pequena cidade de
Parnarama, ao redor de São Luís e nas proximidades de Belém.
"Diz-se que pelo menos cinco pessoas morreram perto de
Parnarama após contato imediato com o que foi descrito como OVNIs em forma de
caixa e equipados com poderosos feixes de luz. Esses objetos, chamados de
chupas pela população local, sobrevoam as áreas arborizadas e os vales dos rios
durante a noite...
"Na maioria dos casos, as testemunhas relataram objetos
retangulares (às vezes comparados a refrigeradores) voando sobre as copas das
árvores e lançando um feixe em direção à terra. Diz-se que os chupas emitem um
zumbido como uma geladeira ou um transformador, referido som não se altera
quando o objeto acelera. O objeto não parece grande o suficiente para acomodar
um piloto humano. Ele possui uma luz na parte inferior e uma outra luz em uma
das extremidades, emitindo um feixe como um farol de carro...
"Os eventos de Santana ocorreram dez anos antes
daqueles em Parnarama, entre 1972 e 1975. Dizia-se que os objetos pairavam
perto do rio Acarau, emitindo peculiares raios de luz oscilantes aos quais uma
sensação de frio era associada. Aqui, novamente, os objetos foram descritos
como uma caixa semelhante a um ônibus Volkswagen. Uma das testemunhas de
primeira mão afirmou que havia escapado do feixe de luz de uma chupa
escondendo-se debaixo de uma árvore próxima ao rio...
"Nos últimos anos, Bob Pratt, pesquisador americano,
foi várias vezes ao Brasil para investigar uma série de eventos ocorridos em
1977 na Ilha do Caranguejo, perto de São Luís. Nesse caso, um homem morreu e
dois ficaram gravemente queimados. Pratt relatou em 1987 que incidentes
semelhantes ocorreram no mesmo local em 1986, com um homem morto, outro ferido
e outros dois que ficaram inconscientes por 15 horas. Ele afirmou, no entanto,
que a ligação com a atividade ufológica era 'tênue' na melhor das hipóteses em
ambos os relatos."
(Confrontos, Jacques Vallée, págs. 131-136)
Uma suposta imagem de um chupa
O envolvimento do pesquisador Bob Pratt nos incidentes de
chupas é interessante. Pratt começou no campo dos OVNIs através do National
Enquirer, onde seu trabalho acabou ganhando o respeito da comunidade ufológica.
No entanto, o National Enquirer, como tudo relacionado aos OVNIs, tem ligações
curiosas com a comunidade de inteligência.
"Bob Pratt disse posteriormente que seu editor,
Generoso Pope Jr., gastou dezenas de milhares de dólares enviando-o para todo o
mundo em busca de histórias de OVNIs, embora vendessem menos edições do que as
notícias de celebridades. Pratt acreditou que Pope era um genuíno crédulo em
OVNIs, embora outros suspeitem de uma conexão com setores de inteligência. Pope
passou um ano sendo treinado em operações psicológicas pela CIA em 1951, um ano
antes de comprar o Enquirer. Ele também era um amigo próximo do secretário de
Defesa de Nixon, Melvin Laird."
(Homens Miragem, Mark Pilkington, pág. 139)
Pratt viria a se envolver inteiramente com o caso Bennewitz, um dos episódios
mais documentados de operações psicológicas da ufologia. Já narrei o triste
destino de Paul Bennewitz antes aqui
e aqui.
Mas estou me desviando do tema - de volta aos chupas. Outra região do Brasil em
que eles surgiram é uma área ao redor da cidade de Belém. Por acaso (ou não),
um ramo da força aérea brasileira encarregado das investigações de OVNIs tinha
um quartel-general em Belém no momento em que os chupas entraram em cena.
"Os militares brasileiros, que se dedicaram por muitos
anos a uma das mais sérias investigações do fenômeno realizadas ao redor do
mundo, levaram muito a sério os acontecimentos de 1977 em Belém. A partir de
1974, o quartel-general de Belém do 1º Comando Aéreo Regional (COMAR), que
cobria uma área quatro vezes maior que a França, manteve uma equipe de
investigação de campo em relação aos OVNIs...
"Quando houve o início dos acontecimentos de 1977 na
área de Belém, a Força Aérea, como já referido, enviou uma força-tarefa de
campo para a região, notadamente para a ilha de Colares. Sua missão durou
noventa dias. A força-tarefa voltou com três centenas de fotografias noturnas e
vários rolos de filmes. Foi compilado um relatório de quinhentas páginas,
acompanhado de um catálogo de avistamentos, mapas e transcrições de
entrevistas. Cópias foram enviadas para a Barreira do Inferno no estado do Rio
Grande do Norte. Alguns pesquisadores acreditam que é um destino apropriado
para referidos relatórios sobre os esquivos chupas e as infelizes vítimas
humanas capturadas em sua inacreditável luz."
(Confrontos, Jacques Vallee, págs. 138-139)
Vallée elabora esse misterioso relato um pouco mais tarde.
"Não houve uma, mas duas séries de fotografias, filmes
e gravações realizadas durante esse período. A equipe militar, que operava à
vista da população, é conhecida por ter compilado um volumoso relatório com uma
riqueza de informações físicas. O relatório foi enviado às altas autoridades em
Brasília, onde presumivelmente desapareceu em alguma gaveta.”
"A segunda equipe era composta por jornalistas e
cinegrafistas quase tão bem equipados quanto os militares. Obtiveram excelentes
fotos, que podem ser consultadas nos arquivos dos jornais daquele período. Infelizmente...
apenas os negativos possuem potencial científico. E todos os negativos recolhidos
pelas equipes jornalísticas saíram do Brasil, comprados das editoras por uma
firma americana não identificada.”
"Alguém nos Estados Unidos possui uma coleção de
registros que contém a prova da realidade do fenômeno."
(ibid, pág. 225)
O chupa?
Segundo todos os relatos, os avistamentos de Belém foram
bastante espetaculares. O súbito desaparecimento da maior parte da documentação
recolhida durante os avistamentos é ainda mais grave. O encobrimento foi tão veloz
por reunir provas concretas da existência de OVNIs, como Vallée sugere? Ou teria
sido por outro motivo, como a revelação de uma aeronave militar ultra-secreta?
Se este fosse o caso, a Força Aérea Brasileira pode ter fornecido o ludibrio
adequado. Ou talvez eles fossem simplesmente encarregados de encobrir as
evidências após o término do teste.
O que eu acho mais impressionante sobre os chupas são sua
semelhança com os drones não
tripulados que estão se tornando cada vez mais comuns. Muitos provavelmente
zombarão dessa noção, mas não posso deixar de pressentir que os chupas eram um
protótipo desse tipo de tecnologia que agora se tornou comum. Muitos
descartarão essa teoria por causa das armas de feixe de luz bem documentadas
que os chupas diziam usar. Certamente não há relatos oficiais de drones não
tripulados que possuam tais armas. Porém, novamente, os drones não tripulados
provavelmente existem há muito mais tempo do que os registros oficiais nos
fazem acreditar. O mesmo poderia se aplicar a armas avançadas.
Então, o que devemos fazer com os OVNIs da América Latina?
Certamente eles parecem deslocados do mundo de 'porcas e parafusos' da ufologia
americana convencional. Eles eram simplesmente um encobrimento para aeronaves
avançadas ou experimentos médicos envolvendo lavagem cerebral? A Criptocracia
acreditava legitimamente que poderia contatar uma inteligência não humana
usando drogas e rituais ocultos, intentando tal tarefa no Brasil e em outras
localidades? Parece provável que todas as três possibilidades tenham algum
mérito além das implicações sociológicas de como uma população reagiria a
confrontos com uma inteligência avançada. A respeito de tudo o que pode ser
dito, quando tudo é dito e feito, é que as possibilidades são infinitas.
Alta estranheza, de fato.
Fonte: http://visupview.blogspot.com/2011/12/latin-american-high-weirdness-ufos-part_23.html?m=1
Tradução: Leonardo Vaz Rodrigues
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