Dr. Ubirajara Rodrigues, descobridor do Caso Varginha
Abaixo o manifesto do Dr. Ubirajara Rodrigues publicado em 2010 por pesquisadores do CUB (Centro de Ufologia Brasileiro). Postamos aqui para que sejam respondidas as especulações infundadas acerca dele que permanecem até hoje nos quatro cantos da internet. Dez anos depois o texto permanece atual e esclarecedor.
Meus caríssimos Colegas e companheiros
de estudos ufológicos.
Pela
primeira vez, alguns Colegas de fora do circuito dos ataques emocionados, fazem-me
indagações como as que seguem abaixo.
Antes
desculpo-me por prestar uma declaração: quando dirigem a mim tais questões,
quero deixar claro que esta atitude significa, em meu modesto entendimento, o
meio correto, honesto e condizente com a postura científica de busca da verdade
mais próxima possível. A troca de informações, a discussão e o debate, entre interlocutores
conscientes, é sabidamente o que constitui o verdadeiro processo da aquisição
de um conhecimento válido e útil.
Para
tanto, o abandono dos rompantes emocionados e tendenciosos é o primeiro passo.
Por uma razão muito simples. Se nas Ciências consagradas isto é indispensável,
sabe-se que não há como se eliminar totalmente a participação de um notável
percentual da subjetividade do pesquisador ou do experimentador. Que dirá,
então, em temas ainda incipientes como a Ufologia! Isto poderia, à primeira
vista, justificar as explosões cujos estopins são as crenças, os sincretismos e
as confusões oriundas da total desinformação de ordem filosófica, dialética e
de linguagem acadêmica ou aplicável, que alguns em nosso meio possuem. No
entanto penso exatamente ao inverso.
É
precisamente em razão de a Ufologia ainda nem sequer sonhar ser uma ciência,
que precisamos redobrar, triplicar, ampliar ao máximo nossa cautela. Estarmos
atentos ao mundo de ilusões e fantasias exacerbadas, que utilizamos para suprir
nossa ignorância e para suportarmos nossa auto punição, na maioria das vezes
inconsciente, porque não cuidamos de organizar os rumos de nosso conhecimento,
tentando substituir nossos objetos de adoração e de fetiche de características místicas.
Caso contrário, longe de negarmos
que isto seja um amplo direito do ser humano, ou buscamos um mínimo de
credibilidade da Ufologia, ou assumimos de vez que ela já seja uma seita eivada
de aleatórias misturas de transcendências confusas e desconexas. Declaramos definitivamente
que ela seja uma terra de ninguém, em que se digladiam, em todo o mundo,
estultos cidadãos dotados de um suposto
saber, pela obtenção do título de sua propriedade; e dançam, rodopiando
ingenuamente, em torno de uma pálida fogueira de palha, curiosos e adoradores
vítimas da sua própria ingenuidade.
Por isto concordei, de bom grado e
com o sincero sentimento de obrigação, ainda que também de honra, com tal
solicitação de apresentar alguns esclarecimentos, diante das deturpações,
exageros e ofensas, que têm girado em torno das minhas recentes declarações.
Repito – estou consciente de que devo tais esclarecimentos, principalmente
porque a iniciativa parte de tais Ufólogos por quem tenho o máximo de admiração
e respeito. Nomear estes sóbrios e valiosos colegas, nesta oportunidade, talvez
não seja apropriado.
Portanto destaco que esta minha
manifestação não tem, nem de longe, o condão ou a intenção de esclarecer
detalhadamente, tampouco de rebater uma a uma, as investidas de que tenho sido
alvo, desde que foi publicada uma entrevista que concedi, em duas edições da
mais longeva revista de Ufologia do planeta. E desde que fiz publicar, para
minha extrema honra, satisfação, alegria e proveito, um livro recente com meu
professor, velho parceiro na Ufologia desde a Década de 70, e querido irmão,
Carlos Reis.
O momento não é oportuno. As
circunstâncias não permitem rápidas tréplicas com o único fito de não ficar
calado. Por enquanto, limito-me, podem acreditar, a encarar tudo isto como
lição, como aprendizado e, principalmente, como um verdadeiro “laboratório”,
onde a cada dia vejo confirmadas as constatações e até os vaticínios, que
insinuei naquela entrevista e expressamente fiz, com meu co-autor Carlos Reis,
em nosso livro “A Desconstrução de um Mito”.
Passo portanto às repostas a
indagações que me foram enviadas, solicitando a todos a enorme gentileza de
observarem que serei, o quanto me for possível, totalmente à parte do que vem
sendo interpretado, dito, suposto e publicado, em torno das minhas declarações
e de meus escritos, quando isto vem sob a forma de injúrias e de golpes
desnecessários. Não é esta a finalidade de minhas considerações. Eventualmente
pode ser que eu quase quebre esta regra, pelo que peço sua compreensão.
Agradeço a oportunidade. Aos
senhores, todo o meu respeito.
1- Você foi intimado ou convidado a ir
na Escola de Sargentos para participar do Inquérito Militar?
Quando é instaurado um Inquérito
Policial Militar, destinado exclusivamente à apuração do suposto cometimento de
atos por militares, testemunhas civis, como eu, de alguma forma envolvidas, são
convidadas. Tal como se pode ver nas sessões do Poder Legislativo ao apurar
algum fato com o depoimento de convidados. No entanto, é de praxe, e de bom
conselho, que não se recuse ao comparecimento. Em suma, podemos sim dizer que
se trata de uma intimação, nestes termos.
Quando a repercussão mundial do Caso
Varginha se iniciou, o Exército abriu uma Sindicância em razão daquilo que
alguns Oficiais entenderam como utilização de termos não condizentes, em um
livro que havia sido publicado muito pouco tempo após o início de nossas
investigações. Rápida e não conclusiva, acabou sendo juntada ao Inquérito
Policial Militar.
Em Maio de 1996 aconteceu em meu Instituto uma
reunião para nós histórica e inesquecível, com a presença de vários ufólogos e
representantes de grupos de ufologia do mundo, bem como de vários veículos de
comunicação. A Imprensa, como em poucas ocasiões no mundo, aguardou avidamente
pelos resultados do que nós ufólogos tínhamos obtido nas últimas semanas. Na
reunião, foi colocado a público um rol de nomes de membros da Escola de
Sargentos das Armas, que as investigações conduziam no sentido de que haviam
participado da movimentação de viaturas na cidade de Varginha, notadamente em
hospitais, nos principais dias dos eventos que compõem o enredo do Caso.
Foram ouvidos em tal IPM , 27 militares,
pelas cópias que possuo desde a época – e que também já a possuíam outros
ufólogos brasileiros, inclusive alguns que tentam agora, mais uma vez, fazer
tempestade em copo d´água em torno de supostos “documento secretos”. E alguns
civis, dentre eles eu, sim.
Encerrado também pela conclusão de
que nenhum militar havia cometido qualquer ato ilícito, quer disciplinar quer
de outro tipo, e de que segundo o relatório final do Coronel de Brigada
sindicante as notícias veiculadas pela Imprensa eram inverídicas, o IPM chegou,
claro, à Justiça Militar e foi arquivado por inexistirem razões para
prosseguimento em eventual processo.
Ora! Vários documentários de longa
metragem foram realizados em torno do Caso Varginha, por diversas produtoras
internacionais. Só o Canal Discovery possui duas edições diferentes, que de vez
em quando até hoje exibe para o mundo inteiro. Outro foi o Canal Infinito, que
também realizou uma produção de alto nível técnico com base no Caso. Em alguns
desses programas, um Oficial porta-voz da EsSA declara alto e bom som que essa
sindicância e esse IMP foram instaurados, concluídos e arquivados. No entanto
agora, bom repetir, alguns exímios fabricantes de sensacionalismo, que apreciam
superestimar circunstâncias para bradar ao mundo seu instinto messiânico e
heróico, começam a insinuar que eu “mudei de postura”, quer por medo, quer por
perseguição, vez que somente agora resolveram fazer alarde em torno de tal IPM.
Que ótimo para os produtores de cinema... os MIBs estão sendo ressuscitados!
Fui intimado e compareci, tendo
prestado um depoimento de cerca de quatro horas.
2-Recebeu alguma forma de ameaça ou
admoestação para se afastar do caso?
Recebi
um educado, simpático e justo PEDIDO de que procurasse não provocar na Imprensa
um sensacionalismo em razão do IPM, porque como visto este se destinava
exclusivamente a registrar e a apurar algum eventual ato de militar, contrário
a uma regra elementar da organização e da disciplina militares – eventualmente
falar em público ou a particulares em nome da Escola, passando por sobre
aqueles que têm legitimidade e poder para tal, seja negando ou afirmando alguma
coisa. Aquiescí de bom grado, até porque – mesmo que isto não tenha dado muito
certo – eu já estava também preocupado com a contaminação e com os ruídos que
uma grande comoção pública poderia causar aos fatos que estávamos apurando.
Fui
extremamente bem tratado, o depoimento transcorreu com seriedade mas com plena
liberdade, sem qualquer coação. O Coronel de Brigada chegou a nos acompanhar
até o portão de saída, após encerrado o depoimento, preocupado pela longa
duração da audiência, pelo que inclusive tivemos de tranqüilizá-lo, já que
obviamente sabíamos que um Inquérito daqueles deveria mesmo ser instaurado, sob
pena até de se considerar pouco zelosa a atitude do Exército, se não o tivesse
feito. Fazendo perguntas como curioso, sobre Ufologia em geral, chegou o
Coronel até a dizer, informalmente e sem compromisso, que no futuro gostaria de
me convidar para uma palestra, para falar do tema, em algum evento cultural.
Mas
vejam o que é mais importante! Comuniquei o fato a vários ufólogos, assim que
saí daquela Unidade do Exército Brasileiro, sempre porém repassando a
solicitação de discrição que me havia sido feita. Bom repetir, inclusive a alguns
que pertencem a grupos que andam me considerando uma espécie de “vira-casacas”
e achando bonito que descompromissados ufólogos esbravejadores em Listas de
Internet, e leitores desrespeitosos, me taxem de louco, de covarde, ou, como a
relação de meus adjetivos se ampliou nos últimos dias, de lunático.
Eu
declarei em um programa de televisão, de enorme audiência, que não há PROVAS de
que em Varginha caiu uma NAVE EXTRATERRESTRE... E O LUNÁTICO SOU EU!
Os
que vibram e se fascinam com documentos supostamente ultra, hiper e super
secretos, podem agora ler um documento que retrata a informação dada pelo
General-de-Divisão Chefe do Gabinete do Comandante do Exército, ao Chefe de
Gabinete do Ministro da Defesa, quando chegou a este último um requerimento de
“liberação de documentos sobre o Caso Varginha”. O Sr. General Chefe do
Gabinete do Comandante do Exército informa alto e bom som que “os únicos
documentos produzidos pela Força sobre o assunto” foram a sindicância e o IPM,
ao qual foi juntada.
Já
declarei há tempos, e em algumas oportunidades, que desconheço completamente a
existência de quaisquer documentos secretos, ou desconhecidos, do Exército, em
torno do Caso Varginha. Eis agora o ofício mencionado, à disposição da
Ufologia, conseguido pela iniciativa de alguns de seus heróicos e respeitáveis
membros. Mais interessante, talvez, e não me constranjo de dizer, e ao que tudo
indica estou mesmo na berlinda perante os sábios olhos de alguns super-heróis
da ufologia, foi que a cópia desse documento chegou-me às mãos, antes mesmo de
eu tentar acessar a fonte, através de um ufólogo que reside na Grécia!
3- Por favor, comente essa afirmação
do Sr. Editor da Revista UFO, publicada em Listas de Discussão da Internet:
“Oras, eu estou entre os ufólogos
- uns 10 ou 12, no máximo - que recebiam
seus telefonemas exaltados quase todos os dias, nos relatando quase aos gritos
o que estava se passando em Varginha naqueles dias de janeiro de 1996.
Ubirajara nos garantia com a mais absoluta veemência que ETs haviam sido
capturados, dando inclusive detalhes de como o Exército tentava encobrir tudo,
nos relatando e então nos apresentando para testemunhas-chave, inclusive as
militares - CUJOS DEPOIMEMTOS ESTÃO GRAVADOS -, nos colocando a par de tudo
pormenorizadamente. Sempre excitadíssimo, sempre exultante, sempre de maneira
concreta, sem margens à dúvida”.
Esta
afirmação pode ser comentada mais diretamente, até porque, como disse antes das
respostas, não tenho por destinação, no momento e nesta reunião, tratar das
críticas à minha postura. Permito-me no entanto desprezar todos os superlativos
atribuídos à forma com que eu contatava ufólogos à época e partir logo para a
resposta. Eu não me lembro de ter garantido, quer com veemência, quer de forma
ponderada, que em Varginha haviam sido capturados “ETs”. Mas, com a mesma
sinceridade – se isto se trata apenas de um lapso de memória de minha parte,
CLARO! SE O FIZ, DEVO TÊ-LO FEITO COM MUITA ÊNFASE, COM BASTANTE ESPERANÇA, COM
VISÍVEL EXCITAÇÃO. Só que há um porém – como já declarei, inclusive na
mencionada entrevista que o mesmo Sr. Editor publicou, há uma enorme e
incomensurável diferença, entre aquilo que eventualmente possa compor uma
CRENÇA de minha parte, no passado ou atualmente, e entre eu ou a Ufologia podermos
possuir PROVAS de algo de tamanha envergadura.
Por
outro lado, são 14 anos de atenção ao Caso. E, se em 14 anos eu possa ter
percebido que minhas suposições ou crenças não se embasavam em um real,
legítimo e correto conceito do que seja uma PROVA, então não vejo porque alguns
se mostrarem inconformados com o que eu me recuso, já há alguns anos, a
reafirmar, referendar ou confirmar. Estarei sendo prolixo, como um dos sábios
salvadores da pátria da Ufologia dispara, desde a época da minha entrevista?
Pois peço perdão. Assim, serei mais objetivo – NÃO HÁ PROVAS DE QUE HOUVE A
CAPTURA DE SERES EXTRATERRESTRES EM VARGINHA. Isto não se confunde com minha eventual
euforia de ufólogo, à época dos fatos.
Se
tais críticos não são afetos a uma linguagem atenta ao significado daquilo que
se diz, paciência. Se tais críticos não possuem capacidade de autocrítica
suficiente para não perceberem que estão afirmando que a Ufologia possui provas
DA EXISTÊNCIA DE EXTRATERRESTRES, DA VINDA À TERRA DE EXTRATERRESTRES, DA QUEDA
DE UMA NAVE EXTRATERRESTRE EM VARGINHA, E DA CAPTURA DE SERES EXTRATERRESTRES
VIVOS EM VARGINHA, o problema é exclusivamente deles. Afinal, se minha atual
postura é tão desprezível, sinceramente não sei qual a preocupação com minha
chamada “mudança súbita de postura”. Que de súbita nada tem e vem claramente
mostrada, ainda que de maneira um tanto sutil, no meu livro “O Caso Varginha”.
4- Comente esta outra:
“Não foi nem uma nem duas dúzias de
vezes que eu ouvi o Ubirajara garantir em alto e bom som, para tantos quantos
quisessem ouvir, que tinha absoluta convicção e as investigações davam como
certa a captura de pelo menos dois seres (o Claudeir chegou a falar em 7), num
processo em que até uma morte ocorreu, a do Marco Eli Chereze”.
Parafraseando
o pensador, o triste não é mudar de idéia. Triste é não ter idéias para mudar.
Devolvo
o comentário, ou a pergunta, com algumas indagações:
Um
ufólogo ter convicção de que seres extraterrestres foram capturados é prova de
que foram capturados seres extraterrestres? Recuso-me a argumentar o fato de
não termos prova sequer da existência de seres extraterrestres, o que até esta
data é apenas uma possibilidade para a ciência, que nem ao menos conseguiu
confirmar a existência de vida microscópica em outro planeta. Mas foram
extraterrestres que vieram até Varginha, a nave extraterrestre caiu porque um
casal da roça viu um suposto Óvni voando baixo e indo em direção da cidade,
aparentemente avariado... e o depoimento de um honesto e simples casal de
caseiros tem peso suficiente para dar um parecer sobre avarias de uma nave
espacial de outro planeta... ou porque um cidadão, um ano depois, afirmou que
vira algo estranho espatifado em um pasto no meio rural de Três Corações, em
uma cena similar à história de Roswell... e, após intensas buscas e entrevistas
com todos os moradores da região, por ufólogos, constatou-se que ninguém mais
vira alguma coisa... uma pessoa, rapidamente, vira alguns calhaus ou pedaços
torcidos de metal em uma carroceria de um caminhão estacionado em um canto
escuro... e isto é PROVA? PROVA da queda, da coleta DE UMA NAVE ESPACIAL DE UMA
CIVILIZAÇÃO EXTRATERRESTRE?
Algumas
pessoas, que jamais falaram oficial ou oficiosamente em nome de qualquer
Instituição, afirmarem que viram ou lidaram de alguma forma com SERES PARA ELAS
ESTRANHOS em hospitais ou outras instalações, é PROVA de que no Caso foram
capturados, transportados, examinados SERES EXTRATERRESTRES?
A
morte do Policial Marco Eli Chereze – lamentável fato cercado de inverdades,
absurdos, por vezes até patéticos, tais como os comentários de que o corpo não
teria sido visto pela família, que estava sem cérebro, que a família teria pedido
exumação do cadáver e que isto teria sido negado – foi um fator que levou os
ufólogos (claro, dentre eles eu) a DEDUZIREM, portanto a SUPOREM, que fora ele
um dos que, comentários davam conta, teriam participado de uma das capturas. E
se alguém quiser atribuir-me, outra vez, palavras que não pronuncío, capturas
DE EXTRATERRESTRES, o problema é de quem seja muito pouco exigente com o
conceito de PROVA.
Escrevi
em meu “O Caso Varginha”, também alto e bom som – pesquisei, indaguei,
consultei vários médicos, a respeito de um tal teor de 8% de “substância tóxica
desconhecida” que fora acusado na necropsia. O que pude obter foi que em todos
os casos de morte por septicemia, é absolutamente normal que um índice desses
de bactérias seja acusado. Inclusive sem detecção de suas características de
forma garantida. De pouco adiantou. Desavisados insistem, continuam batendo na
tecla de que isto “seja PROVA de que o policial morreu por ter tido contato com
um ET”. PACIÊNCIA.
Portanto,
meus caros amigos e colegas. Se errei, tento consertar. Se afirmei, errei muito
em tê-lo feito. Se mudei o pensamento, foi porque percebi que o pensamento
anterior não tinha fundamento aceitável. Se não posso atualmente fazer
afirmações, isto não quer dizer que eu negue. Mas quer dizer que não possuo
PROVA.
5- Para finalizar:
“Eu estive várias vezes em Varginha e
ouvi dele, para saber como lidar com
fatos tão pesados na UFO, o roteiro de tudo, inclusive o acompanhei
em entrevistas e visitas a testemunhas,
em especial uma que declarou que outra criatura havia sido abatida pelo
Exército com tiros de fuzil”.
Espanta-me
o fato de ter visto, recentemente, até um profissional da área do Direito,
ter-me censurado sob a alegação de que eu, como Advogado, não poderia jamais
desprezar testemunhas, pois eu deveria saber que Testemunhas provam os fatos.
Mas que genial argumento!
Sim,
sei que testemunhas provam FATOS. Mas sei também que não compete às testemunhas
INTERPRETAREM ou JULGAREM tais fatos. Quando tentam faze-lo, tornam-se suspeitas,
ou a se desejar um termo mais familiar, TENDENCIOSAS. E as pessoas não são
tendenciosas apenas quando agem de má-fé, ou quando fraudam, ou quando desejam
obter uma vantagem ilícita ou injusta. Fazem-no em razão das IMPRESSÕES que
tiveram, por conseqüência das circunstâncias, por motivo de alterações físicas
e fisiológicas, por confiarem em suas sensações, em seus sentidos e em suas
suposições, crenças e associações com base em sua cultura, seu conhecimento e a
situação psicológica e emocional do momento. Quem interpreta, analisa, examina,
e CONCLUI sobre tais fatos NÃO É A TESTEMUNHA. É a quem compete julgar –
juridicamente quem tem autoridade para tanto. Dialeticamente, AQUELE QUE
RACIOCINA, que pesa, que compara, que considera o conjunto de evidências, ou de
indícios e as próprias circunstâncias e assim tira uma conclusão.
Não
declarei qualquer negação expressa de fatos. Não declarei que os depoimento ou
informações sobre o Caso Varginha não possuam valor.
Encerro
confirmando que de fato há uma testemunha que viu alguns militares fazendo
espécie de manobra ou de exercício em um pasto em um bairro da cidade; que
afirma ter ouvido tiros de fuzil; que declara ter visto, logo depois, militares
subindo levando um saco, dentro do qual algo se movia. E em outro saco, havia
algo inerte. Este é o depoimento, isento e objetivo, que leva alguém a concluir
que “outra criatura havia sido abatida pelo Exército com tiros de fuzil”.
Respeitáveis
Colegas, o mencionado Inquérito Policial Militar tramitou e foi concluído ao
início de 1996, em maio/junho. Eu escrevi um livro sobre tudo o que
particularmente eu havia colhido, com a participação de colegas de quem eu,
SIM, solicitei que viessem ajudar. Dados que eu e os outros colegas colhemos
com informantes e pessoas em geral, sobre o Caso Varginha. Tal livro FOI
PUBLICADO EM NOVEMBRO DE
2001 e há alguns que dizem que fui “calado” em razão do Inquérito que
transcorrera cinco anos antes!
E
o escrevi por ter percebido que muito do que eu dizia até então era superestimado,
deturpado e, em grande parte das vezes, por minha própria culpa. Culpa que se
materializou principalmente pelo fato de eu, prematuramente, ter prestado
declarações, concordado em participar de alguns artigos em revistas e concedido
entrevistas a veículos de comunicação e a alguns colegas em particular. O que
fiz sem antes esperar maior transcurso do tempo, melhores ponderações e
interpretações de minha parte e de pessoas realmente credenciadas e
conhecedoras de áreas do conhecimento que eram indispensáveis. Até porque todas
tais publicações traziam matérias, muitas com nossa participação, nem penso em
negar, confusas, misturadas, contraditórias. Mas nem era culpa delas.
Era
minha (não me sinto autorizado a falar pelos demais), como já disse, pois que
precipitadas. Então quando terminei o livro “O Caso Varginha”, e foi publicado,
pude ter a sensação de que, agora sim, eu poderia me responsabilizar por aquilo
que realmente eu conseguira, para passar a público dados contidos em meus
arquivos e em minha memória, portanto a partir dali poder dizer – o que escrevi
e realmente declarei, não negarei jamais que o fiz.
De
lá para cá, senhoras e senhores, NUNCA NEGUEI O CASO VARGINHA. JAMAIS DISSE QUE
O CASO VARGINHA É FRAUDE, como em flagrante ato de deturpação censurável vi
colocado pela internet, de forma inconsequente e irresponsável. Minha
esperança, no entanto, como ufólogo que sou há cerca de 40 anos; e pretendo
continuar sendo sem disfarçar ou esconder isto de quem quer que seja, na minha
cidade ou em outras paragens, é a de que seja confirmada uma convicção que
tenho – a de que não haja leitores ingênuos e estúpidos que acreditam em
palavras que jamais saíram de minha boca ou de minha pena. Apenas lamento caso
haja leitores e interessados incautos, que sejam patéticos o suficiente para
declarar algo do tipo “não li, não quero ler mas discordo totalmente”.
Nada
mudei “subitamente”. Desde os primórdios da nossa geração de Ufologia eu já não
era muito admirado por ufólogos amantes de um modismo misticóide cada vez mais
crescente e pregadores de um tal “holismo”, de forma a deturpar completamente o
significado deste próprio termo, que só fez com que a Ufologia definhasse quase
irreversivelmente. Só publiquei, com Reis, um livro que expõe o que vimos
observando do comportamento da própria Ufologia. E hoje somente não considero
que haja provas suficientes para tornar os fatos envolvendo Varginha incontestáveis,
ainda mais sob o ponto de vista da tão decantada “Hipótese Extra Terrestre”. Aquilo
que não admite contestação, mesmo que tenhamos a mais inabalável convicção, não
serve para um pensamento sóbrio e sério.
O
que escrevi e declarei, caros amigos e colegas, está em dois livros volumosos e
detalhados, bem como em uma extensa entrevista. Nada há neles a negar até o
presente momento. O que há, sim, é A NECESSIDADE URGENTE DE SER CRITICADO,
DEBATIDO, ANALISADO E PONDERADO.
Porque
meu modesto trabalho é o de um limitado Ufólogo. Não o de um crente revoltado
que sairá disparando impropérios de inconformismo, se alguém sério, de forma
bem fundamentada e inteligente, chegar até mim e me disser – você estava
totalmente equivocado sobre o Caso.
Varginha,
MG, Agosto de 2010.
Ubirajara
Rodrigues.