segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Introdução ao Pensamento Crítico Ufológico

 


Autor: Jack Brewer


Geralmente, nem nós todos concordamos quando discutimos sobre OVNIs. Ajudaria se alguns de nós, interessados no assunto, lessem um pouco mais de material (ou qualquer material) sobre tópicos como padrões de evidência. Pode ser muto difícil manter uma perspectiva racional quando confrontados com relatos de histórias essenciais e fontes secretas. Este autor encoraja veementemente a integração do ceticismo saudável nas tentativas de formar opiniões e crenças, tais como talvez ler um artigo que trata de pensamento crítico ao invés de clicar em um link sobre uma história ufológica sensacionalista. Então, eu escrevi um! Por favor, leia.

Há algumas perguntas de pensamento crítico amplamente reconhecidas para se fazer quando consideramos o argumento de uma pessoa que se apresenta em um artigo ou durante uma discussão em mídia social. Algumas delas:

Qual é a questão e a conclusão?

Quais razões são oferecidas?

Quais são as hipóteses?

Há falácias lógicas na linha de raciocínio?

As respostas para tais perguntas deveriam nos ajudar a formar avaliações seguras de quanta importância devemos dar a uma história. Por exemplo, se um escritor não parece declarar uma questão e uma conclusão claras, começamos mal! Eu brinco, mas há na verdade vários artigos preocupantes sobre tópicos ufológicos e paranormais que parecem dar voltas e enrolar muito mais que declarar propósitos específicos.

Se parecem ser claros e sistemáticos sobre seu ponto, é razoável questionar como chegaram até ali. Quanto mais direta a rota, melhor. É de consenso que conclusões baseadas no menor número de cenários hipotéticos têm os fundamentos mais sólidos. Outra forma de olhar para isso é dizer se o argumento é baseado em hipóteses, se for, é uma opinião, e você tem o direito de ter uma opinião contrária. O peso da prova está sempre em quem faz a alegação.

Às vezes, fazemos suposições sem nem percebemos. Suposições são geralmente confundidas com fatos, mas algumas técnicas fáceis de checagem de fatos podem esclarecer tudo rapidamente. Fontes deveriam ser fornecidas para afirmações, e elas deveriam ser verificáveis. Cadeias de custódia de documentos e evidências similares deveriam estar prontamente disponíveis. Se declarações de afirmações são atribuídas a outras fontes, então estas fontes deveriam ter verificação de suas alegações e cadeias de custódia para suas evidências. Apesar de que algumas pessoas podem acreditar totalmente que memórias fragmentadas são indicativos de abdução alienígena, isso é, claro, uma suposição baseada em muitas hipóteses (como mencionado acima).

Falácias lógicas são padrões inválidos de reprodução de raciocínio devido a falhas em sua estrutura lógica. São ruins. Você não quer descobrir que o último livro que adquiriu está cheio delas! Uma falácia lógica comum é Ad Hominem, que ataca o caráter pessoal de um indivíduo ao invés de contra-argumentar diretamente pontos específicos de seu trabalho ou argumentos.

Outra é Apelar à Autoridade, que é o outro lado da moeda de Ad Hominem. Isso é quando um argumento é submetido baseado somente na reputação da fonte, sem a preocupação de verificar sua autenticidade. Apenas porque o FDA disse, a declaração não se torna isenta de uma checagem justa dos fatos. O mesmo se aplica a o que alguns detentores de PhD dizem sobre um vórtice em um rancho no Utah (veja acima sobre linhas de raciocínio e número de hipóteses requeridas).

Tudo isso nos leva a relevância de padrões de evidência. Não surpreende que não possamos concordar sobre conclusões se não podemos concordar sobre a relevância da informação usada para formá-las!

Se concordamos ou não com respeito a padrões de evidência universalmente reconhecidos pela comunidade profissional de pesquisa, é importante entendê-los. Enquanto podemos estar dispostos a entreter algumas das formas mais radicais e criativas de explorar objetos de interesse, temos que saber o quanto estamos nos desviando do padrão estabelecido. Isso nos permite entender mais profundamente por que nossas ideias e pesquisas podem ser rejeitadas. É também importante perceber que se os ufólogos querem ser acolhidos pela ciência tradicional, o que tem sido uma batalha por 70 anos, eles têm responsabilidade de pelo menos entender, se não se conformar a protocolos e padrões científicos. De outra forma, não podemos reclamar se o chefe do Pentágono não está interessado em nosso projeto.   

Como muitas pessoas, eu estava interessado em OVNIs e tópicos relacionados, em parte porque me considerava uma pessoa de mente aberta. Pensei que havia coisas que eu estava disposto a explorar que pessoas mais rígidas e dogmáticas não estariam. Olhando em retrospectiva, acho que muitas de minhas crenças sobre OVNIs foram formadas no erro, largamente baseadas em informações incorretas apresentadas por aqueles que as embalaram e fizeram circular.

Quando se explora e discute tal material, ninguém gosta de ser minimizado e chamado de estúpido. Estamos todos em pontos diferentes em nosso despertar ufológico, e a aqueles de nós que são sinceros deveria ser permitido espaço para crescer. Erros acontecem. Opiniões mal informadas acontecem. Experiências pessoais estão abertas a interpretação.

Entretanto, devemos estar cientes de que podemos aprender com os dois lados da história. Se queremos que as pessoas sejam tolerantes sobre nossas crenças e tenham entendimento melhor do porquê as adotamos, então nós também devemos nos informar melhor do porquê tais pessoas rejeitam certas fontes de evidência ou não dão tanta importância a elas. Funciona nos dois sentidos.

É através do processo de dissecar efetivamente o corpo coletivo de material ufológico que chegamos a termos mais estáveis sobre nossas crenças, nossas esperanças e nossos medos. Aprendemos sobre o mundo que habitamos e, por fim, sobre nós mesmos. Eu espero sinceramente que você veja este blog como uma ferramenta útil.

 

*   *   *

 

 

Tradução: Pamylla Oliveira

                                                            Fonte: ufotrail

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

A Farsa De Ed Walters

 

 



Ed estava perplexo com um modelo encontrado no sótão de sua antiga casa

 

O verão de 1990 seria um dos quentes de Gulf Breeze, quando um modelo foi descoberto na antiga casa de Ed que poderia desestabilizar a alegação de Ed Walters sobre encontros extraterrestres. Os eventos em torno desse modelo são, de alguma forma, confusos, mas a história começa quando Ed Walters decidiu que precisava se mudar. A atenção pública foi demais para ele e, no outono de 1988, ele se mudou. A casa de Ed foi colocada para venda e comprada em 1989 por Robert e Sarah Menzer, que tinham pouco conhecimento do que tinha se passado em 1987-1988. Quando o sr. Menzer decidiu conectar uma mangueira de água em sua nova geladeira, ele notou que a mangueira que saía da parede estava fechada. Percebendo que a válvula da mangueira que estava fechada localizava-se no sótão da casa, o sr. Menzer começou a fazer um rastreamento para cortar a água que ia para a mangueira. Enquanto ele removia alguns materiais isolantes, descobriu algo estranho: um modelo de OVNI, de 22 cm, estava escondido por baixo do isolamento! O sr. Menzer, sem saber o que isso poderia significar, simplesmente o deixou de lado e continuou com seu trabalho. Quando ele não pode encontrar a válvula de desligamento, chamou Ed que, prontamente, disse a ele que a válvula estava do lado de fora da casa. Robert não viu nenhuma razão para mencionar o modelo nessa conversa e seria interessante o que teria se passado se ele tivesse feito. Ao invés disso, o modelo ficou na garagem de Menzer por alguns meses antes de que algo ocorresse e o trouxesse à público.

 

Em junho de 1990, Craig Myers, do Pensacola News Journal, que estava pesquisando o caso há algum tempo, começou uma nova abordagem ao tentar descobrir se havia a possiblidade de o caso ser uma fraude. Ele achou que era possível que Ed tivesse deixado algo para trás em uma das casas em que tinha vivido em anos recentes.

Logo eu retomei minha pesquisa do começo, deixando por um tempo teorias e conjecturas. Eu decidi seguir a trilha de onde eu parecia ter chegado mais perto, em uma das antigas casas de Ed. Como empreiteiro, ele tinha construído várias casas na área, vivia nelas por alguns meses enquanto construía outra e, então, se mudava. No meio de maio, eu comecei a visitar algumas dessas casas na área de Milton esperando encontrar algo deixado para trás por nosso infame fotógrafo... Comecei a perguntar aos novos ocupantes se eles tinham achado algo incomum quando eles se mudaram, tal como livros sobre OVNIs, fotos de OVNIs, salas escuras, modelos de OVNIs, até mesmo OVNIs reais. Nada. (Myers 110)

 

O mais importante para Myers era completar sua pesquisa antes da conferência de ufologia da MUFON, que seria sediada na área nos dias 7 e 8 de julho. Myers, por fim, foi até a casa em que Walters residiu durante os eventos ufológicos de 1988 e 1989, registrados no livro de Walters. Os novos residentes eram Robert e Sarah Menzer, e eles receberam Myers em sua casa depois que ele descreveu o que estava acontecendo. De acordo com Myers, a conversa ocorreu mais ou menos assim:

 

“Nosso papel é prosseguir com a sequência da história sobre os avistamentos e fotografias de Ed, porque a notoriedade dessa área está alcançando todo o país e mesmo ao mundo.” Eu continuei. “Ed escreveu um livro e está indo a programas de TV. Ele se tornou uma figura pública, uma celebridade.”

 

Os Menzer acenavam as cabeças enquanto ouviam.

 

“Eu vim porque, como disse, essa casa é onde Ed e Frances alegaram ter tirado várias dessas fotos em 1987 e 1988”, eu disse. “Bem, me pergunto se, possivelmente, vocês encontraram ou viram algo incomum desde que se mudaram”.

 

Os Menzers estavam começando a se parecer com o casal que comprou a casa em O Terror de Amityville.

 

“Encontramos algo? Como o quê?” O sr. Menzer disse.

 

“Bem, antes de tudo, que tal um OVNI?” Eu perguntei, em uma meia risada.

 

“Não, não posso dizer que encontramos”, o sr. Menzer disse, rindo.

 

“Ok. E sobre qualquer fotografia por aí?”

“Não.”

 

“Livros sobre OVNIs, fotografias, fenômenos inexplicáveis?”

 

“Não posso dizer que encontramos.”

 

“Algum modelo de OVNI?”

 

Eu estava pronto para escrever outro “não”, mas houve apenas silêncio. Eu olhei e eles estavam se encarando. Então, olharam para mim. Meu coração estava de novo batendo como um tambor.

 

“Bem, nós encontramos algo outro dia...” A sra. Menzer disse. “Vou pegar.”

 

“Nós encontramos isso há algumas semanas.”

 

À primeira vista, parecia com uma pilha de isopor.

 

“Posso ver isso?”, perguntei. Enquanto ela se aproximava, se tornava mais claro o que eles encontraram. Eu reconheci imediatamente. Eu tinha visto isso em meus sonhos e pesadelos febris e agitados por meses. Não havia como confundir...

 

Era o OVNI de Gulf Breeze. (Myers 111-2)

 

 



O modelo encontrado no sótão de Ed

Craig, que tinha escrito um artigo cético no jornal no fim de abril, já tinha recebido muita crítica do “círculo mais restrito” e de várias testemunhas de OVNIs proeminentes da área de Gulf Breeze. Myers trouxe o modelo para seu editor, Ken Fortenberry, e eles decidiram convidar Ed para ver o que ele achava do modelo. Myers, que Ed não queria presente durante a entrevista, relata o que aconteceu como foi contado a ele pelo escrivão, Nathan Dominitz:

 

“Você já fez qualquer modelo de OVNI, sabe, para meio que mostrar como a coisa parecia ou recriar algumas fotos, ou qualquer coisa assim?” Ken, que se parecia com Stephen King de alguma forma, perguntou.

 

“Nãoooooooo,” Ed rebateu, semicerrando seus olhos, com uma mistura de curiosidade e indignação. Se eu tivesse estado no escritório, eu mal teria sido capaz de controlar um suspiro de alívio nesse momento. Ele não sabia o que estava por vir. O tínhamos levado a um caminho sem volta.

 

“Então como você explica isso? Ken disse, pegando a nave em miniatura e a mostrando para Ed.

 

“Deixe-me ver isso!”, disse Ed, quase saltando de sua cadeira e pulando por cima da mesa para ver mais de perto a espaçonave de isopor. Ken a puxou de volta para fora do alcance de Ed e este voltou a se sentar, dizendo que talvez não deveria manusear o modelo porque poderia deixar suas digitais nele. Do lugar onde estava, eu conseguia ouvir sua risada e partes de sua negação incoerente.

 

“Isso não é meu. Eu posso dizer isso de cara”, Ed disse sobre o modelo, encontrado em sua antiga casa, que parecia exatamente com o objeto de sua coleção de fotos de OVNIs, com um papel na parte do meio coberto com a letra de Ed.

 

Nathan, que de repente percebeu que estava se divertindo, mais tarde comparou a situação com um drama de sala de tribunal. Ed, atuando como seu próprio advogado, logo pensou em uma defesa: o modelo foi plantado por refutadores ou pelo governo enquanto a casa estava aberta antes de ter sido vendida para os Menzers.

 

“Os refutadores vieram até a cidade. A porta da minha garagem ficava sempre aberta, como muitas portas de garagem pela cidade. Eles podem ter colocado sorrateiramente algo lá. Ou vasculharam meu lixo para pegar algum papel de rascunho”, Ed disse. “Não é interessante isso ter acontecido antes da convenção da MUFON?”

“Por que os críticos iriam tão longe para desacreditá-lo?”, Ken perguntou.

 

“Deus, por favor, me diga. Há refutadores profissionais. Eu não sei se eles são pagos, ou se eles são fanáticos religiosos, ou – e eu amo meu país, então, odeio dizer isso – se eles estão envolvidos em um acobertamento. Eu adoraria acreditar que tudo isso é um incrível holograma do governo ou algum tipo de nave vindo de Elgin (Base da Força Aérea)”, Ed disse.

 

“Eles farão o que for necessário para desmentir um caso... Não há lógica em que eu deixasse um objeto lá. Se eu estivesse tentando forçar uma fraude – e não estou – então teria sido estúpido ter deixado lá.”

 

“Mas é lógico pensar que alguém, um refutador, foi até aquela casa entre o momento em que me mudei e os novos moradores se mudaram e plantaram o objeto. Isso faz sentido para mim”, Ed disse.

 

...Tenha em mente, entretanto, que o modelo não estava na mesa da cozinha. Estava enterrado sob montes de isolamento em um canto do sótão. Menzer tinha seguido o cano de água, fazendo seu caminho, acompanhando o isolamento solto, até que suas mãos bateram nessa criação. Talvez fosse uma versão anterior do modelo que Ed usaria mais tarde, um objeto prático usado para preparar a foto final? Mais tarde, percebi que parecia exatamente com o esboço que ele tinha feito para a MUFON para apresentar o OVNI de Gulf Breeze. (Myers 116-7)

 

Myers jogou combustível na fogueira ao escrever um artigo sobre o modelo de um OVNI encontrado em uma antiga casa de Ed. A revelação do modelo por Myers foi uma grande notícia e houve meio que um alvoroço na comunidade ufológica.

 

Ed negou fazer o modelo e, então, providenciou um exame de avaliação de estresse psicológico para provar isso. Os resultados, como definidos pelo examinador Ronald J. Lauland, foram:

 

Baseado nos resultados dos testes, é minha opinião profissional como um instrutor certificado, especialista reconhecido por cortes judiciais e licenciado no campo de Avaliação de Estresse Psicológico (Detecção de Mentira por Voz), que Ed Walters respondeu de forma verdadeira a todas as perguntas relevantes. (Walters e Maccabee 2)

Ed declarou que os refutadores tinham feito o modelo e plantado em sua casa para desacreditá-lo em tempo para o próximo simpósio da MUFON, em Gulf Breeze. Mas, na verdade, não era assim tão simples. A parte do meio do modelo foi feita com uma planta, com a caligrafia de Ed nela. De novo, Ed tinha uma resposta pronta. Algumas das anotações nos desenhos sugeriam que as impressões eram de uma casa desenhada em setembro de 1989, que era de antes dos Menzers terem se mudado para a casa. Ele agora, de repente, se lembrou de ter visto um veículo estacionado perto de sua casa durante a mesma época e, aparentemente, mexeram em seu lixo. Esses desenhos, tirados do lixo, foram então usados para construir um modelo que foi escondido no sótão da casa vazia que estava aberta. Ed também chegou à conclusão de que Myers estava envolvido nesse “truque sujo” de alguma forma:

 

As circunstâncias sugeriram que foi como um repórter recebendo uma pista, mas uma pista de quem? Minha resposta é: uma pista de uma pessoa responsável por fazer e plantar o modelo no sótão da casa... Quando questionado sobre a pista, o repórter negou que tinha recebido alguma. O repórter também se recusou a fazer um teste de detecção de mentiras. (Walters 214-5)

 

Myers declarou que não havia pista e que ele estava simplesmente seguindo o bom jornalismo investigativo.

 

...Eu sabia que a história rapidamente inventada pela MUFON, sobre plantas roubadas sendo usadas para incriminar o pobre Ed, não passava de bobagem. O principal problema com a teoria de que alguém plantou o modelo no sótão para alguém encontrar, e para que eu relatasse isso, era, de novo, que ninguém me falou sobre um modelo ter sido encontrado. (Myers 173)

 

Ed apontou que o modelo não se parecia com nenhum dos OVNIs em suas fotografias (mas ele se parecia com um desenho que ele publicou no livro e no jornal da MUFON). Ele também acrescentou que, quando deixou a casa, a mangueira da geladeira tinha uma pequena válvula para desligamento nela e estava funcionando! Ed propôs uma teoria de que refutadores tinham roubado as plantas e construído o modelo com elas. Eles, então, foram até a casa antes de ela ser vendida e esconderam o modelo no sótão. Para garantir que alguém encontraria o modelo, a válvula foi removida e a mangueira travada. Ed fez várias suposições dentro dessa teoria. Ele chama os refutadores de não muito inteligentes. Se eles quisessem mesmo colocar um modelo na casa de Ed, eles não teriam criado um modelo baseado em algum dos OVNIs das fotografias? Eles não teriam colocado o modelo em um local mais fácil para Menzer encontrar? E se Menzer não tivesse se preocupado em subir no sótão e simplesmente fosse para o lado de fora para cortar a água? Myers teria pedido para ir até o sótão para olhar se Menzer tivesse negado encontrar qualquer modelo? Parece que o cenário que Ed apresentou é algo como “um ato de fé”, mas o “círculo restrito” aceitou tudo e foi em defesa de Ed.

 

Myers e seu grupo começaram a fazer experimentos com o modelo e descobriram que o modelo apresentava algumas propriedades quando uma luz era colocada nele.

 

Quanto mais brincávamos com o objeto, mais descobríamos que ele era, de fato, bonito em sua simplicidade e havia método na loucura de seu construtor.

 

Como mencionado antes, o material acendia quando iluminado pela parte de dentro, com a luz brilhando mais forte a partir do bojo do isopor, que formava um anel de luz a partir das aberturas e do tubo plástico. (Myers 117)

 

Depois de vários métodos e tentativas de fazer com que o OVNI parecesse como nas fotografias de Ed, eles perceberam que havia apenas um método certo a ser usado. Seria usar dupla exposição. Quando esse método era empregado, as imagens eram surpreendentemente similares às fotos dos OVNIs que Ed tinha publicado.

 

 



Craig Myers foi capaz de duplicar as fotografias de Ed Walters

com o modelo (capa do livro de Myers)

Enquanto o modelo tinha se tornado notícia, outro fato chocante ocorreu apenas uma semana depois, quando um jovem revelou que sabia que o caso todo não passava de uma fraude. Nick Mock e outros jovens mencionaram que Ed fazia pegadinhas regulares e, às vezes, contratava crianças para ajudá-lo com seus truques. Em 17 de junho, um jovem foi à público para revelar que sabia sobre a fraude das fotografias de OVNIs de Ed Walters. Thomas Smith Jr. (também conhecido como Tommy Smith) era o filho de um advogado local e amigo de Ed Walters. Ele começou a falar com repórteres do Pensacola News Journal. Tommy contou muitas histórias interessantes sobre o que Ed Walters contou a ele de como forjou suas fotografias e vídeos de OVNIs. A motivação de Ed era simples, de acordo com Tommy:

 

Ed estava nisso pelo dinheiro de alguma forma e, também, pelo fato de que era apenas uma grande viagem de ego. Ele queria ver se conseguia sair impune disso... Ed disse que morreria e iria para o túmulo com essa história. (Myers 128)

 

Ele também tinha fotografias, que Ed o tinha ajudado a tirar, de um modelo de OVNI atrás de uma palmeira (elas não são de dupla exposição, ao contrário de alguns relatos). Ed queria que ele entregasse as fotografias ao Gulf Breeze Sentinel, em 1987 e 1988. Na época, Tommy se recusou e disse a Ed que a brincadeira estava indo longe demais. Smith não queria se envolver ainda mais, mas não revelou a história a ninguém de fora de sua família. Seu pai e advogados sentiram que era melhor não fazer nada na época. Zan Overall conta por que Tommy foi a público:

 

Quando Smith contou a seu pai advogado sobre a fraude em janeiro de 1988, quando as fotos e alegações de Walters foram publicadas pela primeira vez, nenhum Smith estava disposto a ir a público. Os dois presumiram que a bolha de Walters iria estourar logo. O jovem Smith tinha – e tem – bons sentimentos por Walters. “Eu tive alguns dos meus melhores dias no ensino médio lá”, ele disse para o Gulf Breeze Sentinel (9 de agosto de 1990). O pai de Smith confidenciou a história de seu filho para o colega advogado e chefe da polícia de Gulf Breeze, Jerry Brown. Os Smith foram a público apenas em junho de 1990, depois do livro de Walter estar à venda e o simpósio de 1990 da MUFON, sediado em Pensacola, estar perto de dar mais exposição a algo que os Smith sabiam ser uma fraude. (Overall 16)

 

Em 19 de junho, o prefeito Grey fez uma coletiva de imprensa e revelou a história a todos. A MUFON poderia acrescentar Tommy Smith a sua lista de “jovens não confiáveis”.

 



Tommy Smith disse que ele fazia parte da fraude de Ed Walters

 

Tommy Smith falou sobre Ed Walters contar a ele como enganou a todos e que várias pessoas chave estavam envolvidas. Os participantes óbvios, que estavam lá, eram o filho e a esposa de Ed. Entretanto, Tommy acrescentou que Hank Boland (também conhecido como Patrick Hanks) também desempenhou um papel. Lembre-se que Hank Boland foi uma das testemunhas, além da família de Ed, que viu o OVNI aparecer para Ed. Esse foi outro golpe para o caso de Ed Walters e mais controle de danos foi iniciado. De acordo com Craig Myers, Walter Andrus declarou:

 

Smith está “mentindo” sobre ter estado com Walters quando ele forjou fotos de OVNIs... Andrus disse que ele também acreditava na história de Walters de que Tommy Smith está mentindo para proteger as crenças religiosas de seus pais, que não admitem OVNIs. (Randle 75)

 

Achei interessante que Tommy mentiria sobre algo para “proteger as crenças religiosas de seus pais”. Isso não é de alguma forma contraditório? Na verdade, a religião deles não diz nada contra OVNIs, então essa declaração é falsa. Outros atacaram Tommy Smith o chamando de mentiroso e apontando que as técnicas descritas por Tommy não criariam as imagens, ou que Tommy não parecia ter muitos detalhes sobre as técnicas da fraude. É claro, eles ignoraram o fato de que a participação dele foi limitada e baseada no que Ed contou a ele. Ed pode não ter revelado os detalhes completamente, ou Tommy podia não lembrar deles exatamente. As revelações de Smith, junto com o modelo, foram um golpe profundo e agora a MUFON tinha que encarar a feia possibilidade de terem sido enganados.

 

Logo depois das acusações de Tommy sobre Ed Walters, Walt Andrus pediu que a investigação do caso fosse reaberta. Ele precisava de algo para parar a enxurrada de relatos negativos sobre o caso que uma vez ele chamou de “um dos casos mais incríveis da história da ufologia moderna” (Christensen). Andrus começou a procurar por investigadores qualificados que poderiam checar essas novas revelações.

 

Para aqueles que continuavam a defender os vários testes em detectores de mentira que Ed fez, a entrevista de Tommy foi gravada e examinada depois, com o uso de um analisador de estresse na voz, por dois especialistas diferentes. O primeiro foi Dale Kelly, que escreveu:

 

A pedido e sob a autoridade do chefe Jerry Brown, do Departamento de Polícia de Gulf Breeze, eu analisei uma fita de uma pessoa conhecida apenas como Chris [Tommy Smith] por mim. O tema era sobre tirar fotografias de OVNIs e se as fotografias eram falsas. Baseado nos resultados dos testes, é a opinião do examinador que “Chris” estava falando a verdade quando descreveu como foi contado a ele como as fotografias eram forjadas. Em resposta a todas as perguntas colocadas a “Chris”, em minha opinião, ele estava falando a verdade. (Randle 65)

 

Ed Halford foi o segundo especialista, e ele declarou:

 

Eu fiz um teste para o chefe de polícia de Gulf Breeze, para determinar a veracidade de uma declaração feita por um homem identificado como “Chris” [Tommy Smith]. A declaração foi gravada pelo chefe Jerry Brown e pelo prefeito Ed Gray, de Gulf Breeze, com a permissão de “Chris”. Na minha opinião profissional, as respostas para todas as perguntas feitas a essa pessoa foram verdadeiras. Eu usei o Analisador de Estresse de Voz Mark II para chegar a essa conclusão. Tenho um diploma em criminologia, 20 anos de experiência na polícia e 13 anos com o Analisador de Estresse de Voz Mark II. Esse teste foi analisado pela autoridade do chefe de polícia de Gulf Breeze. (Randle 66)

 

Então, tanto Ed quanto Tommy conseguiram passar pelo teste de analisador de estresse na voz, nos fazendo perguntar qual foi o correto ou se nenhum deles era correto. De acordo com Zan Overall, “Smith se ofereceu para se submeter a um teste de polígrafo administrado por uma agência independente se Walters, sua mulher e seu filho (todas supostas testemunhas dos OVNIs) fizessem o mesmo. Os Walters ainda não aceitaram esse desafio”. (Overall 16). Ed passou por um teste que ele mesmo contratou e pareceu ter passado por testes de estresse na voz. Ele ajudaria muito em seu caso se se submetesse a um polígrafo. A relutância de Ed em se submeter a um exame de polígrafo independente levanta o questionamento sobre a validade desses outros testes.

 



Além de Craig Myers, o repórter de televisão Mark Curtis também

foi capaz de reproduzir fotografias como as de Ed Walters

 

 

Enquanto isso, Mark Curtis, da WEAR-TV Canal 3, estava criando fotografias similares de OVNIs (não exatamente reproduzindo) a aquelas que Ed tirou, usando técnicas similares (com algumas modificações) a aquelas descritas por Tommy Smith. Lembre-se que Curtis estava bastante impressionado com as fotografias de Ed e um vídeo de 1988, e parecia que ele acreditava que a história dele era verdadeira. Agora, Curtis começou a olhar de forma cética para Walters. Talvez ele estivesse seguindo a velha regra de “me engane uma vez, vergonha sua...”. Curtis declarou abertamente, “Foi bastante fácil reproduzir essas fotos” (Evans e Belderson). Parecia que a maioria dos problemas com a duplicação exata das fotografias de Ed estava em reproduzir os métodos e condições precisas que ele usou. Quando os fotógrafos entenderam como foi feito, eles começaram a ter reproduções cada vez mais parecidas com as fotos de Ed.

 

 

No começo de julho, Ed se preparou e emitiu um comunicado à imprensa demonstrando que “refutadores” tinham plantado o modelo. Ele tinha obtido uma cópia das plantas que tinha dado ao sr. e a sra. Lynn Thomas, de Michigan, em setembro de 1989. Os Thomas achavam que essas plantas poderiam ser as plantas usadas no modelo. A cópia mostrava muitos detalhes importantes, mas o principal em que Ed queria focar era que a sala de estar, de 530 metros quadrados, e as dimensões da laje, de 729 metros quadrados, eram os mesmos números da planta que estava no modelo. Ele queria ter certeza de que todos estivessem convencidos de que essa era a verdadeira origem das plantas. Infelizmente, Ed deixou muitos detalhes de fora. Na planta do modelo, o endereço está parcialmente escondido, mas o último dígito é definitivamente o número “2” (com o endereço aparente de Jamestown Drive 712). As plantas dos Thomas foram feitas para Jamestown Drive 700.

 



Cortesia de P. Klass - SUN #6 de novembro de 1990 – Página 5

 

 

Outro problema era que a parte exterior das plantas dos Thomas usavam White Synergy, mas as plantas do modelo declaravam que o lado de fora era de tijolo (Ed, mais tarde, acrescentou que eles queriam originalmente tijolo, o que explicaria essa discrepância). Ainda mais revelador era que a garagem no modelo era paralela à casa, com a abertura sendo do mesmo lado da parte maior da casa. As plantas da casa dos Thomas tinham a garagem perpendicular à parte maior da casa.

 



Cortesia de P. Klass - SUN #9 de maio de 1991 – Página 7

 

Então, as plantas dos Thomas não combinavam perfeitamente com a do modelo. De acordo com Phil Klass:

 

A planta da casa “original” e detalhada que Walters pegou emprestado do sr. e da sra. Thomas, logo depois que o modelo de OVNI foi descoberto, nunca retornou para eles. Ao invés disso, Ed enviou a eles uma fotocópia. (O sr. Thomas tinha anotado as dimensões do lote na parte de trás do original. Essas dimensões não estavam na cópia que Ed mandou de volta para eles.) (Klass Bruce Maccabee 5)

 

O mais importante foi que, quando se perguntou sobre uma anotação específica “corte 2” nessas plantas, os Thomas não puderam recordar se ela tinha sido feita antes de eles emprestarem a cópia para Walters (que não foi a que retornou para eles). Esse “corte 2” é importante porque remove 60 cm de parte da casa e muda a sala de estar para as dimensões requeridas. Parecia que as plantas que Ed tinha usado em seu comunicado à imprensa poderiam ter sido alteradas para produzir os números requeridos para combinar com os descobertos no modelo. O ufólogo Jerry Black falou com os Thomas anos depois e descobriu que eles, agora, eram da opinião de que as plantas não eram as da sua casa:

Ed Walters alegou que o modelo representava a casa da família Lynn Thomas e, de fato, eles disseram isso antes. A propósito, nós soubemos que a casa nunca foi construída para eles. Entretanto, durante os últimos 4 ou 5 anos, nós estivemos em contato com a família Thomas, que se mudou para Detroit.

 

A sra. Thomas fez um curso extensivo para se tornar agente imobiliário depois de ter deixado a área de Gulf Breeze. Para ter certeza de que ela estava olhando para as mesmas plantas que eu estava, eu mandei a ela uma cópia das plantas da casa de Sarah Menzer. (Nós todos poderíamos obtê-las ao simplesmente pedir para a senhora Menzer.) A sra. Thomas disse que as plantas eram basicamente a mesma coisa que ela recebeu de Walt Andrus e Ed Walters.

 

Agora, entretanto, desde que ela fez seu curso de agente imobiliário, e percebeu que sua casa seria construída na esquina entre Shoreline Drive e Jamestown, ela me disse que não acredita que as plantas do modelo que foram enviadas a ela representam as plantas da casa que, supostamente, seria construída para ela. Eu perguntei a ela por que mudou de opinião. Ela disse que, quando se tornou agente imobiliário, e mais familiarizada com ler plantas e diagramas, viu que as plantas que ela estava olhando eram muito menores que as da casa que seria construída para a família dela, que ficaria situada na esquina entre Shoreline e Jamestown. Ela reiterou, “Estou te dizendo novamente, sr. Black, essas plantas não são as plantas que foram feitas para nossa casa, para ser construída naquela esquina.”

 

O sr. Thomas estava em uma extensão do telefone durante a conversa. Ele disse para mim, “Sr. Black, nunca achei, durante todo o tempo, que essas eram nossas plantas. Mas eu concordei com minha mulher porque ela achava que sabia mais que eu.” (Black)

 

Uma sequência de eventos ainda mais surpreendente veio da sequência da pesquisa de Craig Myers:

 

Puxando o conteúdo da pasta com o nome de Ed nele, eu logo localizei uma permissão de construção para uma casa que tinha a mesma sala de estar que a da planta do modelo. Essa permissão foi para uma casa de tijolos em Jamestown Drive 712, construída entre janeiro e maio de 1987 – uns 6 meses antes dos primeiros casos de OVNI e fotos surgirem. Eu fui de uma antiga vizinhança obscura de Pensacola para BayBridge, uma área ainda mais obscura. Lá, na prefeitura, foram me mostrados arquivos das construções de Gulf Breeze, onde as plantas de cada casa construída na cidade estavam guardadas em tubos. Com as mãos tremendo por antecipação, eu logo localizei as plantas da casa de Jamestown Drive 712. Com o coração palpitando, eu puxei as plantas, as desenrolei em uma mesa e olhei com expectativa para o canto superior direito para ver se a área de laje daquela casa também combinava.

 

Mas não havia nada lá.

 

O canto da planta tinha sido arrancado no local que continha a área da laje e da sala de estar da casa. Certamente, não era acidental. Você não rasga as plantas acidentalmente daquela forma. Olhei para baixo no tubo e para o chão, mas não havia pedaço de papel compatível. Foi rasgado como se alguém tivesse virado uma página de um livro muito rapidamente. Mas não há razão para manusear as plantas daquela maneira. Não havia motivo para rasgar apenas aquele canto, removendo apenas aqueles dois itens de informação...

 

Mais tarde, Gray me ligou e disse que uma das secretárias da prefeitura lembrou que Ed estava olhando aquelas plantas alguns dias antes. Eu liguei para a secretária e ela repetiu a história.

 

Ela disse que Ed chegou e olhou aqueles arquivos, saindo abruptamente depois do que pareceram vários minutos. O prefeito estava ficando bravo. Um homem de ação, ele pediu para um amigo construtor calcular as dimensões daquela casa usando os desenhos deixados nas plantas. Ele me ligou do telefone de seu carro e, de forma animada, reportou que elas eram uma combinação perfeita. Ele disse que o construtor calculou a área da sala de estar com 530 m e uma área de laje de 729 m. (Myers 133-134)

 

O formulário tinha uma sala de estar de 530 m quadrados, mas não a “marca” de uma área de laje de 729 m quadrados. Entretanto, parecia ter havido mudanças nas plantas, que moveram a área da laje para 729 m quadrados, mas reduziram o tamanho da sala de estar. Apesar de as plantas não terem as duas dimensões requeridas ao mesmo tempo, havia a possibilidade de que os desenhos poderiam ter tido esses números listados. A implicação é a possibilidade de que esses plantas, que estavam na prefeitura para uma casa “específica”, poderiam ter sido a fonte para as plantas do modelo.

 

 

 

 



Cortesia de P. Klass - SUN #10 de julho de 1991 - Página 2

 

 

Em julho, Andrus decidiu quem ele abriria uma nova investigação do caso de Walters. Rex e Carol Salisberry, da MUFON da Flórida, foram considerados os melhores candidatos. Esses dois foram honrados na conferência de julho da MUFON por suas “capacidades investigativas inigualáveis” e “definiram os padrões para uma investigação ufológica apropriada” (Prêmio Klass 1). Mais importante, eles não pareceram ter nada contra Ed e estavam inclinados a acreditar nas alegações de Ed sobre os encontros que ele teve. Rex tinha, na verdade, visto um dos OVNIs vermelhos que, recentemente, tinham passado pela área. De acordo com Phil Klass: “...Andrus enfatizou que uma nova investigação seria baseada na presunção de que Walters era inocente até que se provasse o contrário” (Klass Ed Walters 2). Era o desejo de Walt que Salisberry limpasse a bagunça e restaurasse o caso a seu status anterior.

 

 

 

 

 

 

 

Trabalhos Citados

 

Black, Jerry. "Looking Back: A Review Of Gulf Breeze". http://www.skiesare.demon.co.uk/looking.html

 

Christensen, Marge. MUFON, 1990 - An Organization At Risk. http://www.skiesare.demon.co.uk/gb+mufon.html

 

Evans, Jeremy and Martin Belderson (Directors).(1996) UFO: Down to Earth - Reason to believe (Film). Discovery Channel.

 

Klass, Philip. "Ed Walters, of Gulf Breeze, Fla., charges that small UFO-Model found in his former home by its new owner was made by "debunkers" who planted it to "discredit the UFO phenomenon." Skeptic's UFO Newsletter, July 1990.

 

"Award-winning MUFON investigators find evidence of hoax in Ed Walters' (Gulf Breeze) UFO Photos--But MUFON director Walt Andrus dismisses their findings." Skeptic's UFO Newsletter, November 1990.

 

"Bruce Maccabee, Dan Wright, and Walt Andrus prove that P. T. Barnum was correct: You can fool some of the people all of the time." Skeptic's UFO Newsletter, May 1991.

 

"Walters, Maccabee fail to explain "Garage entrance discrepancy" which challenges Walters claim that small UFO-model discover in former Gulf Breeze residence was made by "debunkers". Skeptic's UFO Newsletter, July 1991.

 

Myers, Craig. War of the Words. USA Xlibris Corporation 2006.

 

Overall, Zan. "The Gulf Breeze RUFOs". International UFO Reporter. Vol 17 No. 2 (March/April 1992). 14-18.

 

Randle, Kevin. The Randle Report: UFOs in the 90s. New York: M. Evans and Company inc., 1997

 

Walters, Ed and Frances. UFO Abductions in Gulf Breeze. New York: Avon Books. 1994.

 

Walters, Ed and Bruce Maccabee UFOs are real: Here's the proof. New York: Avon Books 1997.

 

 

 

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Tradução: Pamylla Oliveira

 

Artigo original:

http://www.astronomyufo.com/UFO/Ed09.htm

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Os 25 Anos Da Farsa Do Filme Da Autópsia

 




Imagem do infame filme da autópsia alienígena

 

Há 25 anos, muitas pessoas se reuniram para ver o lançamento mundial do filme da “autópsia alienígena” em um congresso ufológico internacional, sediado na Universidade Sheffield Hallam.

 

Na época, eu era jornalista no Sheffield Star e, de acordo com o especialista Philip Mantle, autor da história definitiva sobre a lenda, foi a minha história exclusiva que alertou a mídia internacional do que se tornaria a grande história “da estação”.


O fim de semana de 18-19 de agosto de 1995 viu a primeira mostra pública do filme no Hallam Pennine Lecture Theatre, durante o 8º Congresso Internacional da Associação Britânica de Pesquisa Ufológica. As entradas estavam esgotadas e equipes de TV do mundo todo estavam acampadas na Hallam Square, ansiosas por entrevistar os personagens principais envolvidos na história.

 

Com a expectativa crescendo, uma semana depois, um segmento da filmagem foi transmitido no Reino Unido como parte da série de documentários Secret History, do Channel 4. A partir daquele momento, se tornou parte de um dos casos célebres da ufologia, o “incidente de Roswell”. Hoje, as imagens do filme da autópsia fazem parte da cultura popular da mitologia ufológica.

 

O ufólogo e autor Philip Mantle, que escreveu a história definitiva do filme da autópsia alienígena, fotografado em sua casa, em West Yorkshire, em março de 2020

Muitos continuam a acreditar que o governo dos EUA acobertou, com sucesso, a queda de uma espaçonave alienígena perto de uma cidade do Novo México em 1947. Na era de Arquivo X, a procura era por evidência física para confirmar essa crença – e que melhor confirmação poderia haver que uma gravação real de uma autópsia feita em pilotos alienígenas?

 

A lenda da Autópsia Alienígena se tornou a fonte de um filme britânico em que estrelavam comediantes celebridades e apresentadores do Ant&Dec, que atualmente apresentam o Britain’s Got Talent e Ant&Dec Saturday Night Takeaway.

 

Alguns continuam a acreditar que a filmagem foi mesmo feita em Roswell, em 1947, e, por anos, o filme continuou a atrair grupos pequenos, mas barulhentos, de apoiadores. Minha história exclusiva, publicada na primeira página do Sheffield Star, em 18 de agosto de 1995, não revelava o autor da fraude, mas se propunha a identificar a fonte: alguém de dentro da indústria de efeitos especiais de filmes.

 


O FILME DO ALIENÍGENA É UMA FARSA, DIZ MAGO DO CINEMA

 

Magos dos efeitos especiais hoje dizem que um filme que alega mostrar o corpo de um alienígena é uma farsa.


Centenas de entusiastas e dúzias de trabalhadores da TV de todo o mundo estão se dirigindo para a Universidade de Hallam para um congresso lotado, organizado pela Associação Britânica de Pesquisa Ufológica, esse fim de semana.

 

Mas, hoje, especialistas dos estúdios Pinewood, que criaram efeitos para filmes de Hollywood de grande orçamento, disseram que descobriram que o “alienígena” era um “corpo forjado muito bom” quando examinaram a gravação.

 

Os que acreditam dizem que o filme granulado em preto e branco mostrava uma autópsia ultrassecreta, do exército americano, em um piloto alienígena, morto quando seu disco voador caiu no deserto em Roswell, Novo México, em 1947.


O programa para o 8º congresso internacional da BUFORA “OVNIs: Examinando as Evidências”, onde a filmagem da autópsia alienígena foi mostrada publicamente pela primeira vez em 1995

 

O Channel 4 está planejando usar o filme como parte de uma investigação mundial da TV sobre as alegações de que o governo dos EUA recuperou secretamente uma espaçonave alienígena e acobertou a verdade por 50 anos.


Cliff Wallace, dos Efeitos de Criaturas de Pinewood, disse que especialistas puderam ver evidências de uma costura em um braço da criatura, o que sugeria que ela era um boneco.

Eles também perceberam as palavras “Vídeo TV” escrita em partes dos destroços que, supostamente, eram do disco caído.


“Esse filme é uma farsa – não há dúvidas disso,” o sr. Wallace disse para o The Star.


“Foi feito de maneira muito inteligente por alguém que, provavelmente, está dentro da nossa profissão e não há possibilidade de que isso tenha sido filmado em 1947”.

 

Guerra das Palavras sobre o filme do disco voador: minha história por dentro, publicada na página 6 do Star, 18 de agosto de 1995

O sr. Wallace, cuja companhia fez um modelo de tamanho real de Sean Connery para o filme First Knight, disse que ele acreditava que o filme tinha sido feito como um golpe de publicidade para um filme vindouro sobre mistérios alienígenas.

 

Hoje, o empresário londrino, Ray Santilli, que tem tentado vender o filme para companhias de TV pelo mundo, não estava disponível para comentários.


Ele alegou que o comprou de um fotógrafo aposentado do exército americano, agora com a idade de 82 anos.

 

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Em seu relato definitivo sobre a história Autópsia Do Alienígena De Roswell: A Verdade Por Trás Do Filme Que Chocou O Mundo, Philip Mantle escreve (página 39):

 

“A primeira vez que o público soube sobre o filme foi em 14 de janeiro de 1995, quando [Rea Presley, o falecido cantor do The Troggs] foi entrevistado em um programa da BBC, Breakfast TV. Ele surpreendeu a todos ao anunciar que tinha visto – um filme de “alienígenas reais vivos”. Não houve grande reação ao seu anúncio já que o programa, naquela época, não tinha grande audiência. Nesse tempo, eu vi o filme sobre a autópsia alienígena e perguntei a Santilli se ele o mostraria na conferência da Associação Britânica de Pesquisa Ufológica que eu estava organizando em Sheffield, para agosto daquele ano [1995]. Surpreendentemente, Santilli concordou. Logo depois disso, eu recebi uma ligação do jornalista local e ufólogo de longa data, David Clarke, do Sheffield Star – um dos maiores jornais britânicos. Clarke estava escrevendo um pequeno artigo para o jornal sobre outro ufólogo local e pediu por algumas palavras sobre a conferência prevista para agosto. Eu dei a ele algumas linhas e, como um comentário informal, falei que um filme de “autópsia alienígena” seria apresentado como uma exclusiva.


“Clarke publicou seu artigo e eu fui contatado na sequência pela White Press Agency, em Sheffield. Eles queriam saber mais sobre o filme da autópsia alienígena e eu respondi às perguntas deles – não esperando que nada surgisse a partir dali. Dentro de horas, depois que a White Press Agency circulou a história pelo mundo, meu telefone começou a tocar.

 

“A história tinha vazado. A conferência vendeu todos os ingressos rapidamente e Santilli estava cercado por jornalistas, ufólogos e companhias de TV...”


O livro de Mantle documenta a origem da lenda e examina a trilha de evidências que expôs a fraude em detalhes forenses.


Livro definitivo de Philip Mantle sobre o filme da autópsia alienígena, edição revisada de 2020

Coincidentemente, este verão também marca o centenário de outro conjunto falso de imagens – em preto e branco – que se tornaram uma lenda e parte do folclore de Yorkshire.

Em agosto de 1920, duas primas, Frances Griffiths e Elsie Wright, tiraram três das famosas “Fotos das Fadas de Cottingley” nos fundos da casa da família de Elsie, em Cottingley, perto de Brasford, em West Yorkshire. Essas três fotos complementavam duas outras, produzidas em 1919, que convenceram Sir Arthur Doyle, o criador de Sherlock Holmes, de que as fadas realmente existiam.

Em 1975, Elsie, na idade de 74 anos, em uma entrevista para a TV, disse: “Eu te disse que elas são invenções da nossa imaginação e me atenho a isso.”

Não foi até 1982, 60 anos depois que a história foi a público, que as duas mulheres confessaram que as fotografias eram desenhos de “fadas” que foram recortados de revistas populares e pregadas por alfinetes. Mesmo assim, Frances continuou a manter que elas tinham visto fadas e que as garotas tiraram fotografias como prova para confundir seus pais céticos.


Assim como o filme da autópsia alienígena, a história das fadas de Cottingley continua a capturar a imaginação popular até hoje. Houve dúzias de livros sobre isso, dois filmes de Hollywood e vários programas de TV e documentários. A história é geralmente descrita como uma das maiores fraudes fotográficas de todos os tempos.



Mas fraude é a palavra mais apropriada para usar quando se lida com temas que envolvem crenças? O Dicionário de Inglês Oxford define uma fraude como “um engano bem humorado ou malicioso que é imposto a credulidade da vítima”.

O que eu aprendi em mais de 40 anos ao investigar crenças extraordinárias e experiências é que, quando as pessoas acreditam em algo de forma tão forte – seja a crença em fadas ou alienígenas – os indivíduos, elas vão interpretar o que emerge da câmera como uma confirmação de suas crenças.

Ver não é acreditar – acreditar é ver!

 

 

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Tradução: Pamylla Oliveira

 

Artigo original: dr. david clarke