Por Alejandro C. Agostinelli
Nesta entrevista Michel Monnerie, o ufólogo francês que deixou o carro-chefe do mito Discos voadores a um ceticismo radical, confessa que não entende por que seus oponentes lhe pedem evidências para mostrar que os OVNIs não existem: "Aqueles que acreditam são eles que devem oferecer provas de sua existência".
De acordo com Monnerie -autor de duas obras essenciais sobre o assunto- os OVNIS encarnam um sonho coletivo que se relaciona com toda uma cultura construída desde que o homem partiu para conquistar o espaço.
No que lhe diz respeito, e já à beira
de cinquenta, abençoe a hora em que ele decidiu se aposentar da ufologia, mas
não antes de se tornar o autor satisfeito das duas obras que mais chocou a
colônia de discos europeus em tão curto espaço. No livro pré-fundacional o
modelo psicossociológico que soube estar na moda na Europa dos 80, e se os
OVNIs não existissem? (Ed. Les Humanoïdes Associés, Paris, 1977), o enigma dos
OVNIs merece ser repensado filosoficamente, porque havia a possibilidade de que
estes não constituíssem nenhum enigma. A bola picou na frente do arco.
E o que os ufólogos decidiram
fazer?... Diante da audácia dessas conclusões, se opor a elas era mais difícil
do que os seguir obedientemente. Talvez por isso - na sombra crescente da
investida de autores como Monnerie- ufologia o final do século amanhece
atravessado por um novo relâmpago: a
nouvelle vague, uma corrente crítica que promete imolar no altar da
pseudociência as crenças arcaicas onde o grande mito dos OVNIs estava
estacionado nos últimos 40 anos. O autor desta crônica -que também foi iluminado
por aqueles claros-escuros - tentará um perfil sintético deste personagem...
traumático e assustador para a ortodoxia ufológica contemporânea e bem-vinda e
auspiciosa para céticos de bom coração.
MARINHEIRO
DE TERRA?
Estar diante de Monnerie é estar
diante de um "vencedor". Amigável, engraçado, falador. Um pouco
pedante também. No meio de uma pequena convenção de ufólogos, ele é
provavelmente o único incapaz de franzir a testa, de não ensaiar nunca um gesto
de preocupação ou dedicação ao Tópico ovni nem uma palavra mais. Por quê?
Porque o grande enigma das naves espaciais interplanetárias que vêm nos visitar
parou de tirar seu sono porque percebeu que os pratos desenham um doodle
invisível na sua mente, que havia escrito uma mensagem simples: OVNIs nada mais
são do que um sonho social incorporado na era das viagens espaciais. A
imaginação coletiva estendeu uma bengala de
Da esquerda para a direita: Jacques Scornaux, autor da entrevista (Alejandro Agostinelli), Pierre Lagrange e Michel Monnerie. O encontro aconteceu em Paris, em 1988.
O segundo livro de Monnerie - e
aparentemente, também o último - foi ``O
Naufrágio dos alienígenas'' (Nouvelles Editions Rationalists, Paris, 1979).
Para seu autor era algo como o final feliz da ufologia. Esse livro pode
explicar o semblante descansado com que afirma: "Existem questões mais
importantes do que OVNIs." Há mais
de dez anos não tem participação na atividade ufológica francesa, mas continua
moderadamente interessado no tema. Talvez seja por isso que ele é tão
cavalheiresco quando outro ex-ufólogo chega à sua cidade e não tem uma ideia
melhor do que pedir-lhe para reiterar sua posição sobre o problema. Se aquele
com as perguntas vem da Argentina - uma remota república se existe, e não
apenas no que diz respeito ao pós-moderno Europa Ocidental - não hesita em
submetê-la a um interrogatório exaustivo sobre a casuística OVNI daquele país.
É assim que surgem alguns "clássicos" nacionais: as fotografias do
capitão Niotti, os fenômenos "espetaculares" da cidade de Tucuman de
Trancas... Sem dúvida, o inquisidor de artes que move sua curiosidade é
suficiente para vacilar o mais crédulo dos homens.
Em algum momento se falou das peculiaridades da profissão de Monnerie. Por engano ou zombaria e foi assim, muito maliciosamente, alguém disse isso em sua juventude sabia de marinheiro de terra, trabalho frustrante para um planeta cuja superfície é coberta em seus três quartos pelo oceano mais belo do universo. Como se sabe, Monnerie é, no entanto, um reconhecido restaurador de obras de arte. A seguir, a imagem que surge é a do perfeccionista. E bem: se a ufologia era uma escultura, para ele, tinha de ser reparada. Pisando entre os entalhes e molduras, havia também que restaurar a razão perdida.
Para falar direito, o cético
parisiense nada mais é do que um dos desertores escandalosos na história
ufologia. Que, segundo ele mesmo, é um navio "indistinguível" entre
tantos outros, afundando num horizonte distante. Mas... para sempre? Os bons
marinheiros, mesmo que tenham os pés na terra, nunca abandonam completamente o
navio que transporta sua bandeira. Eles também trabalham para outras guerras,
porque sempre há causas melhores pelas quais lutar…
O
OVNI É O ABRIGO
A: Nos "primeiros bons tempos", quando você escreveu as crônicas do RESUFO em Lumières Dans La Nuit, você achou que tinha provas que revelassem a natureza extraterrestre dos OVNIs?
M: Não foi bem assim. eu estava apenas procurando evidências, mas isso não significa que ele acreditasse sobre alienígenas. Embora eu deva confessar que sim, que comecei por acreditar. Mas me pareceu que "acreditar" na existência de um fenômeno na realidade era uma atitude não científica, e quando me tornei responsável em Paris pela revista Lumières Dans La Nuit, me apressei a criar grupos de personagens cientista, com amigos que cuidaram das "evidências físicas" (os efeitos eletromagnéticos, algumas aplicações em computação, etc.) e procurei pessoas que pudessem eventualmente colaborar em outros campos, embora sempre atrás das "provas". Desde o início me interessaram provas fotográficas e astronômicas, que foram minhas especialidades. E o bom trabalho desses grupos foi conduzido - muito rapidamente, de 1973 a 1978- para um beco sem saída.
Me dedicando à investigação das
evidências fotográficas e percebi que aquelas placas revelaram muita confusão,
e então eu tentei estudar todos os casos através dessa lente, e ver se, afinal,
os OVNIs nada mais eram do que confusões. Quanto mais avançava neste campo,
mais percebi que havia dois aspectos: por um lado, a conta do povo, que foi de
acordo com o que se sabia sobre OVNIs; e por outro verifiquei que a realidade
das observações geralmente trazia uma grande banalidade. Cheguei a conclusão de
que o observador não entendeu a natureza do que ele viu e a partir dessa
instância, teve a possibilidade de escolher entre várias hipóteses: poderia ser
a luz de um carro, um astro... ou um daqueles OVNIs dos quais todo mundo falou.
A partir do momento em que o
observador aceita a hipótese ovni, ajusta sua visão de acordo com o que conhece
do fenômeno. Para dar um exemplo, a confusão mais comum ocorre com estrelas
como a Lua. A pessoa que a observa logo parece encontrá-la deformada, seja por
causa da passagem de nuvens ou por qualquer outro motivo, e descobrir nela um
aspecto desconhecido. A lua parece muito diferente do que a testemunha acha que
sabe sobre ela; e você diz: "Não é um avião, não é um holofote, então será
um OVNI", e todas as especificidades da observação irá gradualmente
assumir o aspecto do que conhecemos por "fenômeno ovni": se uma nuvem
passa pelo meio da Lua, a testemunha dirá que o OVNI foi cortado em duas
partes, e assim por diante. Observei o mesmo fenômeno em outros casos. Por
exemplo, estudando fotografias de supostos OVNIs, onde se verifica com toda a
certeza que era a Lua.
A:
Simples assim?
M: O modelo que
acabei de explicar só foi usado em alguns casos, mas o exemplo parece
importante porque contém dois aspectos. Por um lado, temos uma estrela bem
conhecida, a Lua e por outro temos uma história muito parecida com tudo o que
se costuma dizer
O ufólogo sentenciava o
naufrágio dos alienígenas em 1979.
A: Que distinções você faz de acordo com os
diferentes tipos de testemunhas?
M: É comum
dizer que os observadores são pessoas normais, de quem ninguém vai suspeitar.
Mas eu vejo que, em geral, as pessoas gostam de poder explicar o que vê. Quando
uma testemunha para diante de um fenômeno que ele não consegue entender,
procure imediatamente uma explicação. Depois de descartar as primeiras
hipóteses, essa pessoa ajusta o informe com o que você sabe sobre o fenômeno.
Esse processo de adaptação ocorre de tal forma que torna muito difícil entender
o que realmente viu a testemunha. Quando possível descobrir qual foi o objeto
que deu origem à observação, diante de sua banalidade, permaneceram muito
esquecidas.
Uma simples nuvem de névoa, por exemplo, pode atingir transformar em um objeto de metal com personagens que giram em torno dele, e se for percebido um estado de angústia na testemunha é porque ele percebe que há uma "passagem", um hiato entre a interpretação que ele faz do que viu e do que têm realmente visto, e observe que aquelas coisas que estão na história não são totalmente consistentes. Não são poucos casos de OVNIs em que isso aparece nesta angústia, que não é tanto desencadeada pela situação em que as testemunhas se encontram, mas dada a dificuldade que eles têm em ajustar a hipótese do OVNI à descrição que fazem de sua observação. Em alguns casos, o processo pára lá; mas na maioria deles ufólogos exigem do observador detalhes de maior raridade e a consequência é que seu cérebro começa a imaginar as coisas mais diferentes.
Para investigar essa angústia da
testemunha, os casos de alta estranheza são talvez os mais interessantes. Para
a testemunha, o conteúdo da história pode parecer desarticulado de acordo com
sua lógica, mas não em quanto à narração em si, já que ele se esforçará para
ser o mais consistente possível. Obviamente, estamos falando das testemunhas
sinceras, não brincalhões. Eu acho que os psicólogos não vão me contradizer: as
pessoas que estão muito aflitos tendem a se refugiar em um estado de devaneio,
no qual eles se sentem mais confortáveis.
A
ODISSEIA NO ESPAÇO
A:
Por que, entre tantas hipóteses que poderiam ajudar a explicar o que vê, a
testemunha escolhe os OVNIs?
M: O OVNI encarna um sonho coletivo, que pertence a toda a humanidade, desde a guerra de '45. Naquela época, a conquista do espaço estava ao alcance da mão, parecia uma coisa possível. Havia foguetes, eletrônicos, conexões de rádio para que os astronautas pudessem entrar em comunicação com sua base, já que tínhamos todos os meios necessários para que ela fosse uma realidade. Nos Estados Unidos publicaram artigos a favor desta conquista espaço, e para o público parecia uma aventura possível, iminente. A partir do momento em que isso aparece como uma possibilidade, a esperança do homem faz acreditar que isso já é real. E então alguns começam a dizer que à medida que vamos para o espaço, outros seres podem alcançar. É claro que esta explicação também deve ser focada tendo em conta o clima criado para a literatura de ficção científica, que veio ser adicionado a todos os comentários sobre a conquista do espaço. Assim, os observadores de discos voadores consideravam que havia seres que vieram do espaço para conhecê-lo. A partir daqui entramos numa etapa constituída por rumores triviais. Quando alguém vê algo com aparência estranha, porque então seu vizinho quer ver o mesmo Os jornais - encantados por publicar esse tipo de coisa - eles cuidaram de amplificar o fenômeno do boato. É neste caso que os motivos sociais aparecem para compreender a gênese das observações. Em uma palavra: quando alguém não entende algo muito bem, escolha o rumor da moda para explicar sua observação.
A: Qual foi a reação da comunidade científica
francesa quando foi publicado o teu primeiro livro?
M: Antes de
responder, é conveniente fazer alguns esclarecimentos. Para o público em geral,
a ufologia tinha base de sustentação perdida. Sobretudo porque astrônomos,
desde 1978, já haviam estabelecido que era impossível fazer contato com outras
civilizações. E, além disso, os dados começaram a se encontrar com a corrida
espacial já em andamento, eles ensinaram que os mundos ao nosso redor não estão
apenas desertos, mas também são hostis. Devido a este estado de coisas, o sonho
da conquista do espaço permaneceu destruído. Por outro lado, os sociólogos
provam que para um boato sobreviver e se espalhar e se renovar, isso tem que
ser continuamente alimentado. Mas o rumor de OVNIs evoluiu, e então o público,
desapontado, começou a procurar outros tipos de explicações. Em este quadro
deve-se considerar a atitude dos círculos científicos da França, que, entre
1976 e 78, era muito aberta. Meu livro foi bem recebido, eles adotaram uma
atitude mais racional. O que sempre acontece, alguns foram chamados ao silêncio.
Mas tanto cientistas como jornalistas eram da opinião que era melhor não ir
mais longe neste assunto. Quando o público começa a se cansar de um assunto, o
jornalismo segue sua sombra.
A
PERSPECTIVA DA HISTÓRIA
A: E os ufólogos?
M: Foi uma reação bem diferente do que eu esperava. Mais "ingênuo". a ufologia evoluiu bastante, e para entender esse comportamento devemos voltar ao passado. Bem, havia vários grupos que acreditavam na ufologia clássica, em '76-'78, quando publiquei meu primeiro livro, eu pensei que os outros iam chegar na mesma conclusão, pois muitos deles conheciam assim como eu o fenômeno. Ou pelo contrário, imaginei que eles viriam me dizer: "Muito bem! Você chegou ao fim da pesquisa!" No entanto, grande parte se manteve firmes acreditando na ufologia clássica.
A: Por que até
os críticos mais benevolentes com o seu modelo - como, por exemplo, Thierry
Pinvidic (1) - acredito que não suportaram uma fundação sólida?
M: Bom, se é
por causa do Pinvidic, ele evoluiu muito. Mas essa acusação é uma reação
visceral e emocional, que aproveita minhas fraquezas para tentar me
contradizer. Infelizmente, eu não tenho necessidade de provar que os OVNIs não
existem. Os outros são os que teriam que apresentar provas de sua existência.
Desde que foi publicado "E se os OVNIs não existiam?" Foram tantas
coisas... havia tanta polêmica..., mas ninguém trouxe provas convincentes para
mostrar que minha tese era falsa. Entre os que não estiveram de acordo, alguns
ficaram sem palavras, como se fosse o livro o que nunca teria existido... A
maioria, no entanto, aproveitou a oportunidade para deixar ufologia e
desaparecer. Outros, por exemplo, perguntaram o que aconteceria se Monnerie não
fosse completamente errado, e daí surge o "novo aceno"...
A:
... Fato que você deve se orgulhar…
M: Ah é? Devo
admitir que estou encantado. O que eu mais gosto é que esse grupo começa a
chegar às conclusões que expus no final do meu segundo livro. Ufologia não
acaba com OVNIs: começa a estudar Psicologia, Sociologia, ambas muito
interessantes. Parece que nesta fase eu precisava que alguém aparecesse para
dizer algumas coisas para que mais tarde outro grupo de pessoas cuidarão de
procurar itens com o que provar minha tese. possivelmente a história lembrará
os nomes de Scornaux, Pinvidic, Mauge... (2)
A:
Você realmente acha que chegou ao fim, que há mais alguma coisa para
investigar?
Você conhece algum alerta de OVNI que não foi bem-sucedido? Nós também não. Obviamente, se formos à procura de OVNIs, vamos encontrá-los: a testemunha está predisposta a encontrá-los. (Foto www.corbis.com)
M: Essa
pergunta é difícil de responder. Porque a ufologia como tal merece um estudo,
não apenas histórico, mas também sociológico. Mas atenção. Isso não é o mesmo
que dizer que não há seres em outros sistemas planetários. O que acontece é que
esse problema não tem nada a ver com ufologia. A Ufologia é baseada em um
boato, em um mito intimamente ligado à conquista do espaço que não tem nenhuma
relação com a exobiologia.
A: Nas
"confissões" que aparecem nas primeiras páginas de "O naufrágio
dos alienígenas" você reconhece ter sido "Vivendo um sonho". Em
última análise, não foi um pesadelo... Você não acha que foi positivo, apesar
da experiência de ter percorrido ufologia?
M: Bem, isso
foi um artifício literário. Com "sonho" quis dizer que durante dez
anos estive fora da realidade, o que lhe deu uma importância exagerada para um
fenômeno que humanamente é muito pequeno. O importante na vida é trabalho,
família, problemas filosóficos ou políticos que qualquer homem pode surgir.
Ufologia é uma coisa estreita, e eu digo que durante dez anos vivi um sonho
onde ela ocupou todo o espaço.
A:
Em um sentido "filosófico", então… Você acha que um boato como o OVN,
que influenciou a sociedade a ponto de provocar grandes mudanças nas crenças
populares - ainda merece ser objeto de reflexão?
M: Claro. Mas
provavelmente não no momento. temos perspectiva histórica suficiente para ver
as coisas com clareza. Algum fenômeno com a amplitude dos OVNIs é capaz de
deixar vestígios culturais suficientes para os historiadores, dentro de 50 ou
no máximo 100 anos, poderem dar seu veredicto.
(1) A crítica de Thierry Pinvidic ao modelo psicosociológico de Monnerie foi desmoronado “Quelques réflexions sue les priorités de la recherche", publicado pela revista Infospace Nº 6 (extra), editado pela SOBEPS, dezembro de 1982. Em espanhol você pode consultar os Cuadernos de Ufologia nº 6. 2º Período, setembro de 1989, "O pensamento vivo de Thierry Pinvidic, ou o sonho despertado de um ex-homo ufologicus", de Marcial Nikolapol, pp. 72-78.
(2) Juntamente com Pinvidic, Jacques
Scornaux e Claude Maugé são dois dos principais expoentes do que tem sido
chamado de "nova onda". Scornaux é o autor de "Du de monnerisme
et de son usage: essale dánalyse des theses defendidas dans l'ouvrage 'Le
shipwreck des extraterrestres'", em INFO-OVNI Nº 7/7 (Especial:
"Monnerie, Scornaux et les autres..."). Montuçlon, junho de 1981.
Maugé defendeu a hipótese Psicossociológica para explicar o mito dos OVNIs em
diferentes tribunais da imprensa ufológica Europeia. Em espanhol veja por
exemplo: "El fenómeno real, cuestionado", em UFO PRESS Nº 20, ano
VII, Ed. Comissão de Pesquisa de OVNIs (CIU), Buenos Aires, junho de 1984, p.
28/3. (Para descobrir os detalhes da hipótese Psicossociologia em nossa língua,
ver dossiê "A Nova Ufopatia", de Alejandro Agostinelli (compilador),
publicado em Cadernos de Ufologia Nº 6, 2ª Temporada (setembro de 1989) e Nº 7
(janeiro de 1990). Endereço: Caixa 5041 – 39080, Santander, Espanha.