Adam Gorightly acaba de lançar um novo livro, “Saucers,
Spooks and Kooks: UFO Disinformation in the Age of Aquarius” [Discos Voadores,
Aparições e Malucos: Desinformação sobre OVNIs na Era de Aquários]. Ele é um
escritor e pesquisador de longa data de artimanhas relacionadas a OVNIs, e eu
recomendo a leitura do seu último trabalho com a editora Daily Graal Publishing.
O livro mergulha nos contos frequentemente duvidosos que compõem o fenômeno
OVNI, tendo como objetivo particular as circunstâncias que cercam a suposta
base alienígena subterrânea de Dulce, Novo México. Adam rastreia as histórias
até suas origens e compartilha visões sobre suas interações pessoais com
personagens que habitam e cultivam essas histórias. Perguntei a Adam se ele
responderia a algumas perguntas para uma postagem no blog. Minhas perguntas são
seguidas por suas respostas abaixo. Ele também forneceu as imagens que as
acompanham.
O que fez você decidir escrever o livro “Saucers, Spooks
and Kooks”, e o que foi mais importante sobre ele?
Foi um projeto que evoluiu com o tempo, começando com um
artigo que eu estava escrevendo há mais de dez anos intitulado “Meu Café da
Manhã com Tal”, que detalhava meu relato sobre como partir o pão com o único
Tal Levesque. Um personagem enigmático e um tanto sombrio, ele foi um
personagem central na promoção da história/mitos sobre a Base de Dulce desde o
final dos anos 80.
À medida que as coisas progrediam, comecei a me
aprofundar nas muitas afirmações associadas à Base de Dulce, muitas das quais
Tal, e um punhado de outros, aparentemente semearam e, em alguns casos, ao que
parecia, criadas do nada. Com o tempo, o projeto evoluiu para um artigo mais
longo com o título provisório de “Desconstruindo Dulce”. Decidi separar toda a
história da Base de Dulce, em essência desconstruindo todos os elementos, em
uma tentativa de separar fato de ficção, e desembaraçar as muitas histórias
aparentemente espúrias associadas a Dulce. Muitos na ufologia, infelizmente,
consideraram essas histórias um evangelho nos anos seguintes. Assim, o artigo
foi crescendo até o ponto em que acabou se tornando um livro para cobrir todos
os aspectos da história e dos muitos personagens, na ufologia e na comunidade
de inteligência, que ajudaram a formar a narrativa da Base de Dulce.
Uma das principais afirmações na história da Base de
Dulce diz respeito a um tratado secreto entre os alienígenas reptilianos e o
governo dos Estados Unidos, no qual a tecnologia extraterrestre foi trocada por
cobaias para serem usadas em um programa de reprodução de híbridos
humano-alienígenas. Há muito circulam rumores de que mutilações de gado também
estavam de alguma forma envolvidas nesses experimentos, cujo objetivo final
era, supostamente, criar híbridos humano-alienígenas para preservar e reviver
uma raça extraterrestre moribunda.
Segundo a história, um heroico oficial de segurança
chamado Thomas Castello liderou uma revolta contra os perversos alienígenas da
Base de Dulce e o resultado foi um tiroteio que acabou matando sessenta e seis
operários da Base de Dulce. Castello tinha à sua disposição uma “pistola de
raios” que lhe permitiu acabar com alguns desses alienígenas covardes e fugir
de Dulce, tornando-se depois disso um denunciante em fuga. Essa batalha
lendária, saída de um roteiro de filme B de ficção científica, ficou conhecida
como “A Batalha de Dulce”.
No livro “Saucers, Spooks and Kooks”, rastreia-se as
origens de várias crenças de mitos urbanos até Paul Bennewitz e Myrna Hansen, e
suas interações fatídicas nos anos 80. Quanto do que veio a ser popularmente
aceito sobre supostos alienígenas você diria que está diretamente relacionado a
Hansen e sua influência em Bennewitz?
Myrna Hansen foi uma das primeiras chamadas abduzidas
alienígenas, muito antes do termo virar moda. Seu encontro, ou como você quiser
chamá-lo, ocorreu no início de maio de 1980, quando ela e seu filho Shawn,
enquanto dirigiam em Eagle Nest, Novo México, supostamente testemunharam uma
vaca sendo sugada por um raio para uma nave espacial. Pouco depois, eles também
foram sugados para a nave onde todo tipo de insanidade se seguiu, primeiro com
os ETs dissecando a novilha indefesa na frente de seus olhos horrorizados, e
então Hansen foi colocada em transe e passou por algum tipo de procedimento
médico.
Após seu encontro, uma Hansen aterrorizada entrou em
contatou com o escritório da polícia estadual na cidade de Cimarron para
informá-los de seu encontro bizarro de alienígenas empunhando facas e cortando
vacas, e por sua vez o escritório de Cimarron a encaminhou para o policial
estadual do Novo México Gabe Valdez. Ele trabalhava nos arredores de Dulce e,
nessa época, tinha adquirido a reputação de ser o cara certo para se falar
sobre vacas mutiladas e luzes inexplicáveis no céu. Foi Valdez quem colocou
Hansen em contato com Paul Bennewitz, um empreiteiro privado do governo
especializado em aviônica que, entre outras coisas, era membro da APRO. Por
meio dos contatos de Bennewitz na APRO, ele conseguiu recrutar os serviços de
Leo Sprinkle, um professor da Universidade de Wyoming que estava investigando
casos de OVNIs usando regressão hipnótica por mais de dez anos. Sprinkle conduziria
uma série de regressões hipnóticas com Hansen na casa de Bennewitz, e mais
especificamente dentro do Lincoln Town Car de Bennewitz, que ele cobriu as
janelas com papel alumínio como um meio de interromper um feixe alienígena que
ele acreditava estar tentando interferir com a regressão hipnótica de Sprinkle
em Hansen.
Curiosamente, Sprinkle conduziu regressões hipnóticas em
1973 com outra senhora chamada Judy Doraty, que contou uma história semelhante
à de Hansen sobre ETs e vacas sendo sugados para dentro de uma nave espacial,
então quanto disso era polinização cruzada ou contaminação (ou seja,
investigadores/terapeutas de regressão levando supostas testemunhas a uma
determinada conclusão) ainda é uma questão em aberto. Deve-se notar que
Bennewitz, além de seu fascínio por OVNIs, também tinha um interesse permanente
no fenômeno da mutilação de gado, e assim os dois - OVNIs e gado mutilado,
pode-se presumir - se entrelaçaram em sua mente e esta visão de mundo vazou
para aqueles com quem ele interagiu.
As regressões de Hansen incluíram uma miscelânea de
abdução alienígena padrão, como uma vítima sendo sugada para dentro de uma nave
em um raio trator no estilo Star Trek, depois colocada em transe e submetida a
procedimentos médicos relacionados à reprodução e à criação de um híbrido
humano-alienígena em tubo de ensaio. Hansen, alega-se, tinha sido implantada
com um dispositivo de monitoramento, o chamado "implante alienígena",
como ficaram conhecidos na tradição, e ela experimentou “lapso temporal”.
À medida que as regressões conduzidas por Sprinkle em
Hansen sondavam cada vez mais fundo nos recessos de seu cérebro sitiado, foi
revelado, ou ela se lembrou ou confabulou (você escolhe), que ela foi
transportada para uma instalação subterrânea secreta. Durante um exame médico,
um objeto metálico foi supostamente implantado na base de seu crânio,
aparentemente como um meio para os alienígenas posteriormente rastreá-la e
enviá-la mensagens malévolas, razão pela qual Bennewitz se deu ao trabalho de
construir uma coberta de papel alumínio que ele colocava sobre as janelas de
seu carro durante as sessões de regressão hipnótica.
Em um ponto durante sua desventura na base subterrânea,
Hansen lembrou-se de ter escapado das garras de seus captores e de encontrar
vários tanques com líquido contendo partes de corpos humanos e animais.
Bennewitz, de alguma forma, deduziu que a instalação subterrânea onde Hansen
viu tudo isso estava localizada perto de Dulce. Todos esses elementos da
história acabaram sendo incorporados à tradição ufológica como a conhecemos
agora. O termo alienígena “cinzas”, pelo que pude perceber, foi outro que veio
direto do Caso Bennewitz.
Como você explicou no livro, o Caso Bennewitz envolveu
Richard Doty e William Moore. Apreciei particularmente sua documentação sobre
as origens dos documentos não confiáveis do Majestic 12 e sua relação com
Moore e seu associado, Jaime Shandera. O que você acha que é mais importante
que as pessoas entendam sobre essa cadeia de eventos?
Um fator crítico que é importante considerar ao tentar
desvendar as origens dos documentos do MJ-12 foi que em 1981, três anos antes
dos documentos do MJ-12 aparecerem, Bill Moore trabalhava em um projeto de
livro com Bob Pratt, um repórter do National Enquirer que cobria as histórias
de discos voadores para a revista. O projeto do livro, originalmente intitulado
MAJIK-12, era um relato ficcional baseado em informações supostamente
verdadeiras relacionadas a OVNIs transmitidas a eles por ninguém menos que o
agente especial do AFOSI Richard Doty, que foi identificado por Moore em uma
versão preliminar do livro como “Ronald L . Davis”. MAJIK-12, ou MJ-12, era a
abreviação de Majestic 12, que como a maioria dos seus leitores provavelmente
sabe, era supostamente um grupo supersecreto do governo envolvido na
investigação de avistamentos de OVNIs e na recuperação de discos voadores
caídos e alienígenas, mortos e vivos.
Embora o projeto do livro de Moore e Pratt finalmente
tenha caído no esquecimento, o título proposto MAJIK-12 sugeria que Bill Moore
estava ciente de algo chamado MAJIK-12 ou Majestic-12 pelo menos três anos
antes de um misterioso envelope aparecer na porta de seu parceiro de pesquisa
Jaime Shandera, enviado anonimamente sem endereço do remetente, com carimbo de
Albuquerque, Novo México. O carimbo parecia uma grande dica para alguns de que
Richard Doty estava por trás dessa manobra, já que, durante esse período, Doty
operava na Base Aérea de Kirtland em Albuquerque. O envelope continha um rolo
de filme de 35 mm que, quando revelado, revelou fotos do que ficou conhecido
como os documentos MJ-12.
Antes do surgimento dos documentos MJ-12, Moore e outro
parceiro de pesquisa, Stan Friedman, especularam sobre a existência de um grupo
como o MJ-12, e até mesmo compilaram uma lista de seus candidatos mais
prováveis. Moore compartilhou mais tarde esses nomes com Doty na esperança de
que ele pudesse ter informações que confirmariam sua lista de candidatos ao
MJ-12. Quando os documentos MJ-12 apareceram, eles de fato incluíam em sua
lista alguns desses mesmos candidatos ao MJ-12 que Moore e Friedman haviam
especulado anteriormente como sendo membros do grupo, como Roscoe
Hillenkoetter, primeiro diretor da CIA (1947- 1950), e James Forrestal, que foi
Secretário de Defesa durante o mesmo período, aparentemente confirmando a Moore
e Friedman que eles estavam no caminho certo. Outros sugeririam que Doty
preparou toda a manobra e, por meio de um ciclo de feedback, forneceu a Moore,
Shandera e Friedman o que exatamente eles estavam procurando em relação às
informações que pareciam confirmar a queda do OVNI em Roswell, que por acaso
era o assunto do livro que Bill Moore e Charles Berlitz publicaram em 1979,
“The Roswell Incident” [O Incidente em Roswell]. Conjeturou-se que Moore
participou da falsificação dos documentos, com ou sem a ajuda de Doty. No
entanto, nunca foi provado de forma conclusiva quem fraudou os documentos,
embora o FBI tenha determinado que eles não eram autênticos ou, em suas
palavras, "falsos".
Conclusão do FBI sobre os documentos
do MJ-12: "BOGUS" [falso]
Da mesma maneira que os documentos MJ-12 apareceram
misteriosamente na porta de Shandera, um evento semelhante ocorreu em 1994
quando o ufólogo Don Berliner recebeu um envelope enviado anonimamente que
continha um rolo de filme 35 mm não revelado. Depois de reveladas, as fotos
mostraram um documento de 29 páginas chamado SOM 1-01, Manual de Operações
Especiais do Grupo Majestic-12, um suposto manual militar relacionado à
recuperação de discos voadores caídos.
O documento SOM-01-1 também incluía uma referência à
“Base Aérea de Kirtland, Novo México”, que alguns suspeitaram ser outra pista
de que pode ter sido outro trabalho de Richard Doty. No entanto, o SOM-01-1
continuou a ser abraçado por algumas das vozes mais proeminentes na ufologia,
como Linda Howe, que na Audiência Pública para a Revelação (uma audiência que
se fingiu ter sido feita no Congresso, mas que ocorreu no Clube Nacional de
Impressa em 2013), afirmou que o SOM-01-1 havia “resistido ao teste do tempo” -
que, é claro, não fez nada disso, mas apenas ser acrescentado à pilha de outros
supostos documentos relacionados ao MJ-12 que poluíram a ufologia ao longo dos
anos.
Você escreveu sobre vários casos em que membros do
exército fornecem aos ufólogos informações duvidosas, acompanhadas por
promessas de revelações futuras. No final, a grande revelação não se concretiza
e o tapete do pesquisador é puxado. Conte-nos um pouco sobre um desses eventos.
No início dos anos 70, o produtor cinematográfico Robert
Emenegger recebera a promessa de uma "grande revelação" (que acabou
se revelando um fracasso) quando ele e seu coprodutor/parceiro, Allan Sandler,
foram abordados por oficiais da Força Aérea dos EUA com uma oferta para
cooperar e compartilhar informações para um proposto documentário sobre OVNIs.
De acordo com seus contatos na Força Aérea, este seria um esforço conjunto, com
o apoio de cada ramo das forças armadas que forneceria a Emenegger e Sandler
acesso aos arquivos de OVNIs, além da joia da coroa prometida: filmagem de 16
mm de um pouso de OVNI com ETs, supostamente filmado na Base Aérea de Holloman
em 1971.
Depois de despender tempo e recursos consideráveis no
desenvolvimento do projeto, com repetidas promessas de filmagens de pouso do
disco para seu documentário, Emenegger e Sandler finalmente tiveram o tapete
puxado e foram deixados de mãos vazias porque a Força Aérea falhou em cumprir o
prometido, e essa versão inicial da chamada “Revelação Ufológica” foi
destruída. O documentário sobre OVNIs de Emenegger e Sandler foi finalmente
lançado anos depois, sob o título de “UFOs: It Has Begun” [OVNIs: Já Começou],
mas seu impacto foi, obviamente, muito menor do ponto de vista da credibilidade
depois que a Força Aérea se retirou do projeto. Isso presumindo, é claro, que a
Força Aérea realmente possuísse o material prometido para o filme.
Uma semelhante falsa “Revelação Ufológica” aconteceu com
Linda Moulton Howe uma década depois, quando em 1983 ela foi escolhida para
produzir um especial da HBO com o título proposto de “UFOs: The E.T. Fator”
[OVNIs: O Fator Extraterrestre]. Na época, Howe estava investigando as
alegações de Paul Bennewitz para possível inclusão em seu documentário, e ao
longo do caminho ela chamou a atenção de Richard Doty, que operava na Base
Aérea de Kirtland. Doty colocou Howe sob sua asa duvidosa e deu a ela um
vislumbre de alguns documentos supostamente confidenciais relacionados a
recuperações de discos voadores caídos e a surpreendente revelação de que
havia, na verdade, um pequeno ET em cativeiro em uma base militar em algum
lugar. Doty informou a Howe que, se jogasse suas cartas direito, ela poderia
até mesmo ter a oportunidade de entrevistar o sujeito. Além disso, Doty disse a
Howe que oficiais de inteligência do governo tinham em sua posse imagens de um
OVNI pousando em uma base militar, bem como outras fotos e materiais sigilosos
que ela poderia usar. Depois de vários meses tentando Howe, Doty a informou que
ele havia sido retirado do caso, e a passou para outros contatos na
inteligência que também tentaram Howe por vários meses, mas nunca apresentara a
prometida filmagem do OVNI. Esse atraso acabou fazendo com que a HBO desistisse
do projeto, deixando Howe abanando ao vento.
Quanto à motivação principal por trás dessas artimanhas,
pode-se especular muitas delas, uma das quais era que Doty estava tentando
desacreditar e desviar a pesquisa ufológica de Howe e, por fim, minar seu
documentário da HBO, bem como descobrir quais informações ela tinha sobre
Bennewitz e o programa de contra-espionagem dirigido a ele, do qual Doty era um
agente.
Você explicou muito sobre os mitos de Dulce e as pessoas
que os espalharam. Em sua pesquisa e experiência, o que você achou mais
interessante sobre tudo isso?
A evolução dos mitos, e como surgiram em primeiro lugar,
é o que considero mais intrigante. Existem diferentes elementos na história,
incluindo o que ficou conhecido na tradição ufológica como “A Batalha de
Dulce”, que mencionei antes, em que, supostamente, um segurança da base chamado
Tom Castello ajudou a formar um movimento de resistência. Alguns de seus
colegas de trabalho humanos se envolveram em uma briga com os alienígenas e
acabaram perdendo a batalha. Quando a poeira baixou, como diz a lenda, sessenta
e seis operários da base de Dulce morreram, embora Castello tenha conseguido
escapar por causa de sua confiável “arma de raios”.
Então, de onde veio essa história? Pelo que eu posso
dizer, ela se originou em uma carta de 2 de dezembro de 1981 que Paul Bennewitz
enviou ao senador americano, representante do Novo México, Pete Domenici,
declarando que “em algum momento do final de 1979 ou no início de 1980,
iniciou-se uma discussão sobre certas armas e os militares abandonaram [a Base
de Dulce]; o paradeiro dos homens é desconhecido...”. Em uma entrevista de 11
de setembro de 1984, Bennewitz disse ao ufólogo Jim McCampbell: “Em 1979, algo
aconteceu e a base foi fechada. Houve uma discussão sobre armas e nosso povo
foi expulso, mais de 100 pessoas envolvidas...”. Embora Bennewitz não tenha
declarado implicitamente que houve uma batalha real entre humanos e alienígenas
em Dulce, seus comentários sobre algum tipo de conflito, ou de os humanos
abandonando a base parece ter sido o suficiente para plantar a semente que mais
tarde floresceu em "A Batalha de Dulce".
Carta de 1981 de Bennewitz ao Senador
Domenici
Quase uma década depois, a história de “A Batalha de
Dulce” ganhou mais forma com o relato mais detalhado sobre Tom Castello e seus
companheiros de resistência que apareceu nos “Documentos de Dulce”. Variações
dessa história também surgiram em relação a uma batalha/confronto semelhante
que ocorreu na Área 51.
Em meados dos anos 90, a história da Batalha de Dulce
ressurgiu ou foi reaproveitada por um sujeito mentalmente instável chamado Phil
Schneider que, por um tempo, se tornou uma estrela no circuito patriota de
palestras de ufologia, basicamente repetindo a história de Tom Castello com ele
mesmo inserido no papel heróico de Castello, incluindo a parte de atirar nos
alienígenas covardes.
Parece haver muitos temas comuns entre cada uma dessas
histórias, como Dulce, Área 51, SERPO e eventos em torno de Paul Bennewitz. Por
favor, compartilhe o que pensa sobre isso.
Eu também acrescentaria Roswell e os documentos MJ-12 a
essa mistura, e o mesmo elenco recorrente de personagens que promoveram essas
histórias que são apresentadas em meu livro, entre eles John Lear, Tal
Levesque, Richard Doty, Bill Moore e um punhado de outros que formaram esse
nexo de "influenciadores". Bill Moore mais tarde negaria muitas
dessas afirmações e, ostensivamente, se retiraria desse nexo de personagens,
que ele disse estar promovendo histórias falsas que acabaram deixando Paul
Bennewitz maluco.
John Lear, que reconhecidamente tinha ligações com a
comunidade de inteligência, era um ávido promotor dos documentos MJ-12,
enquanto, ao mesmo tempo, em meados dos anos 80, vazava informações para a
mídia sobre um programa secreto de testes de aeronaves furtivas na Área 51. O
espectro da tecnologia furtiva estava para sempre à espreita nas bordas dessas
grandes histórias relacionadas à Base de Dulce, Kirtland e à Área 51, parte do
que parecia ser um esforço para moldar a narrativa geral e turvar as águas
sobre o que realmente estava acontecendo nessas áreas de teste militar.
Quanto a SERPO, Richard Doty teve um grande papel na
disseminação dessa história, desde quando ele apareceu como “Falcon” em rede
nacional, em 1988, no especial chamado “UFO Cover-up Live!”. De acordo
com Doty (Falcon), o governo dos EUA havia participado de um programa de
intercâmbio, com os alienígenas basicamente dando aos nossos astronautas as
chaves de um de seus discos e fazendo-os viajar para seu planeta, enquanto, em
troca, os alienígenas ficariam na Terra por vários anos, compartilhando sua
vasta sabedoria intergaláctica com os terráqueos, que era fundamentalmente a
mesma história de SERPO.
O que você diria aos ufólogos de primeira viagem que
tentam navegar nesses mares tempestuosos?
Bem, acho que as pessoas que mais precisam ouvir
provavelmente se importariam menos com o que eu tenho a dizer, mas se assim
fizerem, sugiro rever os anais da ufologia e examinar seu passado. Faça isso
antes de subir a bordo para caçar algum tubarão da ufologia, porque parece não
haver nada de novo sob o sol quando se trata de muitos desses temas recorrentes
que, continuamente, surgem na tradição ufológica.
A ufologia tem a tendência de
recapitular e reaproveitar muitas das mesmas histórias, ou elementos das mesmas
histórias, repetidamente. Um exemplo perfeito disso é a chamada foto de
Silverman, que apareceu pela primeira vez no jornal alemão Neue Illustrierte
em 1º de abril de 1950, com o título "Der Mars-Mensch", que
mostrava um sujeito de aparência estranha de um metro de altura, aparentemente
de Marte. Poucos dias depois, o Neue Illustrierte admitiu que a história
do marciano foi uma farsa do Dia da Mentira, mas isso não impediu que a foto se
espalhasse pela subcultura da ufologia nos anos que viriam.
O historiador de discos voadores Isaac Koi compilou uma
linha do tempo da foto de Silverman e das publicações nas quais ela apareceu. O
primeiro livro a apresentar essa foto foi “Flying Saucers from Outer Space”
[Discos Voadores do Espaço Sideral] (1953), do Major Donald Keyhoe, que não
mencionou a farsa Neue Illustrierte, mas afirmou que a foto retratava
agentes do governo americano escoltando um ET conhecido como "Homem de
Alumínio", que estava coberto com um traje espacial de alumínio que o
protegia dos raios cósmicos. Em “Space-Craft from Beyond Three Dimensions”
[Espaçonaves de Além da Terceira Dimensão] (1959), W. Gordon Allen afirmou que
a criatura na foto de Silverman rastejou para fora de um disco que caiu perto
da Cidade do México.
Mais recentemente, Harold Povenmire, em “UFO's and Alien
Abduction Phenomena: A Scientific Analysis” [OVNIs e o Fenômeno da Abdução
Alienígena: Uma Análise Científica] (2016), publicou uma versão colorida da
foto de Silverman promovendo-a como sendo real, embora a “análise científica”
que ele conduziu não esteja clara. Graças a Povenmire, esta nova iteração da
foto de Silverman logo começou a se espalhar pelas redes sociais, conforme uma
nova geração de crédulos clicava e compartilhava o conteúdo com paixão.
* * *
Tradução: Tunguska
Fonte:http://ufotrail.blogspot.com/2021/02/adam-gorightly-discusses-saucers-spooks.html